Criticado nos tempos de Vasco, Goleiro Elinton brilha na Europa
O dia 27 de julho de 2005 ficou tragicamente marcado na história do Vasco, que foi humilhado com uma goleada por 7 a 2 para o Atlético-PR. Apontado como o grande vilão cruzmaltino e execrado pela torcida, o goleiro Elinton viu sua vida tomar um rumo que, sem exagero, é digno de filme. Após ser agricultor em Portugal, tentar a sorte no Vietnã e se tornar campeão de futevôlei, ele conseguiu voltar a agarrar e hoje é ídolo na França.
Foram momentos difíceis, mas que serviram sempre como aprendizado. Não guardo rancor. Pelo contrário, eu agradeço, pois tudo isso sempre me deu forças para lutar. O que quero é poder dizer para o meu filho que o pai dele era um lutador e sempre acreditou no trabalho, afirma Elinton.
Um mês após o trágico jogo na Arena da Baixada, Elinton deixou São Januário e seguiu para Portugal, sem time. Ele foi viver na cidade Vieira do Minho, na casa de parentes da mulher, Fernanda. Uma indicação do técnico Abel Braga o levou para o Vietnã, mas... Eles não queriam que levasse minha esposa e me disseram que eu receberia mulheres suficientes do clube. Dei risada, mas era sério. Recusei e fui embora, conta Elinton ou Andrade, como ele é chamado na Europa.
Sem time, o goleiro trabalhou como agricultor em Portugal e mantinha a forma usando suas malas como se fossem halteres. A sorte começou a mudar em julho de 2007, quando empresário o levou para o Rapid Bucareste, da Romênia, onde foi eleito um dos melhores goleiros da Europa. Lá, chamou a atenção de Didier Deschamps, capitão da França na Copa de 98 e técnico do Olympique de Marselha, que o levou para o clube, em 2009.
Fez amizade com os argentinos Lucho González e Heinze, que, inclusive, ajudou o goleiro a realizar o sonho da casa própria fazendo o gol do título do Campeonato Francês deste ano. Ele veio correndo como um louco na minha direção e me abraçou gritando: Casita, casita!, porque eu usaria o prêmio do título para comprar minha casa, lembra Elinton.
Jogador compara a sua história com a da Fênix
Elinton não esquece os sete meses em que trabalhou na lavoura, em Portugal. Acordava todo dia às 5 horas. Plantava batata, tomate, pepino. Ajudava na colheita. Virei agricultor mesmo, conta o goleiro.
Há dois meses, ele tatuou um texto nas costas que resume sua vida: Sou como Fênix, quando todos julgam que estou derrotado e ferido, ressurjo das cinzas, mais forte e com mais vontade de lutar. Sou guerreiro e não me deixo abater, meu objetivo é vencer!.
Assim que conseguiu o passaporte português, Elinton foi chamado para defender a seleção do país no Mundial de Futevôlei. Habilidoso também com a bola nos pés, ele topou e foi campeão. Eu sempre tive habilidade com os pés. Joguei os mundiais da Grécia, da Espanha e da Suíça, diz.
Hoje disputando a Liga dos Campeões, o goleiro se reveza no time com Mandanda, titular da Seleção da França.
Quando entro em campo pela Liga e toca a música-tema, me dá um arrepio incrível e eu vejo realmente o que conquistei. Mas quero mais, avisa.
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