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Eletrobrás lucra 4,5 vezes com retorno de mídia no Vasco

Governos estaduais, federal e prefeituras deram ao menos R$ 95 milhões a times de futebol profissional em 2011.

As informações foram obtidas pela Folha com governos, clubes e empresas públicas ou de economia mista controladas pelo Estado. Não foram computadas despesas com manutenção de estádios.

O valor repassado certamente é bem maior, pois não foram consultados todos os mais de 500 clubes do país nem todas as prefeituras que põem dinheiro no futebol.

Dentre todos os Estados, só no Paraná e em Roraima não foi encontrado repasse de dinheiro público a clubes.

O governo de Roraima, por exemplo, disse ser impedido por leis federais de dar dinheiro ao futebol profissional. Na maioria das contratos, times não precisam apresentar contrapartida social nem prestar contas do dinheiro. Modalidade comum de incentivo governamental são os programas de nota fiscal.

Através deles, o governo compra ingressos dos clubes, e o torcedor pode trocá-los por notas fiscais. Assim, Pernambuco repassou R$ 8,7 milhão em 2011 a suas equipes.

O governo afirma que o programa é benéfico porque teria aumentado a arrecadação tributária e permitiria ao torcedor pobre ver os jogos.

Outra modalidade de apoio estatal é a compra de cotas de publicidade: o governo repassa dinheiro aos times em troca da exposição da marca ou de engajamento em campanha publicitária específica.

A Eletrobras, estatal federal, dá R$ 14 milhões anuais ao Vasco sob a justificativa de aumentar o valor de sua marca. \"O retorno de mídia tem sido superior a 4,5 vezes o valor investido\", diz a empresa.

O mesmo argumento é usado em Santa Catarina, onde a Eletrosul pagou R$ 5,28 milhões a Avaí e Figueirense.

O Pará é o que tem o leque mais diversificado. Lá, o banco estadual patrocina o campeonato, a televisão pública compra os direitos de transmissão e a secretaria repassa verba aos times do interior.

O governo também pagou para um dos clubes, o Paysandu, mandar seus jogos no estádio público, que foi reformado, mas é pouco usado.

No Rio Grande do Norte, o governo deu R$ 1 milhão às equipes que se engajaram em ação de combate à dengue.

Em Alagoas, a Prefeitura de Arapiraca pagou R$ 1,2 milhão ao Asa, um azarão na Série B do Brasileiro. Duas divisões abaixo, o Volta Redonda-RJ recebeu R$ 1,5 milhão, mas só patinou na Série D.

As equipes menores dizem ser impossível viver sem o dinheiro do contribuinte. \"Sem o governo, o futebol daqui já teria acabado\", afirma Sidney Guilherme, diretor de administração do Nacional-AM.

Os amazonenses têm no governador o principal defensor. Além de doação direta, Omar Aziz (PSD) articulou apoio do Bradesco, que tem a conta de seus servidores.

Mas o campeão de recurso está no Sul. O contribuinte gaúcho pagou mais de R$ 33 milhões ao futebol em 2011.

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