CT da Base leva nome de Almirante da Ditadura Militar
Em meio a polêmicas causadas pela escolha do nome do CT que teve seu evento de hasteamento da bandeira no último final de semana, a pauta sobre o nome oficial das sedes do Vasco se tornou um dos principais assuntos da torcida no final de semana, que não teve jogo do Vasco pelo Campeonato Brasileiro.
O Centro de Treinamento que será inaugurado no próximo mês será chamado "CT do Almirante", em decisão tomada internamente pela diretoria do clube, mas o Vasco já tem um local de treinos com nome de Almirante: é o Centro de Treinamento Almirante Heleno de Barros Nunes, que fica em Duque de Caxias, próximo à Rodovia Washington Luís.
Quem é Heleno Nunes?
Nascido em 1917, Nunes foi um militar de patente alta que chegou à presidência da Confederação Brasileira de Desportos (CBD) entre 1975 e 1979 e posteriormente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), quando as confederações de diversos esportes se dividiram, entre 1979 e 1980. Durante o período, o Brasil vivia a Ditadura Militar e era comum a interferência da cúpula do governo no esporte. Um exemplo disso foi a demissão do técnico João Saldanha antes da Copa de 1970, por discordâncias políticas, interferências do próprio Almirante Nunes em escalações durante a Copa de 1978, diversos grandes estádios construídos pelo Brasil durante o período etc. Como já tinha estádio próprio, o Vasco não foi beneficiado desta forma, mas conseguiu a doação do terreno do governo federal onde hoje está a sede do CT da base, em 1976.
Por ser um dos intermediadores desta doação, torcedor do clube e também falecido na época da inauguração do CT em 2006, o Vasco, através de seu presidente à época, Eurico Miranda, batizou o local com o nome do Almirante Heleno Nunes e teve a presença da viúva do Almirante em sua inauguração.
Voltando a 2020, o Vasco faz atualmente obras no local para expansão e melhorias no local, a fim de que passe a ser usado integralmente pelas categorias de base do clube até o sub-15 e também futebol feminino. Parte das obras são custeadas pela prefeitura de Duque de Caxias, que recebeu parte do terreno e construiu um hospital público.