Dorival Júnior: "Essa equipe ainda vai dar liga"
Declarações do treinador Dorival Júnior ao programa \"Só Dá Vasco\" da última 3ª-feira (07/07):
\"Primeiro, é o seguinte. O jogador não tem que se preocupar com reforços. Ele tem que se preocupar em atuar bem, para que não dê a possibilidade de você pensar em um reforço. Acho que isso é o principal. O atleta não tem que ficar preocupado. Como eu ouvia anteriormente, \"\"Vai chegar um jogador. Hoje eu ganho 1 e o cara ganha 10\"\". Excelente. Eu gostava quando acontecia isso dentro do Palmeiras, porque no contrato seguinte, com a vinda desse atleta, você, em vez de ganhar 2, poderia passar a ganhar 5, desde que também produzisse, já que o cara está ganhando 10. Essa era uma tônica dentro de um elenco de futebol. Hoje começaram a quebrar um pouco esse paradigma, de que um jogador não pode estar ganhando muito mais do que o outro. Não, pode sim. Se ele tem competência, qualidade, já mostrou, tem um histórico, ele tem que ganhar mais do que o outro. Os outros têm que correrem atrás e ajudarem o elenco a se fortalecer, a crescer, a melhorar, para que ele, individualmente, possa amanhã pleitear alguma coisa.\"
\"O segundo ponto é isso. \"\"Não vai vir reforço\"\". Eu nunca escondo de jogador. Eu jogo bem à beça. \"\"Vai vir, sim. Se vocês abrirem possibilidade, vai vir reforço\"\". Nós começamos a falar em reforços quando? Quando nós começamos a dar uma caída. Aí começou a se questionar todas as situações e posições. Por quê? Porque demos uma caída. É natural. É normal. Infelizmente, caímos por uma série de fatores. Ainda vamos ter alguns problemas nos próximos 10, 15 dias. Isso também não vou esconder da torcida. Não posso esconder. Nunca escondi nada. Sempre gostei de falar às claras todas as possibilidades que tive. Sempre procurei mostrar a realidade do nosso clube. Isso é um momento que nós estamos vivendo. Um momento delicado, indigesto para todos nós, mas que vai passar.\"
\"Trouxemos um jogador com essa característica de velocidade, o Robinho. Se deu muito bem. Nesse momento, perco o Rodrigo [Pimpão]. Quero ter uma opção no banco: o Pimpão, o Robinho, ou ter os dois jogando, para ter o Elton como uma segunda opção, ou o Edgar, ou o Alan [Kardec]. De repente, eu não consigo ter.\"
\"No momento que nós contratamos para fortalecer um pouco mais o grupo, começamos a perder muitos jogadores. Essas saídas foram naturais, de jogadores que não se adaptaram. Um jogador que eu tinha uma confiança muito grande, que, para mim, iria fazer um excelente Campeonato Carioca, e não deu certo: o Fernandinho. Em momento nenhum ele mostrou 20, 30% do que eu já vi ele atuar, jogar. E não foi em apenas um ano, não. Eu acompanho o Fernandinho por três, quatro anos. Acabou não dando certo. De repente, nós trazemos um jogador que não é tão acreditado e acaba vingando, acertando. Esse é um risco. O jogador não tem certificado de garantia, infelizmente. Essa é uma realidade, e você tem que conviver.\"
\"A montagem, no primeiro momento, você quantifica. No segundo, você qualifica. Logicamente que dentro das condições do seu clube. Eu não posso fazer uma extravagância. Nós temos uma limitação ali dentro. Todos nós sabemos disso. Nós estamos convivendo em um ano muito difícil para o Vasco. O Vasco está começando a ter algumas receitas esse mês. Passou janeiro, fevereiro, março, abril, maio sem ter receita nenhuma. Isso, nós temos que tirar o chapéu à diretoria, porque foi muito digna. Se teve atraso e problemas, eu concordo que teve. Me prometeram uma situação e não cumpriram. Nem por isso eu fico aqui jogando e justificando qualquer resultado em cima dessa condição. Mas acabou acontecendo. Isso me tira um pouco da força, da credibilidade perante ao elenco. Só que eles também souberam entender tudo isso, porque no primeiro dia, quando nós pedimos a eles que o que o tinha sido solicitado à diretoria seria isso, isso e isso, para que a partir do mês que vem tivéssemos uma condição especial, os jogadores pudessem ter tranquilidade, os funcionários estariam todos eles...
\"Mas acabaram acontecendo fatos que nós não esperávamos. Infelizmente, tivemos muitos problemas. Acho que as coisas agora começam a clarear um pouco mais. Só que começam a clarear no momento em que a equipe não esteja respondendo à altura. Isso é uma responsabilidade enorme. Por isso é que eu digo que um ou outro atleta caiu de condição, perdemos muitos jogadores; por um erro ou outro, três, quatro jogos com um a menos. Só que tudo isso, a responsabilidade é minha. Eu não fujo a essa condição, em momento nenhum. A responsabilidade do todo e do resultado é do treinador. Só que eu também sei e tenho convicção que as coisas vão começar a caminhar a partir do instante em que nós estabelecermos ou restabelecermos todo o grupo, tivermos novamente todo o plantel em condições de estarem brigando entre eles por posições, que tenhamos a possibilidade da escolha de um ou de outro nome. A partir desse instante, eu não tenho receio em afirmar: o Vasco vai voltar a ser a grande equipe que se mostrou ou mostrava-se ser antes do início da competição. Hoje é o Guarani, o Brasiliense, o Atlético de Goiás, clubes esses que a gente já alertava: \"\"Prestem atenção no Brasiliense, porque não vai ser fácil. O Atlético de Goiás, nós vamos ter dificuldades\"\". Clubes que vão, com certeza, brigar por um vaga. Está voltando a ser muito forte [o Brasiliense], a Ponte Preta e algumas outras equipes, que estão ainda se ajustando. O Vasco está nesse processo. Deu uma caída, mas, se Deus quiser, está dando um passo atrás para, em determinado momento, buscar um salto ali na frente. Confio muito no trabalho que está sendo desenvolvido. Sei que é um momento que nós estamos passando, desconfortável em todos os aspectos, mas essa equipe ainda vai dar liga. Vai voltar a ser a mesma equipe vibrante, guerreira, que fazia com que as coisas acontecessem de uma maneira bem mais natural do que nesse instante.\"