Decisão do futsal sub-9 pode acabar na justiça
Após um empate por 1 a 1 no primeiro jogo, Vasco e Flamengo fazem às 9h deste sábado (07/07), no Grajaú Country, a finalíssima do Campeonato Carioca Sub-09. A competição, porém, pode acabar no tapetão. O Fluminense, derrotado pelo Flamengo na semifinal, acusa o clube da Gávea de ter em seu elenco um atleta de 11 anos de idade e tenta desclassificar o rival (saiba mais abaixo).
Fonte: NETVASCO
O fim começa na base
Terreno para semear a educação, as categorias amadoras estão na base das distorções do futebol brasileiro. Debaixo da fraldinha, categoria sub-9 do futsal, surge o mal cheiro que contamina disputas de gente grande. Eliminado pelo Flamengo na semifinal do Carioca há uma semana, o Fluminense deu início à operação para provar que um dos jogadores rivais foi inscrito com documento falso que lhe adulterava a idade em dois anos. Enquanto espera pelo julgamento do seu recurso à federação, o tricolor entrou com ação na Justiça para impedir a conclusão do torneio sem a sua presença na final.
- Estamos tranquilos porque o documento do nosso jogador é original. O Fluminense também tem alguns atletas maiores que os outros em várias categorias e nem por isso estão irregulares - disse o coordenador do futsal do Flamengo, Luiz Antônio Torres.
Durante o jogo em que o Flamengo perdeu por 4 a 2, mas avançou com vitória simples na prorrogação, pais, dirigentes e integrantes da comissão técnica tricolor já comentavam que um dos atletas rubro-negros ia além dos limites da categoria. Numa diligência posterior, o Fluminense obteve o registro que comprovaria a idade de 11 anos.
- Conseguimos a certidão a partir do hospital onde o menino nasceu. Nosso advogado já entrou com mandado de segurança - disse Jorge Macedo, coordenador das divisões de base do futsal tricolor.
Sob gritos e pulso forte
Em meio à discussão, o campeonato seguiu com empate em 1 a 1 entre Flamengo e Vasco no primeiro jogo da decisão. O segundo jogo será no sábado no Grajaú Country. Sobre a inocência e o sonho dos meninos, cresce a cobiça por resultados que mata na raiz a essência do esporte.
- Se havia indícios e o Flamengo não foi checar, fica no ar que ninguém está preocupado com a criança e sim em vencer o campeonato - disse o pai de um dos atletas do Fluminense, que também lamenta a forma com que alguns profissionais do clube tratam a modalidade. Na semifinal, reservas eram chamados aos gritos, puxados pelo braço e tinham o colete retirado de forma abrupta antes de entrarem em campo. - Botam muita pressão. Tem gente que se preocupa com o emprego e esquece que deveria estar ali antes de tudo como educador.
Na Fla-Flu que decidiu o Sub-13 em favor do Fluminense, há dez dias, um profissional do tricolor dizia que estava sob ameaça porque \"a diretoria mudou e a gente não ganhou nada no ano passado, o que não acontecia há 12 anos\". No fraldinha, foi a vez de o rubro-negro mostrar a outra face do apego:
- Até que enfim ganhamos desse time - explodiu aos palavrões o supervisor Paulo Roberto Melo, antes de traduzir suas emoções de forma publicável. - Estou há 45 anos nisso, não são 45 dias. Desabafei porque ainda não ganhamos nenhum título este ano.
Alheios à gravidade da disputa, com o ginásio às escuras, os meninos ainda jogavam com uma bola de plástico. Apesar do clima de festa infantil, a inocência e a essência do futebol brasileiro já estavam comprometidas. Qualquer que seja o julgamento, já é possível imaginar o que há debaixo da fraldinha.
Fonte: O Globo
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