Diferente dos anos anteriores, Vasco manteve técnico para 2011

Enquanto no Campeonato Brasileiro houve um festival de troca de treinadores, neste fim de ano o mercado de técnicos está estabilizado. Os principais clubes da Série A privilegiaram o atual comandante ao final do certame nacional e planejam os elencos para 2011.

O cenário é diferente do ano passado, quando, no Sul e no Sudeste, Internacional, Grêmio, Atlético-MG, Santos e Avaí mudaram de treinadores após o encerramento do Nacional. O Vasco, à época campeão da Série B, seguiu o mesmo caminho ao perder Dorival Júnior e contratar Vagner Mancini.

Agora, as equipes que iniciam janeiro sob novo comando em relação à última rodada do Brasileirão são o Santos e o Coritiba, este último campeão da Série B.

Na Vila Belmiro, Marcelo Martellote deixa de ser interino e volta a ser auxiliar. Mesmo assim, Adilson Batista não pode reclamar da falta de tempo para montar o elenco, já que foi contratado em novembro e conseguiu analisar a equipe nas últimas rodadas. No Coritiba, Ney Franco assumiu a seleção sub-20 e foi substituído por Marcelo Oliveira.

Das equipes nordestinas que vão disputar a primeira divisão no ano que vem, Bahia e Ceará adotaram estratégias diferentes. Mesmo obtendo êxito ao levar o time de Salvador de volta à elite, Márcio Araújo perdeu o emprego para Rogério Lourenço. No Ceará, o antigo interino Dimas Filgueiras evitou o rebaixamento e foi efetivado.

Cariocas

No Rio de Janeiro, Fluminense, Flamengo, Vasco e Botafogo seguraram Muricy Ramalho, Vanderlei Luxemburgo, Paulo Cesar Gusmão e Joel Santana, respectivamente.

\"Os clubes optaram por manter o trabalho dos técnicos que realizaram um bom ano. Por esse motivo, ainda não ocorreu uma rotatividade. Acredito que os clubes que apostaram em novos treinadores poderão realizar uma possível troca caso eles não consigam o resultado desejado nos Estaduais\", opinou André Silva, vice-presidente de futebol do Bota. A equipe da estrela solitária conseguiu renovar o vínculo de Joel Santana.

Paulistas

O ‘trio-de-ferro’ paulista manteve Tite, Luiz Felipe Scolari e Paulo César Carpegiani. Este último fez o São Paulo reagir na reta final do Brasileiro e inicia 2011 em alta. A ideia é manter a base e contratar quatro ou cinco reforços na equipe tricolor.

\"Vamos buscar jogadores que possam vir e solucionar o problema. Se é para compor o grupo, vamos usar o elenco da base. É preciso cautela para não saturar o elenco. Serão contratações cirúrgicas, e tem que casar com o lado financeiro\", apontou Carpegiani há um mês. Até agora, a diretoria não contratou ninguém e sofre para renovar o vínculo de Ricardo Oliveira.

Mineiros

Em Minas Gerias, o Cruzeiro vai para Libertadores com Cuca, vice-campeão brasileiro. Já Dorival Júnior salvou o Atlético-MG do rebaixamento e começa a ganhar reforços para a temporada seguinte.

\"Acho que isso é a grande vantagem que o Atlético leva e que nunca levou. Estamos iniciando um ano com treinador, com uma base de jogadores de qualidade. Então estamos começando o ano bem mais tranquilo que o ano passado\", salientou o presidente Alexandre Kalil. A última vez que o clube não trocou de técnico de um ano para o outro foi em 2007, quando Levir Culpi permaneceu.

\"A cultura no futebol brasileiro está começando a mudar. Acho que esse é o principal fator. Os dirigentes já identificaram que a permanência de treinadores resulta numa condição melhor de trabalho. Outro fator é que hoje temos poucos treinadores de ponta no Brasil, o que dificulta a troca de técnicos\", opinou Valdir Barbosa, gerente de futebol do Cruzeiro.

No Sul

A dupla de Porto Alegre iniciou 2010 com novos treinadores. Silas assumiu o Grêmio, após Paulo Autuori fracassar em 2009, enquanto o uruguaio Jorge Fossati foi contratado com o status de campeão da Libertadores pela LDU.

Ambos perderam o emprego no meio do ano. Renato Gaúcho foi contratado, tirou o time tricolor da zona do rebaixamento e o levou ao quarto lugar, com vaga garantida na Pré-Libertadores.

\"O Grêmio historicamente sempre valorizou o trabalho dos treinadores. Não temos histórico de trocar muitos treinadores. É uma posição importante. Quando se mantém um grupo, dá certo. Foi assim com o Felipão, com o Mano Menezes. Com continuidade, a coisa caminha bem. Neste ano, o Grêmio conseguiu se estruturar e o Renato é um ídolo do Grêmio\", ponderou o assessor de futebol César Cidade Dias.

No Inter, Celso Roth corre o risco de perder o emprego após o vexame no Mundial de Clubes - derrota para o Mazembe, do Congo, na semifinal. Abel Braga, campeão continental e mundial em 2006 é um nome especulado.

No Atlético-PR, assim como ocorreu durante a virada de 2009 para 2010, o treinador segue no cargo. Ano passado foi Antonio Lopes que contou com a confiança da diretoria. Agora é a vez de Sérgio Soares, que terminou o Brasileirão em sexto lugar e inicia 2011 na Arena da Baixada.

\"Os valores do mercado brasileiro estão proibitivos. Tem treinador preferindo trabalhar no Brasil, porque os salários estão compensando. O mercado está absolutamente inflacionado. Então, eu acho que o que está ocorrendo é que o mercado de treinadores no Brasil está se equiparando ao do exterior, por isso os técnicos estão preferindo ficar por aqui\", justificou o gerente de futebol Ocimar Bolicenho.

\"A inflação de salários está restringindo a escolha dos clubes. Tem treinador ganhando acima de 300 mil. Com estes, o Atlético não pode competir\", conclui o cartola.

Fonte: UOL Esportes