Futebol

Dedé comenta retorno a São Januário

De Volta Redonda (RJ) para a capital carioca, onde deixou - e muito - o nome marcado em território vascaíno. Do Rio de Janeiro para Belo Horizonte, onde fez história com a camisa azul celeste do Cruzeiro. Bicampeão brasileiro, zagueiro artilheiro. "Mito" no Rio, "mito" em Minas Gerais. A trajetória de Dedé, considerado ídolo por boa parte dos torcedores de Vasco e Cruzeiro - mas não por ele próprio -, terá um novo capítulo nesta quarta-feira. Será a primeira vez dele atuando contra o cruzmaltino em São Januário.

- Estou com uma expectativa boa de fazer um bom jogo, de tentar ajudar o Cruzeiro da forma que sempre ajudei. Fiz grandes amigos ali (no Vasco), foi um clube que me projetou, mas hoje eu estou muito focado no nosso objetivo. Sei que muitos torcedores têm um carinho por mim, por tudo que fiz pelo Vasco. É recíproco, por tudo que fizeram por mim. Mas hoje estou em um novo clube, tenho que pensar em fazer o melhor para o meu clube. É meu grande objetivo: sair de lá com a vitória.

A mudança aconteceu em 2013, quando Dedé completava quatro anos de Vasco. No Cruzeiro, já são cinco anos de muita intensidade, altos, baixos, alegrias e tristezas. Títulos foram muitos, mas dividiram espaço com recorrentes lesões graves no joelho. Os problemas físicos parecem ter ficado para trás, a titularidade é novamente uma realidade e o rendimento melhora a cada jogo. Se ele se arrepende de trocar de clube? Muito pelo contrário.

- Eu fui muito feliz pela minha escolha de ter vindo para o Cruzeiro. Sou grato ao Vasco, sempre fui, mas fui muito feliz de ter escolhido um grande clube como o Cruzeiro. Cresci muito como pessoa, como atleta. Tive grandes conquistas aqui. A gente tem as coisas marcadas junto com o Vasco, grandes jogos. Ainda não tive a oportunidade de jogar em São Januário com a camisa do Cruzeiro. Espero fazer bem.

Os números são interessantes, e a regularidade no Vasco foi maior. Disputou 160 jogos, marcou 19 gols. Conquistou a Série B em 2009 e a Copa do Brasil, em 2011. No Cruzeiro, levantou mais taças, mas jogou menos. Foi bicampeão brasileiro (2013 e 2014), bicampeão mineiro (2014 e 2018) e voltou a vencer a Copa do Brasil (2017). São, até aqui, 109 jogos e nove gols com a camisa celeste.

E se fizer gol?

O destino preservou a possibilidade de o 10º gol de Dedé pelo Cruzeiro sair, justamente, contra o Vasco, em São Januário. A bola rola às 21h45 (de Brasília) para o jogo decisivo pelo Grupo 5 da Libertadores. A Raposa, se vencer, pode sair de campo virtualmente classificada às oitavas de final. Para o Vasco, não há alternativas: precisa vencer para manter viva a chance de classificação. E se Dedé marcar? E se for justamente ele o algoz do ex-clube, o responsável pelo fim do sonho vascaíno? Ele garante: vai comemorar.

- Estou representando um clube que me deu um sustento grandíssimo, não só financeiramente, não só como atleta, mas também como pessoa, por tudo que passei, por lesão. Tenho que valorizar demais isso. Respeito sempre vai ter pelo Vasco, por tudo que passei. Mas se Deus quiser e se eu tiver a oportunidade de fazer um gol, vou comemorar com meus companheiros de equipe, com meu clube. Vou vibrar com isso, porque vai ser uma vitória para a gente, e eu não vou estar desrespeitando o Vasco jamais.

Sobre a relação com o torcedor, Dedé não sabe o que vai encontrar em São Januário. O torcedor vascaíno pode receber o zagueiro com aplausos e homenagens, como também pode recebê-lo com vaias e provocações. Ele garante que está preparado para as duas opções.

- Não sei te explicar. Espero ter a nossa torcida, do Cruzeiro, a favor da gente, que é importante demais, e ter o apoio deles até o final. Em relação à torcida do Vasco, a gente tem um carinho recíproco por tudo que foi feito, mas já são cinco anos que eu saí do Vasco. Tenho lembranças boas que tive pelo clube, e eles têm por tudo que eu fiz. O que acontecer lá, vou saber lidar.

Inspiração

Pelo Vasco, Dedé atuou 62 vezes em São Januário. O retrospecto é excelente. Venceu 40 partidas, empatou 15 e perdeu apenas sete. Ele guarda alguns jogos com muito carinho na memória.

- Tiveram grandes jogos. O jogo contra o Universitario foi um jogo marcante para o torcedor e para mim. Tomara que, pelo Cruzeiro, eu consiga fazer mais um grande jogo (em São Januário). Para a gente é importante demais.

O jogo citado por Dedé foi válido pelas quartas de final da Sul-Americana 2011. O Vasco derrotou o Universitario, do Peru, por 5 a 2, e Dedé teve uma noite de "mito". Naquela noite, fez dois gols e deu uma assistência (veja no vídeo acima).

Além dessa partida, Dedé elegeu outros dois jogos para completar a lista de três partidas memoráveis em São Januário. O primeiro é Vasco e Santos, em 2011, quando o zagueiro foi importantíssimo para anular Neymar - e ainda deixar o gol dele - na vitória vascaína por 2 a 0. O segundo é Vasco e Coritiba, na final da Copa do Brasil 2011. A vitória cruzmaltina por 1 a 0 foi um grande passo para o título, que foi confirmado após derrota por 3 a 2 no Paraná.

Excelentes lembranças não faltam. É bem provável que passe um filme na cabeça de Dedé quando entrar em São Januário na noite desta quarta-feira. No peito, hoje, ao invés da Cruz de Malta, as cinco estrelas do Cruzeiro. Uma nova chance para fazer história e para seguir desenhando uma grande trajetória daquele que, sem dúvida, já é, no mínimo, um "pretendente" a ídolo. Ídolo ainda não. É o que ele garante.

- Ainda não me considero ídolo no futebol. Acho que estou fazendo uma caminhada boa. Acho que um ídolo tem que fazer mais ainda do que eu fiz. Acho que tenho muito para fazer ainda para o Cruzeiro, para me tornar um ídolo. Tenho uma história bonita pelos dois clubes, mas ídolo eu ainda não me considero.

Fonte: ge