Eder Luís relembra título da Copa do Brasil e destaca
Na última reportagem da série especial “Vasco do Brasil: 9 anos”, conversamos com Éder Luís, autor do gol que garantiu a conquista inédita do Gigante da Colina. O atacante empatou para o Cruz-Maltino, aos 12 minutos do segundo tempo, mas o Coritiba voltou a liderar o placar, 8 minutos depois, com Willian Farias.
Apesar da grande pressão, o vascaíno comemorou após o apito final, soltando o grito de campeão, alegria que completa na noite desta segunda-feira, 9 anos. Dos 20 gols marcados na campanha vascaína, aquele foi o segundo marcado por Éder Luís, que o classifica como o mais importante da carreira.
— Sem dúvida, não só é o mais importante, mas quando é de título, é diferente. Pode ser o mais simples, mas ele se torna o mais importante. Sem dúvida é o mais importante porque o Vasco vinha de um jejum muito grande de títulos. Então se torna um título muito mais importante.
Além do gol, Éder Luis também foi o responsável pela assistência para Alecsandro, que abriu o placar na decisão, que terminou em 3 a 2 para o Coritiba. Apesar do grande destaque, o atacante não se considera o herói do título. Para ele, o grande responsável pela conquista estava à beira do campo.
— Com toda sinceridade, pode ser muita humildade, mas vou pegar do mais velho que era o Felipe, e o mais novo, que era o Allan ou Romulo. Todos foram importantes. Quem estava lá, sabe do que eu estou falando. Não vencemos por acaso. A união era muito grande. A gente tinha prazer de estar no vestiário, de treinar, de jogar. Então quando se tem isso, não tem o individual, mas sim o grupo, mas principalmente, o Ricardo Gomes. Se for falar de uma estrela, um responsável por essa conquista, para mim, foi o Ricardo — disse Éder Luís, que ressaltou.
— No momento que ele chegou, vínhamos muito mal. Ele foi um cara muito inteligente, respeitador, que conseguiu unir o grupo de tal forma, que a gente conseguiu vencer jogos difíceis. Para mim, sem dúvida, a grande estrela foi o Ricardo Gomes. Ele foi o diferencial.
Tranquilidade, confiança…
Por ter vencido em São Januário por 1 a 0 – gol de Alecsandro em assistência de Allan – o Vasco chegou ao Couto Pereira com a vantagem do empate, podendo até perder por um gol de diferença, desde que marque na casa do adversário. O Cruz-Maltino abriu o placar com o próprio Alecgol – artilheiro da competição com 5 gols – mas o Coritiba virou ainda no primeiro tempo, aumentando ainda mais a pressão que seria a etapa final.
No vestiário vascaíno, em vez de preocupação por se tratar de uma final, toda serenidade de um comandante que sabia muito bem para onde iria conduzir a nau Cruz-Maltina. Palavras que acalmam e confortam foram fundamentais para o título do Vasco, como nos conta Éder Luís.
— Quando descemos para o vestiário com 2 a 1 contra nós, muitos treinadores poderiam ter perdido a cabeça e teriam colocado ainda mais pressão pelo tempo de jejum de títulos e tal. O Ricardo Gomes simplesmente pediu “calma”. A palavra dele foi “calma” e depois foi “não tem nada perdido”. Pronto. Chegamos no vestiário cansados, tensos, mas não preocupados. Pois quando ele disse, “calma, vamos vencer”, ali foi o diferencial, ninguém falou mais nada e voltamos para dentro de campo para sermos campeões.
… Emoção
Mesmo com toda a tranquilidade passada por Ricardo Gomes, a etapa final foi marcada por grandes emoções, principalmente para o torcedor vascaíno, que roeu as unhas desde o golaço de Willian Farias até o apito final de Sálvio Spínola, tempo que durou 29 minutos. Éder Luís comentou o nervosismo de Felipe e Diego Souza, que na ocasião, ao serem substituídos, não viram o jogo no banco de reservas.
— O Felipe e o Diego Souza, do lado de fora, não podem fazer mais nada. Então o nervosismo é normal e estávamos perto de uma conquista.Você imagina o que estava passando pela cabeça do Felipe. Estar marcando de novo o nome na história do Vasco. Ele é um dos personagens, que até hoje no futebol, é o diferente, tanto tecnicamente, como pessoa e vencedor. O Felipe tem todas essas características — revelou Éder, que também fez elogios ao Coritiba.
— Para quem está dentro e para quem está fora de campo, é totalmente diferente. Dentro você tenta controlar o que acontece. Realmente foi um jogo muito difícil. O Coritiba valorizou muito o nosso título, porque se eles tivessem vencido, seria também merecido. Eles tinham uma equipe muito qualificada, muito competente.
Tabelando com Éder Luís
Muitos consideram que o goleiro Edson Bastos “frangou” no seu gol na decisão da Copa do Brasil. O que você tem a dizer sobre isso?
— Ter sido frango, até hoje o pensamento é esse. Eu peguei bem na bola e para quem vê de trás, a bola toma uma direção e vai para outra. Eu acredito sim que ele se precipitou, mas a curva foi ao contrário. Realmente fica difícil até mesmo quando se recebe um passe e você sai para um outro lado. Não chega, o corpo está em outro movimento. Então a falha dele foi ter se precipitado. Foi um jogo que era para sermos campeões mesmo, porque realmente era uma bola que poderia ser defendida. O Coritiba acabou fazendo um gol, mas enfim. O título tinha que ser e foi nosso.
O Rodrigo Caetano destacou a classificação diante do Avaí como ponto-chave para o título. Você pensa da mesma forma?
— Realmente ali deu mais confiança para a equipe. A gente se comunicava sem se falar e isso foi sendo adquirido nos jogos. Contra o Avaí teve algumas declarações infelizes que nos fortaleceram no jogo na Ressacada. O jogo dentro de casa foi muito difícil, mas fomos para lá com o pensamento do que eles falaram e isso mexeu com o grupo de tão forma, que fomos para lá para fazer um grande jogo e se possível, fazer o maior número de gols. Se analisar, foi uma partida perfeita. Mostramos que queríamos ser campeão.
Após a sua última partida pelo Vasco, em 2017, no gramado de São Januário, você desabafou, demonstrando grande insatisfação com o técnico Milton Mendes por ter te utilizado como lateral em alguns treinos. Ficou alguma mágoa com o Vasco ou com ele?
— Para mim, o mais importante é a torcida. O clube se resume no torcedor. Eu fico feliz em retribuir o que o Vasco fez por mim e o torcedor tem um carinho por mim. O torcedor é eterno. Então eu não saí do clube com qualquer mágoa, apesar dos que estavam na época. Não me tiraram por conta da história que eu tinha. A verdade é essa. É triste porque ninguém espera passar pelo que eu passei. Mas o futebol segue, a vida segue. Confesso que não sei porque aconteceu, porque foram pessoas que eu jamais desrespeitei, seja com treino, indisciplina, nada. Enfim, são coisas que acontecem. A gente fica chateado, mas depois passa. Hoje quem está dando entrevista, falando de coisas grandes, sou eu e tem pessoas que não vão conseguir fazer isso. Eu fico feliz de ter marcado meu nome no Vasco e isso é o mais importante.
O Vasco é o clube com qual você se considera mais identificado?
— Quando se conquista algo e vivencia o clube, como eu vivi por 7 anos, isso marca. Mas eu também coloco os outros clubes que passei, como o Atlético-MG, que me revelou e me deu a oportunidade de poder vencer em outras equipes, como São Paulo, Benfica. Então é um clube que eu tenho um grande carinho. Mas o Vasco, sem dúvida, é o clube que quando falam do Éder Luís, é o Éder Luís do Vasco. Fico muito feliz por isso. Sem dúvido me identifico muito mais com o Vasco do que com os outros clubes.
O Vasco lhe deve algum dinheiro? Como você enxerga o momento que o clube está passando?
— A gente já resolveu todas as pendências. Sobre o momento difícil, a gente fica triste porque briga facilmente entre os quatros maiores clubes do país. Infelizmente existe uma pressão financeira muito grande. Isso acaba chegando nos jogadores e não é fácil.
Qual é o recado que você deixa para o torcedor vascaíno?
— Peço que o torcedor abrace os jogadores que estão lá. São eles que estão batalhando e lutando pelo clube, mas que também precisam do sustento da família. Fico na torcida e quem sabe eu volto para o Vascão. Não parei e se for da vontade de Deus uma volta para o clube, sem dúvida será um privilégio grande.
Fonte: Esporte News MundoMais lidas
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