Futebol

Dinamite: "A CBF não deve conhecer o presidente do Vasco"

O presidente do Vasco da Gama, Roberto Dinamite, evita comentários sobre sua polêmica ausência na festa de premiação do Campeonato Brasileiro nesta segunda-feira (5), mas deixa clara sua mágoa. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) culpou equívocos na entrega de convites para dirigentes. Dinamite prefere não apontar motivos: \"Não sou eu quem tem que encontrar (explicações), quem tem que encontrar é eles\".

Maior artilheiro da história do Brasileirão e do Vasco, atacante titular da seleção na Copa do Mundo de 1978 e deputado estadual, ele ironiza a falta de convite para a festa da CBF:

- De repente, eles não conhecem o presidente do Vasco, deve ser isso - afirmou para Terra Magazine.

Embora até se esquive da discussão, ele expõe sua crítica:

- Acho que politicamente isso não foi correto, o Vasco foi vice-campeão brasileiro.

Confira a entrevista.

A CBF entrou em contato com você para explicar por que não lhe convidou para a festa de premiação do Campeonato Brasileiro? Como ficou essa história?


Roberto Dinamite - Pra mim, é passado. Isso aí já acabou.

Você encontrou alguma explicação para isso?

Não sou eu quem tem que encontrar, quem tem que encontrar é eles. Não fui eu que fiz a festa, não fui eu que preparei os convidados... A CBF informa que foi uma empresa de São Paulo. De repente, eles não conhecem o presidente do Vasco, deve ser isso.

Mas ficou claro que você não engoliu essa história, né?

Eh... Premiação maior do futebol brasileiro. São 20 clubes. Todos têm o mesmo peso, o mesmo (valor de) voto. Acho que politicamente isso não foi correto, o Vasco foi vice-campeão brasileiro. Até as 19h (de domingo), poderia ser campeão. Não sei... Só externei pra eles minha posição. Independente de ser o presidente do Vasco, de ser o Vasco ou qualquer outro grande clube, ou qualquer um outro clube que tivesse sido vice-campeão. Se não houve o convite, (a CBF) achou que a festa estaria restrita ao campeão e à seleção do Campeonato Brasileiro. Os jogadores do Vasco foram convidados, foi o clube que teve mais jogadores na seleção do campeonato. Eles receberam convite e viajaram (segunda-feira) de manhã para São Paulo.

E existe premiação para o clube vice-campeão...

Sinceramente, não sei. Primeira vez que sou vice-campeão. Não posso afirmar.

E não informaram se haveria?
Não.

Você achou que não tinha sido convidado por que motivo? Por criticar o momento em que o presidente corintiano Andrés Sanchez foi anunciado como diretor de seleções da CBF? Por reclamar de arbitragens?

Mais uma vez, vou te dizer: não estou atribuindo a nada. Você tem que perguntar a quem organizou o evento. Não sei, de repente tem uma norma de que só seria (convidado) o campeão. Para a gente, não foi falado nada. Eu não posso ficar respondendo. Gostaria de ter ido, independente de ser vice-campeão. Na festa em homenagem ao campeão brasileiro, todos os clubes deveriam estar participando. Todo mundo jogou até o final. Até os que foram rebaixados.

Você criticou o momento da nomeação de Andrés Sanchez. Em seguida, Ronaldo, que é vinculado ao Corinthians, ainda se tornou membro do Comitê Organizador da Copa de 2014. Mano Menezes também saiu do Corinthians para ir à Seleção. Como avalia essas indicações todas?

Eu falei pro Sanchez que eu achava que não era momento, principalmente dentro da competição. Depois do campeonato, no final do ano, ou se ele sai da presidência e recebe o convite, acho legal. Agora, duas semanas antes da final da competição... Entendeu? Falei também que, se fosse o convite pra mim naquele momento, eu não aceitaria. Iria deixar passar o campeonato. Até em respeito aos outros.

Você acha que isso cria uma pressão sobre a arbitragem? Mostra que o Corinthians tem mais força na CBF?

Se tem força ou deixa de ter força, não quero acreditar nisso. Como presidente, acredito no trabalho. Agora, sinceramente, com todo respeito, não sou eu quem tem que ficar falando isso agora. Já externei minha opinião. Hoje o Corinthians é campeão, parabéns ao Corinthians. Não estou falando da instituição. Como também me posicionei como presidente do Vasco. Poderia ser o Joaquim, o Manuel, o Pedro. Não foi convidado.
Agora, mudanças, né? Esse ano, foi em São Paulo. Acho que é democrático. Cada ano, se possível, em cada Estado. Acho até legal.

O Vasco começou 2011 com sua pior campanha no Estadual e depois teve seu melhor ano em cerca de uma década. Como isso foi possível? Como é relembrar estes acontecimentos agora?

Acho que o que fica é o que você passou ao longo desse período. O Vasco chegou até a fase final (do segundo turno do Rio de Janeiro), foi mal nos primeiros jogos. Depois teve a melhor campanha nos últimos 10, 20 anos. O importante é ter forças para buscar o melhor, para superar o que você projetou e não deu certo. O Vasco termina o ano, sabendo que melhorou muito, que pode evoluir mais e, a cada dia, busca acertar mais. Futebol tem dois momentos: o da sua administração, o que você faz, aquilo que você dá condição, e aquilo que você conquista. Nem sempre vence o melhor. Acho que o trabalho está muito bom. Temos todas as condições de fazer um trabalho ainda melhor em 2012. É ter a humildade para acertar mais e buscar o que nos interessa. Ficou como referência que, trabalhando, a gente consegue colocar o nome do clube lá em cima. Mas só isso não basta, a gente tem que buscar títulos, que são a razão maior do torcedor.

E nisso o destaque é a Copa Libertadores da América...

Nossa meta é essa. Também. O Vasco não pode viver o ano só para jogar a Libertadores. Tem que se preparar para jogar 11 meses de competição. A Libertadores está dentro deste processo. Para chegar bem à Libertadores, precisamos, trabalhar, trabalhar, trabalhar, dar condições para

Fonte: Terra Magazine