Futebol

Edmundo: "Se não fosse aqui ou no Palmeiras, eu não ficaria"

Atacante abre o coração e diz que está de saco cheio da cobrança excessiva dos críticos. Animal está confirmado na partida de domingo

No vestiário, Edmundo brinca, sorri, "zoa" os companheiros e aproveita para jogar uma partidinha de damas com os funcionários da rouparia e companheiros de time. Tudo isso porque São Januário é considerada uma extensão de sua casa. No clube, o Animal se sente bem, passa um tempo próximo das pessoas que o incentivaram a continuar a carreira e só parar com o futebol em janeiro do ano que vem. A alegria de estar na Colina é tamanha que o camisa 10 fez uma revelação ao deixar o vestiário nesta sexta-feira.

- Se não fosse aqui ou no Palmeiras, eu não ficaria. Não é a primeira vez que peço para rescindir o contrato. Da primeira vez, vocês nem tomaram conhecimento. Todas as vezes que você acorda para ir ao treino, você precisa ter alegria para cumprir o seu contrato. Tem uma série de coisas que me fizeram permanecer - diz Edmundo, referindo-se aos pedidos dos companheiros, do técnico Antônio Lopes e de alguns funcionários do Vasco.

Na entrevista que concedeu nesta sexta-feira no clube, Edmundo foi bombardeado de questões sobre a sua aposentadoria, cobranças de pênalti e de seu retorno ao futebol após o anúncio da aposentadoria.

GLOBOESPORTE.COM: O técnico Antônio Lopes já definiu você como o cobrador de pênaltis do Vasco. Você está preparado para seguir cobrando os pênaltis?
EDMUNDO: Minha vida sempre foi assim, nunca fugi das responsabilidades. Se o treinador acha que eu devo bater, eu vou lá e bato.

Você teme ser cobrado pelos torcedores?
A torcida não me cobra, a torcida é maravilhosa comigo.

Você volta ao time motivado e o que te fez voltar atrás na sua aposentadoria?
São "n" fatores, mas o principal deles é o contrato. A gente tem que cumprir. E o presidente ainda me disse: "Tá bom, eu resolvo o seu problema, e eu como eu fico?". Foi uma série de coisas que me fizeram, não radicalmente, mudar de idéia. Mas não foi apenas o cumprimento do contrato que me fez ficar. Até porque dinheiro pouquinho eu tenho bastante. Igual ao que eu tenho aqui, tenho bastante. As pessoas me fizeram ficar. Tem o Euriquinho, o Lopes, o Toninho (Oliveira, preparador físico).

Você está alegre nesse seu retorno ao Vasco?
Alegre eu estou, mas acho injusto algumas coisas. O Zé Carlos também perdeu o pênalti, mas o que dizem por aí é que foi o Felipe que pegou. Nada contra o Zé Carlos, mas a cobrança em cima de mim é excessiva. É chato ficar o tempo todo de vitrine, tomando pedrada. Isso enche o saco.

E o jogo de damas? Seu novo hobby em São Januário...
Se a gente chega no vestiário e não cumprimenta as pessoas, vocês falam. Se eu chego aqui e jogo damas com o pessoal do vestiário, vocês falam também. Deve ser porque estou atrasando a saída de vocês (jornalistas). A gente joga depois do treino e isso é uma coisa positiva. Mas as coisas que acontecem no vestiário não devem ser abertas para vocês.

Você acha que o time do Vasco está evoluindo com o passar das rodadas do Campeonato Brasileiro?
O time está amadurecendo, tem uma média de idade baixa. A gente teve dificuldades no Estadual, engrenou na Copa do Brasil e começou muito bem o Brasileirão. Vamos ser provados toda hora. O time está evoluindo muito, mas ainda não é o ideal. O Lopes deu um padrão. No início, quando eu cheguei, o Lopes tinha dificuldade de escalar os 11 titulares. O Brasileiro é muito longo, ora você está lá embaixo, ora lá em cima. O jogo contra o Cruzeiro nos dá uma possibilidade, dependendo de outros resultados, de liderar o campeonato. É o fruto do trabalho do dia a dia.

Fonte: ge