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Diretoria esclarece sobre matéria sobre Jaguaré, publicada no jornal "O Glob

No último dia 23, o jornal \"O Globo\" publicou uma matéria sobre o documentário \"Mário Filho, o criador das multidões\", de Oscar Maron Filho. Assinado pelo repórter Pedro Motta Gueiros, o texto diz que Jaguaré, goleiro campeão de 1929, teria sido, um dia, \"...barrado nos portões de São Januário por ser negro\". O vice-presidende de Relações Especializadas o Vasco, João Ernesto da Costa Ferreira, mandou um e-mail para o jornalista, fazendo os devidos esclarecimentos. Leia abaixo a íntegra da resposta.

Caro Pedro M. Gueiros,

Lamento informar que o nobre jornalista cometeu erro, de elevada magnitude, ao afirmar em sua matéria sobre o documentário de Oscar Maron Filho, \"Mário Filho, o criador das multidões\", que Jaguaré, goleiro do Vasco da Gama, campeão de 1929, fora \"...barrado na porta de São Januário por ser negro\".

Não creio que isso tenha sido dito por Mario Filho, testemunha ocular dos primeiros anos do futebol no Brasil.

Caso a afirmativa tenha partido de Maron Filho, sabe-se lá de onde tenha tirado, desqualifica seu produto, o documentário.

Entretanto, se a infeliz colocação teve como origem seu conhecimento sobre fatos que remontam ao final da chamada Belle Époque do futebol carioca, sugiro ao nobre jornalista que leia Mario Filho, isso mesmo, Mario Filho, in \"O Negro no Futebol Brasileiro\".

Lá terá oportunidade de ver o irmão de Nelson Rodrigues afirmar que \"...dois acontecimentos foram fundamentais para que o futebol fosse adotado pela sociedade brasileira, consolidando-se como esporte de massa:


- primeiro, a conquista pela Seleção Brasileira do Sulamericano de 1919, e

- segundo, a conquista pelo Vasco do Campeonato da Cidade do Rio de Janeiro, em 1923, pelo que trouxe de novo para aquela situação já estabelecida, com o rigor na preparação atlética e a inclusão jogadores negros, mulatos e brancos pobres, quebrando um paradigma de que ser campeão só com brancos.

Creio ter sido esclarecedor.

Seria extremamente saudável para com a boa prática jornalística e, mais do que isso, para o resgate da verdade histórica, que o O Globo corrigisse tão relevante erro. Conto com o seu empenho para tal.

Aproveito a oportunidade para convidá-lo a conhecer o trabalho que desenvolvemos em São Januário, a criação do Centro de Memória do Vasco. Será um prazer recebê-lo, oportunidade em que verá porque esse Clube tem uma história que a difere das dos demais grandes clubes brasileiros, história escrita também fora dos campos esportivos, caracterizada pela luta contra a discriminação social e racial.

Com um forte e vascaíno abraço,

João Ernesto da Costa Ferreira

Club de Regatas Vasco da Gama

Departamento de Relações Especializadas / Vice-presidente

Fonte: Site oficial do Vasco