Doping: Produtos manipulados não são recomendados aos atletas
Com a propagação dos suplementos vitamínicos no esporte, o risco de contaminação por substâncias proibidas na manipulação destes produtos se tornou constante. Dois casos de doping recentes envolvendo estrelas do futebol (Carlos Alberto, do Vasco; e Deco, do Fluminense) jogaram luz sobre o tema. Em ambos, os jogadores acusam as farmácias de terem falhado. Comprovada ou não a acusação, os fatos por si só já ligam o alerta de especialistas em medicina esportiva, categóricos em dizer que estas cápsulas trazem mais prejuízos do que benefícios.
Um atleta bem alimentado e com a alimentação acompanhada por um nutricionista já é suficiente. Minha experiência médica me faz crer que o único resultado prático destas pílulas é dar estímulo psicológico aos esportistas afirmou Eduardo De Rose, responsável pelo programa antidoping do Comitê Olímpico Brasileiro.
Tanto o COB quanto a CBF recomendam aos atletas que não façam uso de suplementos ou remédios manipulados. E, caso, consumam, que ao menos comprem de laboratórios brasileiros, que são submetidos às normas sanitárias nacionais.
Isso é hipocrisia. É se fechar para realidade de que todos os clubes usam estes produtos questionou o advogado Carlos Portinho, especializado em direito esportivo e com experiência na Corte Arbitral do Esporte (CAS/TAS), crítico da forma como as farmácias de manipulação são pouco fiscalizadas: Pela reincidência de casos como esses, fica claro que há falhas gravíssimas na fiscalização que a vigilância sanitária faz sobre as farmácias de manipulação.
Não basta só dizer, é preciso provar a manipulação
Fernando Soléra, Chefe do departamento de controle de doping da CBF
- Os suplementos são benéficos ou são vilões do esporte?
Vitaminas são extremamente necessárias. Mas tanto atletas quanto as demais pessoas devem ter suplementação vitamínica desde que possam adquiri-la com segurança.
- Como você vê, então, o fato de muitos casos envolverem a contaminação de substâncias como estas?
A questão da contaminação na manipulação é perigosa. Não basta só dizer, é preciso provar que houve. E se você acompanhar os tribunais, vai ver que estão muito mais rigorosos.
- Quer dizer que os tribunais estão mais céticos em relação a isso?
Não. É que para a Fifa o que importa é que a responsabilidade pelo medicamento entrar na boca do atleta é dele mesmo. Se você observar, vai ver que nos casos mais recentes, com exceção do César Cielo, nenhum atleta foi absolvido.
- Então como o atleta pode se defender?
Eu recomendo que o atleta sempre guarde a nota fiscal do produto e um pote fechado do mesmo lote. Assim pode ser provado que houve a contaminação, e a pena, reduzida.
