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Cruzada divulga nota sobre a proposta orçamentária para 2011

O grupo de oposição Cruzada Vascaína analisou a proposta orçamentária apresentada pela administração do Vasco referente ao exercício 2011, dando sua contribuição nas discussões das importantes questões de nosso clube, entendendo o orçamento como um instrumento essencial para acompanhamento do desempenho do clube, possibilitando a análise e a avaliação dos resultados que serão alcançados através de um plano estratégico e sua adequação em relação aos objetivos estabelecidos.

Ainda que o orçamento de 2011 não seja composto de todas as peças de um plano orçamentário, visto que da proposta não constaram orçamento financeiro, projeções de amortizações de dívidas, eventual plano de investimentos e balanço patrimonial projetado, devemos ressaltar a importância do orçamento econômico apresentado (receitas e despesas), pois uma criteriosa elaboração dessa peça permitiria assegurar, por exemplo, que os desvios do plano inicial seriam analisados e adequadamente controlados.

Em uma realidade financeira altamente comprometida como a atual, ganha ainda mais importância uma eficiente e disciplinada gestão dos recursos e compromissos financeiros e, dessa forma, o orçamento econômico não poderia prescindir da consideração dos efeitos do fluxo financeiro futuro na sua elaboração.

É neste ponto que se observa a grande distorção entre a proposta apresentada e as perspectivas reais para o próximo ano: da previsão de receita de 100 milhões, 60 milhões não estarão disponíveis por conta de dívidas de exercícios passados, conforme declaração do vice-presidente de finanças Nelson Rocha ao repórter Gustavo Penna, da Super Rádio Brasil, transcrita no site Supervasco.com, em 20/12/2010, numa matéria cujo título é “Estamos vendendo a janta para pagar o almoço”, o que significa ter disponível apenas R$ 40 milhões para custos e despesas em 2011 quando o orçamento prevê um total de R$ 85 milhões. Isso leva a conclusão de que se não há uma relevante imprecisão no relatório, há a garantia de que o ano de 2011 contribuirá para aumentar em mais R$ 45 milhões o endividamento do Vasco. Para esse caso, não caberia outra medida senão uma drástica redução na projeção de despesas, compatível ainda com a retenção das entradas dos recursos da Eletrobrás.

Na análise comparativa com o orçamento anterior, constatamos que não houve evolução entre o orçamento de 2010 e o atual. Se no ano passado, foram poucas notas explicativas, nesse ano, elas desapareceram por completo. A leitura do relatório é um exercício de perseverança, dada a formatação do documento apresentado, visualmente congestionado e com letras e números muito pequenos. Felizmente, devido ao contato que temos com dois dos membros da Comissão, ainda conseguimos esclarecer algumas dúvidas antes da elaboração dessa nota. Desde já, agradecemos essa atitude individual de ambos que deveria ser uma preocupação do Vasco como organização em respeito aos seus conselheiros e sócios.

Um ponto citado na análise do orçamento de 2010 feita pela Cruzada que se repete em 2011 é a consolidação da receita vinda do programa de sócios. Esse expediente dificulta a estimativa do número de sócios aptos a votar, o que pode colocar sob suspeita o processo eleitoral. Esperamos que a diretoria do Vasco apresente, o quanto antes, essa lista que, segundo a bandeira da TRANSPARÊNCIA, parte integrante do lema de campanha, deveria estar disponível mensalmente no site do clube.

Observamos ainda algumas entradas no orçamento que consideramos ousadas, como a venda de camarotes no primeiro trimestre e a obtenção do recurso de incentivo fiscal para o remo em julho, no valor de R$ 2 milhões cada uma. A título de informação, essa segunda previsão já havia sido lançada no orçamento de 2010 e não foi concretizada. Ainda nas receitas, se a mega-loja Penalty tem uma estimativa de resultado de aproximadamente R$ 170 mil mensais (resultado da receita projetada de R$ 500 mil menos os custos de R$ 330 mil), o clube deveria já ter estabelecido a máxima prioridade para sua construção.

Analisando as despesas, em que pese o alto montante acima descrito, estranhamos o fato de não constar despesas para o remo e o futsal, esportes tradicionais no clube sendo que o primeiro é inclusive estatutário. As despesas do departamento jurídico apresentaram aumento de 110% (quase R$ 1,5 milhões), sendo o custo mensal com a divisão de contencioso de R$ 225 mil.

Outro ponto que nos chamou atenção, nem tanto pela grandeza do valor em relação ao todo, foi um erro de soma nas despesas relacionadas à vice-presidência de Relações Especializadas. Para a divisão de Patrimônio Histórico, foi autorizado um gasto anual de aproximadamente R$ 233 mil enquanto a soma dos itens aponta para um gasto real de R$ 266 mil. Esse fato demonstra o pouco cuidado e/ou a pressa que o clube teve com a peça orçamentária, a ponto de dar a impressão de que não houve um processo de revisão do material. Isso pode parecer um detalhe irrelevante, mas quem já trabalhou na apresentação de orçamentos em empresas privadas e órgãos de administração pública sabe que os quesitos correção, limpeza e clareza são fundamentais para a credibilidade do material.

Para melhor ilustrar esses e outros aspectos do orçamento de 2011, mostramos o quadro comparativo com o de 2010:

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A disponibilização para os conselheiros da proposta orçamentária para 2011 sem as correspondentes premissas adotadas em sua elaboração (metas de crescimentos, de redução de despesas, projeções financeiras) além dos aspectos já abordados dificulta a avaliação da aplicabilidade do orçamento apresentado e o torna apenas um item do estatuto a ser formalizado, sem utilidade prática. Isso é corroborado pela negativa de parecer dada pelo Conselho Fiscal, que também não encontrou elementos para analisar o material enviado aos conselheiros. Seu posicionamento unânime é um indicador muito forte de que esse elemento vital na gestão do clube não é tratado da forma adequada.

É inaceitável que um item tão importante na administração financeira do clube tenha sido relegado a uma mera formalidade. Não entendemos como possa se aplicar um plano de reestruturação financeira sem um orçamento consistente, bem fundamentado e alinhado com as prioridades do clube. A não divulgação de componentes basilares para a discussão da vida financeira do clube em 2011 como o fluxo de caixa e os planos de amortizações de dívidas e de investimentos nos levam a indagar se a atual diretoria quer tratar o Vasco como uma caixa preta, sem revelar detalhes de seus planos para os poderes constituídos do clube e para os sócios, ou se quer administrar trabalhando exclusivamente no curtíssimo prazo, sem um planejamento atrelado à realidade, que possa ser acompanhado e revisto continuamente para correção das ações.

Por fim, gostaríamos de destacar que é importante que os vascaínos entendam a importância dessa função de fiscalização e controle e que todos – mesmo aqueles que simpatizam com a atual diretoria – devem cobrar e acompanhar de perto, pois esse papel é extremamente importante para o futuro do nosso clube. Além disso, solicitamos que os processos de confecção do orçamento sejam revistos visto que, mais uma vez, os prazos de divulgação para os conselheiros são desrespeitados tornando a análise da proposta difícil em função do pouco tempo hábil. Reiteramos que, para o próximo ano, deve ser realizado um planejamento interno que possibilite que os conselheiros tenham acesso ao projeto orçamentário até o final do mês de novembro, conforme esperado.

Fonte: Site da Cruzada Vascaina