Criador do Vasco africano tem Vasco até no nome

Ele é Vasco até nome. Torce, claro, para o mais importante clube da colônia portuguesa no Brasil. No entanto, amor mesmo, Marcelino Vasco da Nóbrega nutre por outro time homônimo e sem tradição no modesto futebol sul-africano: o Clube Recreativa (com A, mesmo!) Vasco da Gama, da Cidade do Cabo, fundado por ele em 26 de janeiro de 1980.

Trinta anos depois, Marcelino Vasco estará sentado hoje, às 10h30m (de Brasília), no Estádio Parow Park, na Cidade do Cabo, onde o Vasco local pode ser campeão da Segundona, contra o Black Leopards, e subir pela primeira vez para a Premier Soccer League (PSL), divisão de elite do futebol da África do Sul.

As décadas no continente africano já fazem este simpático português, de 56 anos, misturar o inglês com o idioma de sua origem. Mas o coração não deixa margem para confusão.

Marcelino Vasco vem se preparando para o fim de semana com significado histórico para a família, que respira Vasco e futebol. O único filho, Ricardo Pelé (nome composto para homenagear o Rei do Futebol), de 30 anos, casase hoje. Véspera do dia inesquecível para o clube e a família que o fundou.

— É um fim de semana épico. Meu único filho se casando e meu time do coração campeão — diz o patriarca dos vascaínos sul-africanos.

Para erguer a taça após a partida, o Vasco joga por vitória ou pelo 0 a 0, pois empatou de 1 a 1 o confronto de ida, sábado passado, na casa do Black Leopards, em Limpopo. O time sofreu o empate no finzinho.

As duas equipes se classificaram para a decisão da Segundona, regionalizada. O Vasco conquistou o troféu no Grupo do Litoral, e o Leopards levou a melhor no do Interior.

Da paixão de Marcelino Vasco pelo futebol brasileiro nasceu o clube da Cidade do Cabo.

Mas, por problemas financeiros, ele vendeu sua parte ao ex-jogador Carlos das Neves.

Com Vasco no nome e no coração, Marcelino está pronto para soltar o grito de “é campeão” pela primeira vez.