Política

Cruzada quer revolucionar o Vasco de dentro pra fora

Com o intuito de destrinchar e entender a participação da Cruzada na administração Alexandre Campello, entrevistamos o atual presidente do grupo, Carlos Leão (eleito até 2020) e Horácio Junior, assessor da presidência para assuntos especiais.

Leão, atualmente, não exerce nenhum cargo administrativo no Vasco mas participa ativamente da vida política e até administrativa do clube. Além de vascaíno, ele é economista por formação e trabalhou por 20 anos na área.

Hoje, é empresário do ramo de comércio de produtos de iluminação. Compõe a Cruzada Vascaína há 9 anos e participou ativamente das últimas três eleições e está no seu segundo mandato como conselheiro eleito. Atualmente, participa da Comissão de Reforma do Estatuto.

Muito solícito, Leão se colocou à disposição e esclareceu muito sobre a gestão atual e sobre o posicionamento do grupo que representa.

Confira todas as respostas na íntegra:

O grupo era aliado da Identidade Vasco no início do processo eleitoral. Na fatídica reunião do Conselho do dia 19 de janeiro, se posicionou ao lado de Julio Brant. Como foi a decisão da Cruzada aceitar exercer cargos na gestão Campello?

Trabalhamos fortemente pela união das oposições dentro da Frente Vasco Livre, mas ao longo do processo eleitoral a Cruzada foi divergente em alguns movimentos políticos do principal grupo da FVL, até que eles decidiram participar do pleito na sede náutica com candidato próprio, não concordamos e houve o rompimento.

As primeiras ações da gestão com o grupo Identidade Vasco realmente mostraram que estávamos muito desalinhados em relação a estratégia, por exemplo o aumento das jóias para associação dos estatutários estava em desacordo com a promessa de campanha.

O presidente Alexandre Campello começou a tomar ações contundentes e importantes, a partir de um determinado momento, conforme pensávamos ser melhor pro Vasco. Ocorreu o desembarque de treze vice-presidências ligadas ao IV. O presidente convidou pessoas qualificadas de vários grupos para as diversas áreas e isso foi mais um bom sinal de que o rumo poderia mudar para melhor. Fomos convidados e decidimos aceitar os cargos executivos para os quais tínhamos quadros qualificados, visando manter o Clube em evolução.

Logicamente que esse movimento sem motivação política, mas sim executiva, implicava em questões políticas e precisávamos tratar disso com transparência. Estávamos participando com os grupos da Sempre Vasco e precisávamos achar a forma adequada de aceitar os convites, respeitando os líderes dos grupos da SV que sempre tiveram uma boa relação conosco. Existia a preocupação de não criar mais animosidade entre grupos vascaínos que têm o desejo comum de melhorar o Vasco. Acredito que no final, prevaleceu o bom senso e o respeito às opiniões divergentes entre os que optaram por participar da gestão e os que optaram por continuar fora da gestão.

Qual a forma de trabalho adotada atualmente? Todo o grupo tem participação com acesso a resultados e sugestões? Ou os escolhidos para assumir as pastas tem autonomia para trabalharem individualmente?

Não há motivo para nossos associados que trabalham diretamente na gestão não terem autonomia na rotina de suas funções, pois são pessoas de nossa inteira confiança. Trabalhamos coletivamente, temos cinco associados dentro da gestão, são eles: João Marcos Amorim – VP Finanças, João Ernesto – VP de Relações Especializadas, Horácio Junior – Assessor para assuntos especiais, Fernando Lopes – Diretor do Centro de Memória e Rogério Portugal – Diretor de Cadastro – todos cargos não remunerados.

E o nosso grupo os apóia integralmente, inclusive os suportando diretamente na execução das tarefas. A integração de todos da Cruzada acontece nos debates diários nos grupos de WhatsApp, nas reuniões periódicas da diretoria do grupo e nas reuniões mensais com os associados, quando os integrantes diretos da gestão informam o andamento dos trabalhos e todos tem liberdade total para perguntar, cobrar e sugerir.

Acredita que a Cruzada possa ser um marco nessa gestão? Um ponto de partida para ações positivas e evolução do clube como um todo?

Somos um grupo com dez anos de atuação na política do Clube, temos três mandatos no Conselho Deliberativo e sempre divulgamos nossos projetos técnicos, por isso naturalmente somos de alguma forma uma referência, mas não podemos ter a pretensão de sermos um marco isoladamente. Somos parte de uma equipe qualificada e temos exatamente a mesma importância dos outros grupos que compõem a Diretoria Administrativa.

Todos os grupos juntos têm o bônus do que fazemos certo, mas também temos a mesma responsabilidade quando as coisas não vão bem, em qualquer área do Clube. O Vasco da Gama é um Clube com operação muito complexa, por isso não podemos trabalhar simplesmente como grupos independentes, porque seria muito mais difícil vencer o grande desafio de fazer uma instituição melhor, mais sólida, mais moderna, mais organizada.

Qual tem sido a maior dificuldade neste início de trabalho?

Logicamente que a difícil situação financeira atrapalha muito várias melhorias no Clube e no Time que precisam acontecer, mas isso não pode ser sempre uma justificativa para não avançarmos.  O trabalho da equipe financeira está sendo bem feito, o presidente Alexandre Campello tem liderado boas ações para o aumento de Receita, com muita imaginação e esforço dos seus colaboradores diretos.

Outro ponto que considero crítico: nós, vascaínos e vascaínas, precisamos voltar a ter muito orgulho do Vasco, pois somos um Clube gigante e precisamos acreditar nisso todos os dias. Temos que voltar a lotar estádios, voltar a acreditar que com a nossa contribuição social podemos mudar o Vasco da Gama de patamar. Nossos antepassados acreditaram nisso, enfrentaram poderosos e com suas contribuições construíram o maior estádio da América do Sul. A baixa autoestima de nós torcedores pode prejudicar a velocidade da nossa recuperação. Precisamos entrar numa espiral positiva, um ciclo virtuoso, assim que isso se iniciar o Vasco vai funcionar muito melhor, pela sua própria grandeza.

Você diria que a Cruzada hoje compõe a “situação” na política vascaína?

Sim, somos, apesar de que existe uma preocupação exagerada com essa “rotulação”. O Conselho Deliberativo está muito fragmentado então as votações estão apertadas e raramente tem blocos de oposição ou situação fixos. Os diversos grupos estão votando de acordo com o que entendem ser melhor pro Vasco, esperamos. Por exemplo: em todas as votações até agora no CD, a Cruzada votou da mesma forma que a Sempre Vasco que se considera oposição.

Estamos numa administração de transição de modelo de gestão, acreditamos. Precisamos aprender com os erros do passado e superar qualquer sentimento que promova a desunião dos vascaínos. O objetivo de reerguer o Club de Regatas Vasco da Gama precisa estar acima dos ressentimentos passados e das naturais divergências políticas.

Assessor da presidência para Assuntos Especiais

Horácio Junior, atual Assessor para Assuntos Especiais no Vasco, também é consultor de negócios numa empresa de logística. Tem experiência com implantação de SAP, Orçamento Base Zero, Planejamento Estratégico, “Valuation” de projetos, etc. No Vasco, participa da vida política do clube desde 2012, quando entrou para a Cruzada Vascaína.

Dentro da Cruzada, compôs a comissão de finanças que fazia análise da proposta orçamentária do Club e das demonstrações financeiras. Em 2015, o grupo iniciou a revisão do plano de governo para apresentar esse plano para os vascaínos em 2016. Foi um início de um debate técnico e de soluções para o clube proposto pelo grupo.

Durante a entrevista, Horácio falou sobre as atribuições do seu cargo, torcedores organizados e os projetos que estão em andamento no clube. E você confere tudo com exclusividade:

Quais as principais atribuições da sua pasta?

As atribuições de um Assessor são diferentes das atribuições de um Vice-Presidente. Depende muito do que o Presidente pede e isso pode ter uma grande amplitude. Hoje estou cuidando da implantação do Projeto Capitanias, e parte do meu trabalho é envolver as outras áreas corresponsáveis para colocar o projeto de pé, como o Marketing, a Comunicação, o Jurídico e as Relações Públicas.

Além do Projeto Capitanias, tenho outros projetos para entregar ao Club, como: a implementação de uma ouvidoria; elaborar, em conjunto com o Departamento de Obras e Engenharia, um estudo de viabilidade técnica para termos um game center para fomentar o e-sports, entre outros projetos.

Todos esses projetos dependem da constante e indefectível colaboração dos Vice-Presidentes, Diretores, funcionários e, claro, do patrocínio do próprio Presidente. Abro esses parênteses na resposta pois acho importante que os vascaínos saibam que o Club trabalha num grande ambiente colaborativo. Esse ambiente é fundamental para o sucesso do Vasco da Gama.

Como é a relação do clube hoje com as Torcidas Organizadas?

É importante dizer que o Club enxerga as Torcidas Organizadas como parte do espetáculo também. Elas devem ser reconhecidas como um patrimônio valoroso do Club por todos os cantos, bandeiras e faixas. Não devem ficar à margem.

O relacionamento é franco. Como é sabido, fizemos uma reunião com os líderes das torcidas e eles tiveram a oportunidade de perguntar o que quiseram para o Presidente. Ouvimos as principais queixas e estamos nos articulando com o GEPE para que as coisas funcionem da melhor maneira.

Nesse encontro deixamos claro que queremos um relacionamento transparente entre Club e torcidas. As regras precisam ficar claras e no alcance de todos para que não haja favorecimento e tampouco uso político das Torcidas Organizadas

O clube pensa em disponibilizar um plano de ST exclusivo para os torcedores organizados?

Sim! Estamos trabalhando fortemente para lançar isso ainda no mês de agosto. O valor pensado gira em torno de 60 reais e dará direito a check-in em todos os jogos no Rio de Janeiro. Em contrapartida, o torcedor precisa estar cadastrado no GEPE.

O que o Vasco faz para prevenir as confusões em São Januário?

O Vasco disponibilizou um advogado para fornecer apoio jurídico às Torcidas Organizadas. Muitas delas não estão com a documentação em dia solicitada pelo GEPE e isso é fundamental para que eles possam levar bandeiras, faixas e instrumentos musicais para o estádio.

Em breve esse advogado se reunirá com todos os líderes de cada torcida para orientações jurídicas, muitas delas alinhadas ao Estatuto do Torcedor.

Os tempos são outros, as regras são novas e não há mais espaço para confusões e impunidade. Todos, torcida e Club, devem estar adaptados a essa nova era.

Esperamos também que esse alinhamento entre torcida, Club e GEPE tenha um efeito positivo no número de ocorrências.

Durante a campanha do Campello, muito se falou sobre a criação de embaixadas vascaínas, para que os torcedores de outros estados pudessem se aproximar do clube. Esse projeto está em andamento? O que pode falar sobre ele?

Esse projeto está bem avançado. Queremos lançá-lo em breve. Hoje o projeto se chama Capitanias Vascaínas. Será uma forma oficial do vascaíno fora da zona metropolitana do Rio de Janeiro poder se relacionar com o Club.

É um projeto que visa aproximar o vascaíno do clube.

Os sócios de qualquer cidade fora da região metropolitana do Rio de Janeiro poderão credenciar bares, restaurantes ou até mesmo sedes próprias para se reunir em dia de jogos do Vasco.

De acordo com o número de sócios o Vasco dará alguns benefícios desde ingressos, materiais licenciados, reuniões com o clube e estamos avaliando para as capitanias com maior número de sócios uma visita de algum ídolo do clube.

Para continuar o entendimento da participação da Cruzada e da oxigenação que acontece na politica vascaína, em breve traremos uma excelente entrevista com o VP de Relacões Especializadas João Ernesto, que falou muito sobre história do clube e projetos como o Museu do Vasco da Gama.

Fonte: News Colina