Direto da Alemanha, Paulinho relembra partida histórica contra o Atlético

Em 23 de julho de 2017, o Vasco da Gama entrou em campo para enfrentar o Atlético Mineiro na Arena Independência pelo Campeonato Brasileiro. O Cruzmaltino havia vencido apenas um dos últimos cinco jogos, porém engana-se quem pensa que o principal desafio era superar um momento de instabilidade dentro da principal competição nacional. Para voltar a sorrir, o Gigante da Colina precisava derrubar um tabu de 22 anos, tendo em vista que o último triunfo sobre o Galo em Belo Horizonte tinha sido conquistado na temporada de 1995.

Paulinho cumprimenta ídolo Robinho antes da bola rolar- Foto: Carlos Gregório Jr/Vasco.com.br

Antes da bola rolar, o favoritismo era todo do Atlético. Além de atuar em casa e ter a força de sua torcida como trunfo, o clube mineiro contava em sua equipe titular com Robinho e Fred, dois dos maiores atacantes do futebol brasileiro. O Almirante, por sua vez, apostava no talento dos garotos Mateus Vital, Paulo Vitor e Paulinho, promovidos ao profissional após exibições de destaque do sub-20. A baixa média de idade era vista por especialistas como um dificultador que poderia atrapalhar o rendimento vascaíno ao longo dos 90 minutos.

Quando o árbitro apitou o início do duelo, entretanto, o que se viu foi um Vasco corajoso, leve, ofensivo e ousado. Logo aos 13 minutos, Gigante mostrou que a pouca idade não seria um problema, mas sim uma importante arma no confronto. Depois de um passe açucarado de Escudero, Paulinho mostrou o cartão de visitas e abriu um placar tocando com categoria na saída de Giovanni. Naquele momento, aos 17 anos, o atacante se tornava o mais jovem a marcar pelo Cruzmaltino no Século 21 e o primeiro atleta nascido nos anos 2000 a balançar as redes no Brasileiro.

O tento anotado pelo clube de São Januário fez o time da casa acordar. Cinco minutos depois, Yago acertou um chutaço da intermediária e igualou o marcador para o Galo. O Atlético se empolgou, passou a impor seu jogo, mas não conseguiu vencer a retaguarda vascaína. O Cruzmaltino equilibrou o duelo nos minutos finais do primeiro tempo e criou duas boas oportunidades com Paulo Vitor e Mateus Vital. Os Meninos da Colina, porém, não conseguiram finalizar com perfeição e evitar que o jogo fosse para o intervalo empatado.

No segundo tempo, empurrado pelas arquibancadas, o Atlético voltou melhor e levou perigo para a meta defendida por Martín Silva. Aos 22 minutos, entretanto, os mineiros acabaram sendo punidos pela falta de eficiência. Guilherme Costa, que havia acabado de entrar no lugar de Escudero, puxou contra-ataque pela direita e tocou na medida para Paulinho. Demonstrando calma, o garoto limpou a marcação e finalizou sem chance para Giovanni, decretando assim o fim de um tabu que já durava 22 anos. Foram 13 jogos nesse período, com 10 vitórias do Galo e três empates.

Da Alemanha, onde se prepara com o Bayer Leverkusen para a rodada inaugural da Bundesliga, Paulinho concedeu entrevista exclusiva ao Site Oficial e relembrou a espetacular vitória obtida diante do Atlético Mineiro na Arena Independência. O talentoso jogador classificou a atuação contra o Galo como a melhor de sua jornada na equipe profissional do Gigante da Colina, revelando também alguns bastidores do dia histórico.

- Foi a partida onde dei o pontapé inicial na minha carreira profissional, então ficará para sempre marcada na minha cabeça. Eu vinha vivendo um momento muito bom na base e por isso acabei sendo chamado para treinar em cima. Acabou que a comissão técnica gostou do trabalho e deu um voto de confiança, não apenas para mim, mas também para outros atletas que estavam se destacando no sub-20. Tudo aconteceu muito rápido. Numa semana estava fazendo minha estreia, na outra já entrava como titular. Antes do jogo, sabíamos que o desafio seria grande, mas acreditávamos em nosso potencial - relembrou o garoto, acrescentando logo em seguida.

- Muita gente conversou conosco em São Januário para nos desejar sorte e passar confiança antes da viagem. Era a chance que esperávamos desde pequenos e não podíamos deixar ela passar de forma alguma. Foi minha estreia como titular e tudo deu certo, graças a Deus, consegui fazer uma partida excepcional. Foi um das mais importantes da minha vida. Estar aqui hoje relembrando faz um filme passar pela minha cabeça. Lembro de tudo que passei para chegar onde estou hoje. Jamais irei esquecer minha melhor atuação pelo Vasco, pois marquei dois gols e decidi o jogo dentro da casa do Atlético Mineiro, um equipe de tradição e que tinha um time muito forte - concluiu Paulinho.