Donizete relembra Libertadores de 98 e elogia Vasco atual
Ele tem grande identificação com o Botafogo, mas foi com a camisa do Vasco que Donizete conquistou o maior título de sua carreira. Com quatro gols na competição, dois deles marcados nas finais, o Pantera foi eleito o melhor jogador da decisão da Libertadores de 1998, conquistada pelo Gigante da Colina, e não se esquece daquela época. Muito menos o desafio que teve de substituir Edmundo, ídolo da torcida que acabara de se tornar o maior goleador da História de uma edição do Brasileiro e partira em busca de novos desafios para o futebol europeu. Nesta entrevista exclusiva realizada na Granja Comary, em Teresópolis, o ex-jogador fala com carinho do tempo que esteve em São Januário, confirma sua presença na Colina no jogo de hoje para torcer por Juninho e Felipe e diz qual é o seu próximo objetivo: ser treinador de futebol.
MARCA BRASIL: O que tem feito desde que pendurou as chuteiras?
Donizete: Desde que parei de jogar, em 2006, penso na possibilidade de me tornar técnico. Por isso, me inscrevi no Curso de Aperfeiçoamento para Treinadores da CBF. Minha principal meta hoje é essa. No entanto, quero começar devagar, comandando times nas divisões de base para pegar experiência. Só depois que estiver calejado pretendo trabalhar nos profissionais. Acredito que assim vou ter mais estrutura para seguir o meu caminho.
MB: Fale mais um pouco sobre esse curso.
D: O curso tem 30 alunos e carga horária de 460 horas. Não sou o único ex-jogador aqui. Tem o Fábio Luciano, o Paulo Isidoro e o Wellerson, goleiro do Fluminense na década de 90. Tem sido muito legal e até mesmo o Mano Menezes já veio dar uma aula para a gente.
MB:O que você lembra da época no Vasco?
D: Tenho uma lembrança magnífica daquela época. No Rio, só tinha atuado no Botafogo, onde fui campeão carioca e Brasileiro. Por isso, a proposta do Vasco me pegou de surpresa. Cheguei ao clube indicado pelo Edmundo, que havia sido o cara em 1997, acabado de se tornar o maior goleador do Brasileirão e se transferido para a Fiorentina. Minha responsabilidade era enorme. Mas, graças a Deus, o Vasco tinha um grupo excelente dentro e fora de campo. Eu, que cheguei para o lugar do Edmundo, e Luizão, que substituiu o Evair, outro que estava em excelente fase, nos encaixamos rapidamente. Por tudo isso, me orgulho de ter sido considerado o melhor jogador daquela Libertadores.
MB: Você falou que foi indicado pelo Edmundo. Como foi substituir o Animal em São Januário?
D: Confesso que no início foi complicado para mim. Senti demais a pressão de substituir o Edmundo no ano do centenário do clube. Me tremia todo, a barriga gemia antes dos jogos (risos). Uma sensação que jamais havia acontecido comigo. Não era fácil estar no lugar de um dos maiores ídolos do Vasco. Mas, desde o início, procurei corresponder às expectativas com muito empenho e dedicação durante os jogos e, assim, pude mostrar o meu valor. Me senti especial, pois foi um momento único na minha carreira. Fui campeão pelo Botafogo, no México, no Japão, pelo Corinthians, mas o título de maior expressão da minha carreira conquistei com a camisa do Vasco. E ainda marquei gols nas duas finais.
MB: O que você sente ao ver Juninho e Felipe, seus companheiros naquela época, noVasco de novo?
D: Vou fazer questão de ir ao estádio ver o jogo entre o Vasco e o Nacional, que é muito bom. E um dos principais motivos para eu ir a São Januário é poder ver Juninho e Felipe atuando juntos de novo. É muito legal ver um companheiro seu ainda em atividade atuando em alto nível. Se a parte física não é a mesma, sobra qualidade aos dois. Eles querem o bicampeonato e têm condições. Vai bater uma nostalgia bacana. Mas acredito que não serei o único do time de 1998 a torcer. Todos vão vibrar pelos dois e pelo Vasco.
MB: Na sua opinião, o Vasco é favorito este ano?
D: Acho que o Vasco tem totais condições de ser campeão da Libertadores. Estreia na competição como um dos favoritos. O clube se planejou antecipadamente, se estruturou e tem um grupo qualificado. Tem ótimos zagueiros, talvez a melhor dupla do futebol brasileiro no momento. Um lateral-direito que está voando, outro jogador pelo lado esquerdo que tem ido bem. O meio de campo com Eduardo Costa, Juninho, Felipe e Bernardo é fantástico e tem atacantes com faro de gol. Diego Souza está melhor atuando mais na frente e Alecsandro é artilheiro nato. Além do mais, o treinador já estipulou seu método de trabalhar e é muito querido. Por tudo isso, dá para chegar novamente. Nem mesmo o atraso nos salários deve atrapalhar, pois, nessa hora, a vontade de ser campeão fala mais alto.
MB:O que tem a dizer sobre o Alecsandro?
D: O Alecsandro é um atacante versátil, que tem muita presença de área. Particularmente, gosto muito do estilo dele. É um centroavante que sabe como poucos a arte de marcar gols, é experiente por já ter sido campeão da Libertadores pelo Internacional e poderá ajudar o Vasco agora. Em 1998, o time tinha a pantera em campo, agora torço para que tenha muitas caretas do Alecsandro nas comemorações (risos).
MB:O que foi determinante para o Vasco ganhar a Libertadoresem1998?
D: Quando lembro daquela Libertadores, penso na dificuldade que tivemos na primeira fase. Não começamos bem, perdemos os dois primeiros jogos e empatamos o terceiro. Só começamos a ganhar quando a situação já estava preta. A virada começou nos jogos de volta, e o primeiro adversário foi o Grêmio. Marquei um dos gols na vitória por 3 a 0. Acabamos nos classificando para a fase de mata-mata.
MB: Para você, qual foi o momento mais marcante naquela competição?
D: Dois momentos ficaram marcados para mim: o jogo contra o River Plate, com o gol do Juninho já no fim, e o segundo jogo da final. Tem uma história muito engraçada daquela decisão em Guaiaquil. Quando chegamos ao hotel, a gente tinha certeza de que não ia conseguir dormir nos quartos por causa dos torcedores do Barcelona, que ameaçavam o nosso time. Falei para o Juninho e para o Pedrinho que o jeito era ficar na cozinha, escondido. E lá ficamos por um tempo até o clima melhorar (risos).
MB:E o gol mais importante na competição?
D: Aquele primeiro gol contra o Barcelona de Guaiaquil, em São Januário, até hoje dá o que falar (risos). Pedrinho foi virar o jogo e ninguém acreditou que a bola ia passar pelo zagueiro. Quando dominei a bola, consegui ver os torcedores com as mãos na cabeça desesperados para eu não chutar a bola, pois estava livre e poderia avançar até dentro da área. Decidi a finalização de longe, mas sabia que seria perseguido para sempre se errasse (risos). Foi uma emoção grande na hora. Mas tudo deu certo. A bola foi no ângulo e todos comemoraram.
MB: Você ainda mantém contato com alguém daquele time?
D: Ainda consigo ter contato com muita gente.O grupo tinha o mesmo objetivo: ser campeão da Libertadores no ano do centenário do clube. Estou sempre como Mauro Galvão, com Luisinho, Odvan e Luizão. Ainda tenho contato também com o Pedrinho, com Carlos Germano, Felipe e Juninho. Sempre que a gente se reúne é uma festa. É bom para matar a saudade.
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