Diretor vê Vasco forte no mercado e faz balanço
Richard, Marquinho, Clayton, Fredy Guarín e Felipe Ferreira. Esses foram os reforços do Vasco desde quando o Campeonato Brasileiro parou para a disputa da Copa América até sexta-feira passada, último dia do período de inscrições para o Brasileirão.
Com o elenco fechado, o departamento de futebol, encabeçado pelo diretor executivo André Mazzuco, já pensa em 2020. Isso passa por análises e balanços da atual temporada, além de entender onde o Vasco está, neste momento, no mercado.
- O Vasco é um clube muito grande. Não perdeu e não vai perder sua grandea. Para alguns atletas, a oportunidade de vestir a camisa do Vasco é muito grande. E isso passa pelo Vanderlei (Luxemburgo). É um treinador de ponta, que ajuda neste processo. O processo de contratação, é importante frisar, passa por muitas pessoas. Na verdade, temos uma engrenagem dentro do clube - disse André Mazzuco.
O diretor de futebol do Vasco recebeu o GloboEsporte.com no hotel em que a equipe costuma se concentrar para os jogos, nesta terça-feira, antes da viagem para Belo Horizonte. Em um papo de 38 minutos, dividiu méritos pelas contratações de Fredy Guarín e Felipe Ferreira, nas últimas horas da janela de inscrições, destacou o papel de Vanderlei Luxemburgo, explicou a não contratação de um centroavante e fez planos.
- Eu acho que de quinta para sexta ninguém dormiu, porque tinha toda a operação para fechar com o Guarín. Ele teve de juntar os documentos na Colômbia. E tinha um fator fundamental e eliminatório: a federação chinesa. Ficamos acordados para esperar a federação chinesa abrir, 1h30 da manhã (de Brasília). Às 4h30, a documentação apareceu no sistema, aí tivemos de esperar a CBF abrir. Basicamente, esse é o processo - explicou.
Para 2020, Mazzuco espera a continuidade do trabalho. Acredita que, só assim, o Vasco conseguirá ser mais forte para brigar por posições de cima no Campeonato Brasileiro e não se manter na parte de baixo da tabela, como em 2018 e 2019. Isso passa, na avaliação do diretor, pelo mapeamento de jogadores em séries inferiores do Brasileirão, por exemplo.
André Mazzuco, diretor executivo de futebol do Vasco — Foto: Felipe Schmidt
- A nossa intenção clara é dar sequência a esse trabalho e ver o que houve neste ano (de errado) para melhorar. Começar trabalhando para ter um time competitivo, buscar coisas melhores, continuar um trabalho, que é o que o Vanderlei tem feito. Isso tem sido bem importante. Facilita, porque há um envolvimento de toda a comissão técnica. Todos se envolvem nesse planejamento. Temos uma equipe de suporte, análise, que está sendo melhorada - completou.
Veja, abaixo, a entrevista exclusiva com André Mazzuco, diretor de futebol do Vasco:
- Acho que foi dentro das necessidades que detectamos, buscamos perfis. Sempre falamos de atletas que pudessem agregar ou estivessem dentro da realidade. Todo mundo sabe da situação do Vasco, não é fácil. Para alinhar esses fatores, de um atleta disponível, que queria vir e dentro daquilo que pode, não é um quebra-cabeça simples. Dentro deste período, cada contratação teve uma razão, um motivo.
A não contratação de um centroavante
- Fizemos um mapeamento grande, nos foram oferecidos vários nomes. Tivemos próximos de um acerto e que por alguma ou outra condição não aconteceu, fora o Anangonó, que era algo muito viável para nós. Tínhamos uma condição para contratar, mas houve a concorrência com a China. Sabíamos da dificuldade do mercado na posição. Mas o Vanderlei Luxemburgo foi muito feliz em mexer com o próprio elenco, fazer alguns testes. Por fim, acabamos retomando os atletas que estavam aqui. Ficamos felizes.
- O Richard é um cara que está sendo importantíssimo para nós. O Marquinho, por mais que não tenha uma sequencia, é um cara que nos ajuda dentro e fora de campo como pode. O Clayton já tem participado. Agora chegando o Felipe e o Guarín acreditamos que vamos dar uma encorpada na equipe para a reta final. No primeiro turno o Vasco fez praticamente um ponto nesses jogos. É uma sequência difícil.
A contratação de Guarín
- O Vanderlei teve um contato com ele, já falando sobre a possibilidade (de jogar no Vasco). O atleta tinha vontade de vir para o Rio, jogar no Brasil. É um jogador de renome. O Vanderlei foi muito feliz nesse papo com ele, explicando um pouco a situação do Vasco e apresentando o que podemos entregar: um ambiente legal e a possibilidade de vir ao Brasil.
- A partir do momento em que conseguimos fechar a operação, começou a correria para o registro. Trouxemos o atleta da Colômbia, fomos atrás da documentação. É um processo que demora. Temos pessoas capazes que nos ajudaram muito. Foi um trabalho excepcional do nosso departamento jurídico, de registro, médico...
- Tem até um episódio legal. O Guarín chegou e esqueceu um documento original. Tivemos de ir a São Paulo num intervalo de duas horas para fazer esse documento. Fizemos um contato com o consulado de São Paulo e deslocamos um funcionário para lá. Foi épico, coisa de cinema. Foi épico pela eficiência dos profissionais. É um conjunto de fatores. Passa pelo alinhamento do futebol. Tem a participação de todos para fazer isso acontecer.
- Teve boa base, bons momentos no Grêmio, destaque no Paulistão desse ano. Ele tem características interessantes. É um meia canhoto que faz o lado, gosta de pisar na área. É uma posição carente, um atleta mais versátil nesse sentido. O cara que faz de fora para dentro, mas também joga por dentro pisando na área. É uma forma de agregar o atleta ao grupo pensando no ano que vem. Vem com um bom custo benefício e sem o peso de ter vindo para resolver.
Onde o Vasco está e onde quer chegar
- Não está onde quero. O Vasco é um clube grande, que sabemos dos problemas, mas ao mesmo tempo é grande. Planejamento, organização, profissionais eficientes, atletas de qualidade. Precisamos fazer o clube vencer para ter níveis melhores. Queremos brigar lá em cima. O Vasco tem de ser assim, como o Vanderlei muito fala. Precisamos entrar no campeonato para brigar lá em cima.
- Ninguém contrata para errar. Infelizmente, todo ano vai acontecer a mesma coisa em todos os clubes. Vai ter atletas que não renderam o esperado, atletas que custam menos arrebentando. Toda mudança de clube, não significa que o atleta que se destacou lá vai bem aqui. Às vezes o cara não se ambienta, não está num bom momento. É normal do futebol. Fica fácil anaisar depois que a coisa aconteceu. Na hora de contratar às vezes não é um erro.
- Estamos muito insatisfeitos. Essa é a grande verdade. Nosso entendimento é que a culpa não é do VAR, é da arbitragem. O VAR é uma ferramenta que a arbitragem usa para minimizar os erros. Mas tem falta de critério, falta de qualidade para avaliar o lance. Fomos prejudicados contra o Corinthians. Tivemos uma palestra com o Gaciba, super legal da parte da CBF. O Gaciba é um cara muito bacana, mas a própria palestra discutiu o critério do impedimento. No jogo, aconteceu justamente o contrário do que foi discutido.
Fonte: ge