Dirigentes do Bota fazem duras críticas a Eurico e ameaçam processá-lo
Não dá mais. Foi a frase mais repetida na conversa com Bebeto de Freitas e Carlos Augusto Montenegro. No Botafogo, o primeiro é o presidente e o segundo colabora, sem cargo, com o clube, por causa de suas funções do Ibope.
A entrevista foi feita na sede do órgão, no Rio, pessoalmente com Montenegro e pelo viva-voz com Bebeto. O ataque tem dois alvos: Vasco e a Federação do Rio (Ferj) (mais especificamente a diretoria de ambos). Os dois prometem entrar hoje com denúncia no Ministério Público e Procon, além de ação contra Rubens Lopes e Eurico na Justiça. Montenegro ameaça: E se não houver justiça, recrutarei toda a torcida para cercar a Ferj. Só sairemos quando fizerem tudo direito.
FEDERAÇÕES TÊM DE ACABAR
Montenegro: É um entulho da ditadura. Você tem 27 federações hoje. Acre, Roraima, Amapá, todas com mais poder do que os clubes na CBF.
São 27 federações votando e 20 clubes, todos com voto unitário. Na Europa, os clubes são ligados diretamente à confederação nacional.
Federação é para gestão de futebol amador. Aí dizem o Brasil é muito grande. Então faz cinco. As funções de uma federação são: registro de atletas, tabela, regulamento e arbitragem. Então, o que a Ferj faz? Nada. Política, fica humilhando os outros, quem é amiguinho recebe a cota na frente, quem não é sofre e tem de pedir por favor. Quem não tem nada para fazer acaba fazendo besteira. Eles lá não têm nada para fazer.
SELETIVA E NOJO
Montenegro: Então inventaram a seletiva. Vamos ajudar aqui o Bangu do Rubinho, vamos passar de 12 para 16, aí alguém diz: mas o Bangu não tem time\", outro responde: mas o Madureira empresta. Isso é coisa de gente que não tem nada para fazer, desocupado.
Muita gente na época da intervenção perguntou porque eu não assumo a Ferj: porque tenho nojo. É um cabide de emprego, de politicagem.
Se eu um dia assumisse seria para implodir. Acho que não precisa de federação no Brasil, mas eu começaria acabando com a do Rio.
RETALIAÇÕES E FLUMINENSE
Bebeto: Todos sabem dos problemas, viram até brincadeira em arbitral. Há tratamentos diferenciados e ninguém pode falar nada. Se não tem condições de brigar, é prejudicado sumariamente. Imagine jogos sem apelo, sem pay-per-view. Há outro problema, caso específico do Fluminense, que em nenhum momento toma posição e sabe de tudo o que está acontecendo.
Montenegro: É lamentável a posição do Fluminense. Desde que passou da Série C para a Série A sem disputar a B, há gratidão eterna com o Eurico pois foram alçados com sua ajuda. Isso tem de acabar. É uma instituição muito grande para ficar a reboque do Eurico.
RETENÇÃO DE COTAS
Montenegro: No mesmo dia que a Globo entrega, o Vasco leva. No dia seguinte, o Flu e os pequenos levam. Em 20 ou 25 dias leva o Flamengo, e demora dois ou três meses para o Botafogo levar. Eu estive na Ferj no fim do ano para pedir por favor para liberarem nosso dinheiro. Então já é uma posição oficial do Botafogo, e do Flamengo também, acabou a brincadeira. O Botafogo não quer mais nenhum tipo de vínculo comercial com a Ferj. Aceito até que a emissora pague diretamente os 5% que cabem à Ferj. Porque se derem os 100% para o Botafogo a Ferj não vai receber.
INGRESSOS
Montenegro: Todos os clássicos anteriores seguiram uma ata, assinada por todos os clubes, que determina 50% dos ingressos para cada um.
Chegou no jogo entre Vasco e Botafogo, eles fizeram dois terços para o Vasco e um para o Botafogo. Perguntei o motivo. Tem de ter uma razão. Aí veio a coisa pior. Tinha uma razão. Fizeram 55 mil a R$ 15, dizendo que era meia-entrada e não era. Desrespeitaram a lei. E cinco mil ingressos a R$ 30. Qual era o critério? Nenhum. Vendiam ingresso de acordo com a cara do torcedor. Ou seja, tinha gente sentada lado a lado na arquibancada verde, uma que pagou R$ 15 e outra que pagou R$ 30. Se reclamassem na hora que dessem os R$ 30, davam troco de R$ 15. Do contrário, ficavam com os R$ 30 e eu não sei o que fizeram com os R$ 15. Estamos entrando no Procon, no MP e na Justiça. Eles têm de responder por isso. O Eurico e o Rubinho. Não tivemos controle sobre os ingressos. Não temos como saber se o que recebemos está correto. Com a torcida e o patrimônio do Botafogo eles não vão brincar. Temos vontade às vezes de colocar time de juniores, ou nem entrar em campo. Medo de punição não tenho. Porque a impunidade reina no futebol do Rio.