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Em crise financeira, clube tem contrato milionário com escritório de filha d

Desde o segundo semestre do ano passado, o Vasco conta com os serviços do escritório Sylvio Capanema de Souza Advogados Associados, o que custou, de saída, R$ 310 mil. O advogado que dá nome ao escritório é presidente do Conselho Deliberativo do Flamengo. Uma de suas sócias é Juliana Baptista Ribeiro de Almeida, filha do vice-presidente jurídico do Vasco, Nelson de Almeida.

O contraste com os valores pagos a outro escritório de advocacia com contrato em vigor com o clube existe. Marcelo Macêdo Advogados, que cuida de uma das causas mais onerosas para a diretoria de São Januário – o caso da ordem de despejo do centro de treinamento na Barra da Tijuca, antigo VascoBarra –, recebeu R$ 2,2 mil na assinatura e leva mais R$ 333 por ação. Para o escritório de Capanema tocar o imbróglio com a Habib‘s, o clube pagou R$ 300 mil.

Em caso de vitória ou derrota, os associados levam mais R$ 300 mil.

– Ele é um dos advogados, senão o melhor advogado cível do Rio de Janeiro. Não vejo nada demais em ele ser dirigente do Flamengo. Eu não confio em ninguém, mas confio nele – disse Nelson de Almeida.

No meio, Sylvio Capanema é conhecido como especialista em direito imobiliário. É um dos coautores da Lei da Locação, que rege todo o ramo. Mesmo assim, seu escritório não foi contratado para defender o Vasco na causa do CT. Por conta da dívida de R$ 13 milhões, referentes ao pagamento de aluguel e IPTU, o clube teve penhoradas pelo Tribunal de Justiça-RJ, no início da semana, a segunda parcela do patrocínio da Eletrobras – ainda a ser recebida – e as cotas de transmissão do Campeonato Brasileiro deste ano e de 2011. O Vasco ainda pode recorrer da decisão.

Por consulta sobre tema nacional, o escritório de Capanema recebe R$ 50 mil, além dos R$ 10 mil pagos mensalmente. Já o de Marcelo Macêdo inclui o mesmo serviço no pacote de R$ 2 mil mensais, sem adicionais.

Bate-bola com Nelson de Almeida

Você considera normal o Vasco ter um dirigente do Flamengo como advogado?
Eu não vejo problema algum porque ele é totalmente confiável. É pessoa mais do que íntima. É meu padrinho de casamento. Um grande amigo e um dos melhores do ramo.

Por que o escritório dele?
Ele é um dos melhores advogados de direito civil, já conseguiu inúmeras vitórias para o Vasco neste caso da Habib’s. Ela já era advogado do Vasco antes mesmo de se tornar dirigente do Flamengo. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Existiria o risco de vazamento de informações para o rival?
De forma alguma, o Sylvio é pessoa da mais completa confiança. Existe a ética entre o advogado e o cliente, acima de tudo. Ele já defendeu o Botafogo também.

Mas na época ele não era dirigente do Flamengo, era?
Não era, mas isso não tem importância, sinceramente. Se for assim, colocarei na porta do meu escritório que só aceito clientes vascaínos, nada mais.

A torcida pode ficar tranquila?
Claro que sim, sou vascaíno, estou nisso de coração e nunca faria algo que pudesse prejudicar o clube que eu torço.

Nepotismo só existe no funcionalismo público

O vice-jurídico do Vasco, Nelson de Almeida, afirmou que não há problema algum em contratar o escritório que ajudou a abrir depois que Sylvio Capanema se aposentou do cargo de desembargador e no qual sua filha é uma das associadas.

– Não há nepotismo neste caso. Isso só existe no funcionalismo público. O que existe é a confiança na competência deles – defendeu.

Consultado sobre o caso, Capanema também se mostrou tranquilo.

– Não posso recusar clientes. Não vejo nada demais em ser dirigente do Flamengo e advogar a favor do Vasco – argumentou Capanema.

Recentemente, outro casoenvolvendo parentes causou desconforto em São Januário. Alexandre, filho do presidente Roberto Dinamite, teve reunião há duas semanas com diretores do Banco Bonsucesso e assumiu o controle da negociação do patrocíniocoma empresa.As conversas estavam sendo guiadas por um intermediário em conjunto com o departamento de marketing do clube.

Simultaneamente, Dinamite vem conversando com a Eletrobras para fortalecer os laços com a estatal, que não paga os R$ 7 milhões da segunda parcela de patrocínio por não receber as certidões negativas de débito.

Procurado pelo LANCE!, Roberto Dinamite, não foi encontrado para comentar o caso.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)

Fonte: Jornal Lance