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Diretor fala sobre momento vivido pelo Futebol Feminino no Vasco


Elenco do Vasco campeão do Mundialito sub-17 em 2012


O Futebol Feminino é um dos esportes que mais conquistou títulos para o Vasco da Gama nos últimos tempos. A prova maior disso é que no ano passado as Meninas do sub-17 foram até Portugal, bateram o favorito Atlético de Madrid e conquistaram o primeiro título Mundial de um clube brasileiro. A atual temporada começou muito boa, porém após a eliminação na Copa do Brasil algumas mudanças ocorreram. Apoiado por uma empresa, o Botafogo tirou diversas jogadoras do clube de São Januário, dentre elas Brena Carolina e Gabrielly Soares, que estiveram na última Copa do Mundo sub-17.

A saída de algumas atletas obrigou o Vasco a fazer uma reformulação em seus elencos. As mudanças surtiram efeito e fizeram com que o Gigante da Colina chegasse muito bem para a Taça Cidade de Nova Iguaçu. Atualmente, o cruzmaltino lidera a competição sub-17 e está muito próximo de ultrapassar o Botafogo, que lidera a categoria adulta.

Na última segunda-feira (13/05), o Diretor do Futebol Feminino, Tadeu Correia, participou do programa \"Só dá Vasco\". Na oportunidade, o dirigente discorreu sobre assuntos referentes à modalidade e parabenizou os profissinais que hoje trabalham dentro do clube. O também vice-presidente infanto e juvenil do Vasco falou sobre o fato do Botafogo ter tirado algumas atletas importante do Gigante da Colina.

Confira a transcrição da entrevista:

Qual avaliação o senhor faz da participação do Vasco na Taça Cidade de Nova Iguaçu? Alguma novidade em relação a esse esporte?

\"O Vasco está disputando a Taça Cidade de Nova Iguaçu na categoria adulta, na categoria sub-17 e a nossa equipe sub-15 está disputando a competição sub-17 como Lusitânia. A equipe sub-15 no ano passado foi campeã desse campeonato sub-17. A equipe sub-15 do Vasco é muito boa. Colocamos a sub-15 para disputar pelo fato dela não ter campeonato. Essas três equipes estão indo bem, mas o nosso maior objetivo é ter uma quantidade maior de meninas e familiares frequentando o Vasco. O título é consequência do trabalho. Estamos preparando as equipes sub-17 e sub-15 para serem avaliadas pela CBF, que está sempre formando a Seleção Brasileira. Nós iremos disputar no meio do ano o Campeonato Carioca da categoria adulta. Atualmente nós temos essas três equipes em atividade. Nós vamos disputar em São Paulo um campeonato de futebol social. O futebol social só pode ser praticado por equipes não-federadas, equipes que possuem um trabalho social. O Lusitânia é a parte social do futebol feminino do Vasco. Ele já foi convidado para participara desse campeonato e possivelmente vai disputar de um campeonato de futebol social na Polônia. O lado social do futebol feminino do Vasco está começando a se estruturar. Nós descobrimos no Rio de Janeiro que o Team Chicago, uma equipe tradicional, também tem um trabalho social. Estamos vendo a possibilidade de fechar uma parceria com o Team Chicago. Essa parceria visa ampliar o lado social do futebol feminino do Vasco\".

No início do ano o Botafogo tirou algumas jogadoras do Vasco. O que o senhor poderia falar sobre esse assunto?

\"Eu gostaria de deixar bem claro que não é Botafogo. São as mesmas pessoas que usam a camisa do Botafogo hoje e que no ano passado usaram a camisa do Bangu. Em 2011 eles também usaram a camisa do Bangu, em 2010 a camisa do América e em 2009 a camisa do Flamengo. São pessoas que não são ligadas a clube. Gostaria de ressaltar que no Brasil hoje só tem um clube que possui futebol feminino e que os funcionários estão ligados ao clube. Esse time é o Vasco, que possui todas as categorias de base. O que aconteceu é que o Vasco atravessa uma situação financeira difícil e essas pessoas chegaram oferecendo algumas coisas para essas meninas. O nosso objetivo quando formamos essa estrutura era o de ajudar no sonho dessas meninas. Se o sonho delas é crescer fora do Vasco, nós participamos desse sonho ajudando elas. A única coisa que nós somos contra é a forma não profissional e anti-ética de comportamento dessas pessoas ligadas ao Botafogo. Eles não deveriam ter aliciado essas garotas, mas sim procurado o Vasco pedir e ver a possibilidade. Nós do futebol feminino do Vasco passamos para todos os profissionais que é proibido contratar qualquer menina de qualquer clube do Brasil. Qual o critério que nós usamos? Se a garota interessa e ela quer vir para o Vasco, ela vai falar com o dirigente do clube dela, o dirigente do clube dela vai entrar em contato com o Vasco e aí se resolve o problema. O futebol feminino é um esporte que ainda cresce muito pouco, pois a sociedade tem uma resistência muito grande. A par disso ainda vem algumas pessoas querendo tirar proveito de algumas situações. Eles tiveram uma atitude anti-ética e que acaba manchando mais ainda o perfil do futebol feminino. Mas isso faz parte da aprendizagem. Essas pessoas não fizeram isso porque são ruins não, fizeram porque não são do meio do futebol e não vislumbram algo mais do que aquela situação momentânea\".

Quem é o responsável pelo bom momento do futebol feminino do Vasco?

\"O bom momento do Vasco no futebol feminino é fruto dos profissionais que trabalham lá. O futebol feminino do Vasco, diferentemente de outros, não possui profissionais que vão lá dar um treino e depois vão embora. Os profissionais dão o treino, ficam para estudar, discutir e planejar. Nós temos no futebol feminino do Vasco um grupo de estudo que faz pesquisa na área de futebol feminino e que está começando a escrever alguns artigos sobre futebol feminino. Estamos procurando parceria com universidades para viabilizar isso de uma forma cabível e acadêmica. O Vasco na figura do presidente sempre apoio o futebol feminino, mas temos que dar os créditos para os outros profissionais que estão lá. Todos eles vestem a camisa, são responsáveis e querem dar algo mais pelo Vasco. Se você for toda quinta-feira de tarde em São Januário, vai encontrar todos eles reunidos e discutindo sobre assuntos relacionados ao futebol feminino\".

Vocês conseguiram patrocínio? Existem alguma novidade?

\"Nenhuma novidade. Nós não temos patrocínio desde o primeiro dia. Ainda não conseguimos patrocínio. Não sei como vai ficar essa situação, mas eu gostaria de pedir que podem ajudar que não tenham medo. Falo isso porque o trabalho do futebol feminino não é voltado só para o futebol, mas sim também para o social. Ele é voltado para o bem-estar daquelas crianças que estão ali e dos seus familiares também. Todo mundo sabe que a situação ideal é que cada esporte tenha seu próprio patrocínio e uma vida financeira independente do futebol. Não são os esportes que vivem às custas do futebol. O dinheiro gasto nesses esportes é muito pouco perto do futebol. Significa menos de um por cento dependendo do que o futebol consegue adquirir com um patrocínio master. Eu acho que a gente tem que inverter a situação. O futebol quando tira o pouquinho que entrar para esses esportes olímpicos, ele destroi o esporte olímpico. Se o dinheiro entra para o futebol e você tirar o mínimo para esses esportes, não vai fazer diferença nenhuma. É uma falácia muito grande as pessoas quererem colocar culpa nos esportes olímpicos pelo problema que o futebol passa. Isso não é só no Vasco, mas nos outros clubes também. Isso é muito bonito, é muito oportuno, mas eu pergunto: quem precisa conseguir o patrocínio? Não é o esporte. O esporte faz o esporte. Quem precisa conseguir o patrocínio é a área de marketing do Vasco. Se eu for criar uma área de marketing dentro do futebol feminino, eu vou criar um mini Vasco dentro do Vasco. A realidade não é essa. O Vasco precisa se modernizar nesse sentido. O tamanho do Vasco é muito grande para ele não ter hoje um escritório de projetos\".

O que o senhor poderia falar sobre o Mundialito conquistado pelas Meninas do Sub-17 em 2012?

\"Nós conseguimos ir para Portugal com a ajuda do Vasco, foi tudo custeado pelo Vasco. Chegamos em Portugal como mais um. Tinha uma equipe espanhola lá que se sentia melhor que a gente e nem olhava para a gente. Os outros países todos se comunicavam normalmente. Nós fomos para lá com uma estrutura mínima. Dentro da própria competição existiam equipes da Europa riquíssimas e com uma rede por trás apoiando. Apesar disso, conseguimos chegar às finais e os nossos três últimos jogos foram televisionados para a Europa inteira ao vivo. Quando nós passávamos na rua todo mundo conhecia o Vasco e a Marinha do Brasil. Naquela época ainda tínhamos uma parceria com a Marinha do Brasil. É bom dizer também que não foi a Marinha do Brasil que ajudou o Vasco, mas sim o contrário. Quem criou a equipe de futebol feminino da Marinha do Brasil, que é das Forças Armadas, foi o Vasco. O Vasco foi quem fez o projeto, que foi muito vencedor, pois foi campeão nos V Jogos Mundiais Militares. Nós não somos só campeões mundiais no sub-17, nós também fomos campeões mundiais em 2009 com esse time adulto Vasco-Marinha. Fomos campeões mundiais em 2010 na França e fomos campeões mundiais no V Jogos Mundiais Militares em São Januário. Era uma equipe do Vasco que representava o Vasco. Essa vitória do sub-17 foi muito boa, pois foi uma vitória em cima de uma equipe espanhola que joga com a mesma escola masculina, que atualmente é muito elogiada. Foi um jogo difícil e nós vencemos com um gol da Ana Clara. Mas a maior emoção foi ter sido procurado o tempo todo por várias pessoas e saber que todas elas conheciam o Vasco e a Marinha do Brasil. Lá ninguém conhecia a Eletrobrás. Nós divulgamos a Eletrobrás e não recebemos um tostão da Eletrobrás. Não sei se por força de contrato ou não, mas isso é um incoerência. Você divulga e não recebe nada. Isso acontece o tempo todo com os esportes olímpicos. A sensação foi muito boa, pois essas meninas cresceram muito. A ausência de patrocínio fez com que um terço dessas meninas que foram para Portugal e estão desde de pequenininha com a gente se transferissem para o Botafogo. Foram atrás de uma promessa e que possivelmente não terá um resultado com sucesso como esse. Isso é culpa de quem? Culpa nossa, culpa do Vasco. Temos que melhorar essa situação\".

Nova geração do Futebol Feminino do Vasco


Com informações do Programa Só Dá Vasco.

Por Carlos Gregório Junior

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Fonte: Blog do Carlos Gregório Júnior- SuperVasco.com