Eliminação da Taça GB afeta os cofres do Vasco

O dano sofrido pelos grandes clubes cariocas eliminados precocemente da Taça Guanabara vai além do prejuízo técnico pela redução das chances de conquista do título carioca. A parte financeira foi tão afetada quanto o aspecto moral dos elencos desacreditados.

Flamengo, Vasco e Fluminense deixaram de arrecadar, no mínimo, R$ 100 mil, valor da premiação pela classificação às semifinais. Segundo cálculos dos dirigentes, a quantia poderia chegar a até aproximadamente R$ 650 mil líquidos, somando-se a premiação - quem for a final também receberá mais R$ 100 mil - com a estimativa de público pagante dos dois jogos decisivos do primeiro turno.

Com base na renda do Fla-Flu do dia 29 de janeiro, os dirigentes do Flamengo estimam que lucrariam, somente com bilheteria, cerca de R$ 440 mil com vendas de ingresso para semifinal e final da Taça Guanabara, caso o clube tivesse conseguido se classificar. Com um time B nas duas primeiras rodadas, os rubro-negros se viram praticamente sem chances de passar à segunda fase logo na estréia da equipe principal, que não passou de um empate em 2 a 2 com a Portuguesa, lanterna da competição, na Ilha do Governador.

- Não há dúvida de que, com o Flamengo nas finais, todos os ingressos dos dois jogos decisivos se esgotariam rapidamente. E nem precisava ser clássico. No ano passado o Maracanã estava cheio contra o Volta Redonda, por exemplo - afirmou Flávio Pereira, coordenador de arrecadação rubro-negro, referindo-se à semifinal do segundo turno da competição de 2005.

O cálculo do déficit de R$ 650 mil, o suficiente para pagar dois meses de salários dos rubro-negros Luizão, Ramírez e Renato, exclui o que os clubes ainda poderiam arrecadar com a venda de pacotes pay-per-view. A cota da TV aberta independe da classificação ou não das equipes para as fases decisivas, mas o dinheiro arrecadado via canal fechado é proporcional ao número de jogos exibidos: 35% da venda bruta de pacotes é destinada aos grandes clubes.

- Se formos somar tudo, premiação, renda de bilheteria, televisão, deixamos de receber algo entre R$ 700 e R$ 800 mil - calcula Marcelo Penha, assessor da presidência do Fluminense.

Para diminuir o prejuízo, o Flamengo fechou dois amistosos no Uruguai, um contra o Peñarol e outro contra o Nacional. Ambos foram vendidos para TVs brasileiras. Como os lucros ainda dependem da venda de placas de publicidade e do público total dos dois jogos, o clube ainda não sabe ao certo quanto irá receber pela viagem. Mas a expectativa é de que ao menos metade do que deixou de arrecadar na Taça Guanabara seja recuperada com as partidas da próxima semana, em Montevidéu.

- É claro que nosso objetivo era estar nas finais, brigar pelo título. Mas não deu. Agora, para quem não teria nada, qualquer coisa que entrar estará de bom tamanho. E o time ainda vai se preparar jogando - disse Flávio Pereira.

Se os clubes grandes lamentam o prejuízo da eliminação precoce, os pequenos comemoram os lucros da classificação. Os R$ 100 mil de prêmio pela vaga na semifinal representam aproximadamente o valor total da folha salarial do América e cerca do dobro dos gastos mensais do Cabofriense com seu departamento de futebol profissional. O clube de Cabo Frio recebe apoio da prefeitura local, mas o time do técnico Jorginho e do atacante Chris não possui equer um patrocinador para o uniforme.

A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) também tem parte de seus lucros reduzidos com o fracasso dos grandes na Taça Guanabara, já que a entidade faz parte da divisão do total arrecadado com a venda de pacotes e jogos avulsos pelo sistema pay-per-view.