Cristóvão: "Sinto falta do dia a dia no Vasco"
Hospedado na parte superior de Manhattan, Cristóvão Borges pouco sofreu as consequências do furacão Sandy, que abalou a costa leste dos Estados Unidos na semana passada. De volta ao Rio de Janeiro após nove dias com a mulher e o filho em Nova York, o treinador aos poucos se intera sobre o furacão que cisma em não deixar o Vasco neste fim de temporada e ganha força a cada dia, principalmente depois que ele deixou o comando da equipe, em 9 de setembro. Mas o furacão seja o fenômeno natural ou o sinônimo de crise não é capaz de amendrontá-lo. Mesmo conhecedor como poucos da dura realidade que abate São Januário, ele não descarta uma volta ao clube. Não que haja algo de concreto, mas diante do provável retorno de Ricardo Gomes no início de 2013, Cristóvão admite que pensaria com carinho caso o companheiro o convidasse a integrar a comissão técnica.
Durante o período em que esteve em Nova York, Cristóvão se dividiu entre o prazer de comer em bons restaurantes e descansar e a frustração com a falta de transporte público e a impossibilidade de assistir a musicais da Broadway ou simplesmente o jogo de basquete entre New York Knicks e Miami Heat, pela NBA. Mas depois do alívio por se livrar do furacão Sandy, o treinador retornou ao Brasil na última quinta-feira sabendo da notícia de que a volta de Ricardo Gomes ao Vasco estaria próxima. Com tantos anos de amizade e a relação fortalecida após o AVC do amigo sofrido em 28 de agosto do ano passado, Cristóvão mostrou que a decisão de seguir carreira solo pode ser adiada se for convidado para retomar a parceria que teve como ponto alto a conquista da Copa do Brasil de 2011.
- Por incentivo do próprio Ricardo, há algum tempo decidi seguir minha própria carreira. Esse período de um ano de Vasco me deu uma experiência importante. Mas nada pode ser descartado. Essa possibilidade pode existir, e tudo depende do que se propõe e das possibilidades. Mesmo assim, acho pouco provável, porque minha saída é recente depois de um longo período. Não sei o que o Vasco pensa. Mas o principal é a volta do Ricardo. Nosso futebol precisa dele por sua inteligência e capacidade. Estou muito feliz.
Cristóvão e Felipe no Vasco: técnico reafirma
amizade com meia (Foto: Iivo Gonzalez / O Globo)Nas primeiras conversas com o Vasco, Ricardo Gomes manifestou o desejo de atuar como diretor-técnico. Para isso, o clube contrataria um auxiliar de peso, capaz de comandar a equipe em treinos e jogos enquanto ele não sentir-se totalmente apto a exercer novamente a função. Dessa forma, o nome do companheiro é sempre lembrado em São Januário.
Cristóvão reapareceu novamente no noticiário vascaíno nesta semana. Depois de criticar Marcelo Oliveira, Felipe lamentou a saída de Cristóvão, culpando jogadores, torcida e dirigentes pela saída de São Januário. Logo o camisa 6, que em algumas vezes criticou Cristóvão pela falta de oportunidades como titular ou por escalá-lo como lateral-esquerdo, contribuindo principalmente para o desgaste do treinador junto aos torcedores. Dessa forma, o ex-técnico vascaíno mostrou-se surpreso ao tomar conhecimento das declarações do meia.
- Conheço bem o Felipe e nós tivemos algumas discordâncias profissionais. Mas isso nunca abalou nossa relação. Não mudou nada o que eu sinto por ele. Não me surpreendeu esse pensamento, mas fiquei surpreso por ele ter falado abertamente. Um treinador nunca agrada a todos os jogadores, mas o importante é que eu vejo o respeito que esse grupo tem por mim. Sempre tivemos uma relação direta e verdadeira, e acho que eles reconhecem isso - destacou.
Cristóvão aponta o grupo de jogadores como a melhor lembrança e o bem mais valioso que deixou no Vasco. Por isso, admite sua tristeza ao acompanhar o abatimento e as críticas sofridas após seis derrotas consecutivas no Campeonato Brasileiro. Em seu período como auxiliar e técnico em São Januário, ele conviveu quase diariamente com problemas relativos a atraso de salários. No entanto, se orgulha ao lembrar que eles nunca influenciaram no desempenho da equipe dentro de campo.
- Sinto falta do dia a dia no Vasco, do convívio, com os jogadores. Esse trabalho sempre me alimentou e me motivava muito. O grupo de jogadores sempre foi meu maior orgulho. Nós convivíamos com as dificuldades e eles mantinham o empenho, a entrega e a dedicação. Aquele ambiente era a minha casa.
Mas em breve, Cristóvão pode ter uma nova casa. O treinador interessa à CBF como novo coordenador das divisões de base e técnico da Seleção Brasileira sub-20. Ele admitiu ter ocorrido uma sondagem, mas pede para não falar sobre o assunto em respeito aos profissionais que atualmente ocupam os cargos. Ofertas de clubes do Oriente Médio e até mesmo de equipes brasileiras por enquanto ainda não o atraem. Ele está decidido a retomar o trabalho somente em 2013. Mas será que novamente em São Januário?