Futebol

Em ano ruim para técnicos outrora em alta, Adilson tenta se reerguer

A gangorra dos técnicos nunca foi tão impiedosa. Não fez distinção entre currículos e vitimou treinadores consagrados como Abel Braga, Vanderlei Luxemburgo, Paulo Autuori e Mano Menezes. Dorival Júnior e Adílson Batista, que aceitaram a missão de tentar livrar Fluminense e Vasco do rebaixamento, a conhecem bem. Já estiveram em alta, mas hoje, em baixa, assistem à ascensão de nomes menos badalados e tentam salvar suas carreiras.

Embora a temporada ainda não tenha chegado ao fim, já é possível dizer que ela foi dos “sem grife”: o campeão brasileiro Marcelo Oliveira, Enderson Moreira e seu surpreendente Goiás, e Vagner Mancini e Jayme de Oliveira, que decidirão a partir desta semana a Copa do Brasil, única taça ainda sem dono.

Cuca, campeão da Libertadores, não pode ser considerado um desprestigiado, mas só conseguiu pôr fim às desconfianças em torno de si este ano. O mercado dos treinadores vive um momento de transição ou 2013 é apenas um ponto fora da curva?

- O campeonato foi muito padrasto. Com esse calendário atual, muitos técnicos, que nem sequer tiveram tempo de treinar suas equipes, foram injustiçados com a demissão - defende Alfredo Sampaio, secretário-geral da recém-criada Federação Brasileira dos Treinadores de Futebol.

Dorival não vai guardar boas recordações desta temporada. Visto como especialista em iniciar projetos e responsável por ter feito Neymar e Ganso despontarem, ele conseguiu, em 2013, ser demitido de Flamengo e Vasco, e topou assumir o Tricolor por cinco partidas. Uma reviravolta que não perdoa nem campeões brasileiros:

- Nosso país é de memória curta. Principalmente no futebol, em que esquece-se o seu trabalho. Não o torcedor, mas sim os dirigentes - lamenta Andrade, que em 2009 conduziu o Flamengo ao hexacampeonato e está desempregado há um ano e sete meses.

Números comprovam ascensão

Vanderlei Luxemburgo é o exemplo mais simbólico deste momento. Recordista de Brasileiros, ele seguiu o caminho de Dorival e colecionou duas demissões no ano:

- Foram demitidos Vanderlei, Abel, Muricy, Paulo Autuori, Mano. Estão errados os técnicos ou os conceitos é que estão equivocados? - questionou no programa “Bem Amigos”, do Sportv.

Mas os números batem de frente com a crítica de Luxemburgo. Entre os que sobem na gangorra, o técnico com menor aproveitamento de pontos no ano é Cuca (59,89%) — Marcelo Oliveira, no topo, ostenta 79,66%. Já Luxa conquistou 45,97%, somando as passagens por Grêmio e Fluminense — Paulo Autuori fez pior: 32,14%. Para quem é responsável pela formação dos novos técnicos, os “sem grife” não devem voltar a ser coadjuvantes.

- A gente consegue perceber que eles estão estudando o futebol e têm sensibilidade para lidar com pessoas — disse Maurício Marques, coordenador dos cursos de treinador da CBF. - Os mais experientes não estão perdendo espaço. Os mais novos é que estão ganhando. E isso é bom para o futebol.

Fonte: Extra Online