Desrespeito com deficientes físicos em Brasília
Dentro do estádio, Romário entrava em campo com a filha Ivy no colo. Daniel de Souza, vascaíno de 21 anos, esperava ver a cena. Mas, apesar de ter chegado uma hora e meia antes do início da partida, ele ainda aguardava algum funcionário da federação abrir o enorme portão vermelho destinado aos deficientes físicos.
Pela lei federal n.º 2051/92, todo deficiente físico tem entrada gratuita nos estádios de futebol junto com um acompanhante.
E Daniel não estava sozinho. Adelsi, de 35 anos, Jailton Andrade, de 43 anos, Pablo Paz, de 28, também apenas escutavam, do lado de fora, os gritos dos torcedores. Com a proximidade da partida, dezenas de deficientes físicos foram chegando e se aglomerando no local. Alguns policiais passavam, escutavam as reclamações, mas iam embora sem resolver a situação.
Lucimar Malaquias, de 51 anos, foi o primeiro a se irritar. Começou a socar o portão. Gritava. Pedia respeito, atenção. Mas ninguém aparecia.
- Isso é um absurdo. Parece que a gente não existe. E olha que esse jogo era para ter um lado social - disse.
A confusão estava formada. Alguns policiais voltaram a aparecer. Entraram em contato com a administração do estádio. Vários minutos depois, o portão foi, finalmente, aberto. Mas a partida já estava com 35 minutos do primeiro tempo. Segundo o capitão Motorroyma, houve um mal-entendido.
- Foi falta de comunicação. A admistração do estádio estava com outra entrada para os deficientes.
Mas, pela sinalização do estádio, os deficientes físicos estavam no portão certo. Destinado a eles, era o único com rampa para cadeiras de rodas. Além disso, foram necessárias mais de duas horas para que alguém percebesse o problema. Procurada pela reportagem do GLOBOESPORTE.COM, a administração do estádio Mané Garrincha não se pronunciou sobre o caso.