Futebol

Em 1960, Treze x Vasco serviu para exibir Jules Rimet ao povo paraibano

As equipes de Treze e Vasco jogam na noite desta quarta-feira pela segunda fase da Copa do Brasil, naquele que será o quinto jogo entre as duas equipes. Não é um histórico longo. E o Vasco jamais perdeu uma partida (foram três vitórias e um único empate). Mas é justamente o primeiro duelo entre as duas equipes, a única que terminou empatada (o placar foi de 1 a 1), que guarda um fato para lá de curioso sobre a história do futebol na Paraíba. O ano era 1960 e o jogo apenas um “amistoso festivo”. Mas que marcou a primeira e única vez que a Taça Jules Rimet (conquistada dois anos antes pela Seleção) visitou a cidade de Campina Grande.

O confronto foi realizado no dia 6 de novembro, numa época em que o Estádio Amigão, palco da partida desta noite, nem mesmo existia (o maior estádio da cidade na atualidade, pertencente ao Governo da Paraíba, só seria fundado em 1975, na gestão do governador Ernany Sátiro). A partida, assim, foi realizada no Estádio Presidente Vargas, de propriedade do Galo da Borborema.

Era o Vasco do zagueiro Bellini, o capitão da conquista da Copa do Mundo de 1958, disputada na Suécia. O amistoso, assim, tinha o objetivo de apresentar ao povo de Campina Grande o troféu que apenas em 1970 seria definitivamente conquistado pelo Brasil. E num tempo em que as excursões de clubes eram mais frequentes e o cuidado com a taça não era tão grande, Bellini levou com as próprias mãos a Jules Rimet ao estádio.

Entrou com ela no campo do Treze e ergueu a taça para que a torcida que lotava o estádio pudesse vê-la melhor, repetindo o gesto que tinha sido imortalizado em 1958, após a vitória final contra a Suécia, a seleção da casa naquele Mundial.

O jogo em Campina Grande foi disputado. O Vasco saiu na frente com Waldemar, ainda no primeiro tempo; mas na etapa final o Treze empatou com Ruivo. Melhor em campo no segundo tempo, inclusive, o Treze por pouco não saiu com a vitória, que só não veio porque a equipe da casa perdeu dois gols feitos.

Quem conta detalhes deste jogo é o professor Mário Vinícius Carneio Medeiros, autor do livro “Treze Futebol Clube: 80 anos de história”, que foi publicado em 2006. É ele quem destaca também uma curiosidade sobre aquele ano, ressaltando inclusive uma rivalidade com o Botafogo da Paraíba, o rival da capital João Pessoa.

- Em julho daquele mesmo ano, com a mesma formação, o Vasco goleou o Botafogo-PB por 6 a 2. Contra nós, as coisas foram bem mais difíceis – provoca.

Depois daquele dia, outros três jogos. Em 15 de novembro de 1975, feriado nacional, um outro amistoso, já no Amigão, vencido pelo Vasco por 3 a 0. E em 1983, no Campeonato Brasileiro daquele ano, os únicos dois jogos oficiais entre as duas equipes até então. Vitórias vascaínas por 2 a 0 (em Campina Grande) e por 5 a 2 (no Rio de Janeiro).

Nesta quarta-feira, mais um jogo oficial, desta vez pela Copa do Brasil. O Vasco se classifica, sem a necessidade de um segundo jogo, em caso de vitória por dois ou mais gols de diferença. Mas a equipe do Treze diz que entra em campo primeiro para garantir o jogo de volta e depois para tentar a classificação à terceira fase da competição nacional.

A diretoria do Treze, inclusive, não quis saber de superstição na hora de escolher o palco do jogo. Depois de uma ampla reforma, o Estádio Presidente Vargas (o palco daquele único jogo em que o Galo não saiu derrotado pelo Vasco), que passara quase uma década sem ser utilizado, finalmente voltou em 2013 a receber jogos oficiais.

E é lá onde desde então a equipe paraibana vem mandando todos os seus confrontos como mandante, seja no Campeonato Paraibano, na Copa do Brasil ou na Série C. Quebra esta escrita justamente contra o Vasco. Optou pelo Amigão visando uma maior renda e vai ter que quebrar a escrita de nunca ter “tirado pontos” do clube carioca no local.

Fonte: ge