Em busca de clube, Amaral, ex-Vasco, fala de Romário e racismo

O volante Amaral se recupera de uma contratura muscular no São Paulo. Mas o jogador busca mais do que isso nesse seu retorno ao futebol brasileiro. Depois de um ano e meio atuando no Pogon, da Polônia, o jogador tenta também retomar a auto-estima após sofrer com o racismo no país europeu.

\"Passei por muitas dificuldades na Polônia por causa do racismo. Durante os jogos, a torcida costumava provocar os negros e atirar coisas no gramado. Mas na rua eu não tinha problema nenhum desse tipo\", contou o volante, que no Brasil teve seu melhor momento no Palmeiras, onde foi bicampeão paulista e brasileiro (92 e 93).

Em negociação com alguns clubes brasileiros (ele não revela os nomes), Amaral também tem histórias engraçadas para contar da sua passagem pela Polônia, o quinto país do exterior que ele jogou (antes fora para Itália, Portugal, Turquia e Qatar). A dificuldade com o idioma quase o expulsou de campo numa partida.

\"[rindo] Curva, lá na Polônia, é filho da p... Daí que gritei para um outro jogador brasileiro de lá: dá mais curva na bola. O juiz ouviu e queria me expulsar, me dar o cartão vermelho. A minha sorte é que um jogador que falava polonês explicou para ele e tudo ficou bem\", contou o ex-volante de Corinthians, Vasco e Atlético-MG.

Embora tenha vivido o melhor momento de sua carreira no Palmeiras, principalmente por causa dos títulos que conquistou, um dos acontecimentos mais marcantes na lembrança de Amaral vem do Corinthians - no clube do Parque São Jorge, o volante jogou de 1998 a 1999.

Em um jogo do time alvinegro contra o Flamengo, no estádio do Pacaembu, Amaral levou um drible desconcertante do atacante Romário, que em seguida marcou um belo gol. Até hoje, quando passam na televisão os melhores momentos do Baixinho, Amaral está lá levando aquele drible.

\"Sem dúvida foi um fato marcante na minha carreira e que eu não quero esquecer muito. Eu até brinquei com o Romário para que ele não fizesse o gol de número 1000 muito bonito, porque nada poderia ser mais bonito que aquele drible que ele me deu\", brincou o jogador, que concedeu entrevista antes do gol 1000.

Se por um lado Amaral comemora esse acontecimento \"negativo\" em sua carreira, por outro atrai certo abatimento quando fala de sua passagem por Vitória e Atlético-MG. Nesses dois clubes o jogador viveu o drama do rebaixamento.

\"No Vitória e no Atlético-MG eu fui contratado para ajudar o time a escapar do rebaixamento e não conseguimos mudar essa situação. Mas em todos os outros clubes que passei eu tive boas campanhas\", lembrou Amaral.

Além do bicampeonato paulista e brasileiro pelo Palmeiras, consta na lista de títulos do volante um torneio Rio-São Paulo e mais uma Paulista (96) pelo time alviverde, outro brasileiro, o de 98, pelo Corinthians, e um Estadual, em 99, no alvinegro.