Futebol

Douglas Luiz comenta mudança no posicionamento desde seu período no Vasco

Titular da seleção masculina de futebol, o volante Douglas Luiz afirmou que a estreia do Brasil nas Olimpíadas, com vitória por 4 a 2 sobre a Alemanha, superou as expectativas dos jogadores e da comissão técnica.

Porém, Douglas admitiu que a queda de rendimento da equipe na etapa final da partida e alertou contra eventuais vacilos.

– Eu estava muito confiante de que a gente conseguiria fazer um bom jogo na Alemanha. A gente até superou as expectativas da nossa comissão, nem nós jogadores esperávamos começar tão bem assim. Mas é uma competição curta, se der mole, pode nos custar muito. Estamos bem, focados, isso que é o importante – disse o volante, em entrevista coletiva.

O jogador de 23 anos, que defende o Aston Villa, da Inglaterra, também projetou o próximo jogo da Seleção. No domingo, às 5h30 (de Brasília), a equipe de André Jardine encara a Costa do Marfim. Caso vença, estará classificada para as quartas de final.

– Espero um jogo muito difícil. É um jogo chave, em que a gente já define quem vai se classificar, como vai ficar a tabela, como vai se desenhar. É um time que vai ser muito competitivo, do que a gente pôde acompanhar do primeiro jogo deles, deu pra ver que é um time que disputa muito a bola, tem qualidade. Vai ser um jogo difícil, mas a gente está preparado, já demonstrou no nosso primeiro jogo, ganhando da Alemanha por 4 a 2. Estamos bem, confiantes, é o mais importante.

Caso o Brasil se classifique para o mata-mata, enfrentará uma seleção do Grupo C, que conta com Austrália, Egito, Espanha e Argentina. Douglas, porém, não quer nem pensar nisso agora.

– Acho que a competição é muito qualificada. Vêm três jogadores acima da idade e tudo pode acontecer. A derrota da Argentina para a Austrália foi a que mais me chamou atenção na primeira rodada. Estamos aqui para fazer o nosso, não para observar o que está acontecendo do outro lado ou para escolher adversário, estamos aqui para conseguir o ouro, esse é o maior objetivo. Se a gente quer o ouro, não tem que escolher ou torcer para alguém ganhar ou perder. Nosso objetivo é estar preparado para vencer a seleção que vier – opinou o volante.

Confira abaixo outros trechos da entrevista de Douglas Luiz:

Lições da estreia

– A gente pega cada exemplo para poder ficar mais forte, poder se adaptar à competição. Temos um grande exemplo no nosso primeiro jogo. Fizemos 3 a 0, e a Alemanha, com um a menos, conseguiu fazer 3 a 2. Isso a gente tem que estar ligado, focado em cada detalhe do jogo, cada minuto, pois isso pode nos custar muito. A gente conversou sobre isso, é um grupo bom, inteligente, com atletas que jogam na Europa, o Dani que nos ajuda bastante, o Diego, o Santos... O grupo é muito bom e vai se fortalecer ainda mais na competição.

Momento da carreira

– É algo que não tenho nem palavras para descrever o momento que estou vivendo. A gente sabe que pessoas da comunidade têm poucas oportunidades, poucas pessoas acreditam, na TV aparece o lado ruim, mas pouco aparece o lado bom, das pessoas. Eu sirvo de exemplo para o pessoal que luta no dia a dia, merece oportunidade. Tem que acreditar em si mesmo para crescer na vida. Eu ficava vendo a competição, era um garoto apaixonado por futebol, via Olimpíadas, Copa do Mundo, foi algo que eu sempre almejei. Sempre acreditei em mim e uma família que acreditou em mim, isso foi ideal para realizar esse sonho. É continuar trabalhando porque o sonho só começou, fizemos nossa estreia muito bem. O que está por vir, está na nossa cabeça, o nosso desejo é muito maior do que isso.

Posicionamento

– É uma relação um pouco diferente entre a gente aqui e com o Tite, lá eu jogo em outra função, mais de resguardo do lateral, de cobrir a posição do Neymar. É um pouco diferente. Aqui o Jardine tem muita confiança em mim, no Bruno, tem o chute de fora da área, chegada, assistências, é um pouco mais livre. A gente tem a inteligência de saber quando um estiver acompanhando o ataque o outro fica mais na defesa. Me tornei mais defensivo do que ofensivo, diferente da época em que eu jogava no Vasco. Estou aqui para ajudar a equipe, com minhas características de marcação, e fortalecer o grupo. O bom é que o Bruno é um jogador muito inteligente e a gente está se dando muito bem.

Relaxamento na estreia

– É natural de um jogo em que você acaba fazendo três gols no primeiro tempo, tem a oportunidade de fazer quatro ou cinco, e chega no segundo tempo você acha que o jogo está definido e acaba esquecendo que do outro lado tem uma seleção qualificada, como a Alemanha. Foi o que aconteceu. Eu fiquei ali puxando o pé de um, de outro, no vestiário comentei que o jogo não estava ganho, professor Jardine também falou que o jogo não estava ganho. Mas a situação que a gente estava era tão boa, que acabamos relaxando, é algo natural, mas não podemos deixar acontecer porque é algo que pode nos prejudicar. Eles fizeram 3 a 2, poderiam até ter empatado, a gente foi lá com o Paulinho e conseguiu fazer o quarto. É algo que a gente tem que conversar, falamos no jogo, hoje não tivemos tempo de conversar, porque foi recuperação, mas é algo que temos que aprender para não passar esse sufoco.

Exemplo para os jovens

– É muito gratificante estar aqui, me sinto honrado, feliz de saber que um dia tive dificuldades e hoje consegui superar todas elas para estar aqui. Não posso dizer que cheguei no topo, porque almejo muito mais, mas estou num patamar em que me sinto muito honrado, as pessoas da minha comunidade se espelham em mim. São pessoas que têm pouca oportunidade, pouco espaço no mundo do esporte, a gente tem que trabalhar em dobro para conseguir. No passado, tiroteios não deixaram eu treinar, ir para jogo, e passar por tudo aquilo e estar hoje aqui é muito gratificante para mim, minha família e as pessoas que me acompanharam. Se tornar um atleta olímpico é uma sensação muito boa. Já disputei vários campeonatos, mas vestir a camisa da seleção é algo diferente, prazeroso. Quero mandar um abraço a todo mundo que me acompanha e, se puderem seguir a mesma trilha, sem deixar de correr atrás, é a mensagem que eu deixo.

Fonte: ge