Futebol

Cria da base, Gabriel Félix dribla balança e se torna esperança no Vasco

Após o calvário no gol em 2013, Martín Silva foi uma solução emergencial para ajudar a garantir o retorno do Vasco à elite. Reserva de sua seleção, o uruguaio de 31 anos tem contrato até o fim da próxima temporada e antecede uma safra que vista com enorme esperança em São Januário. Lapidado com cuidado, Gabriel Felix é a bola da vez, já que, para muitos, é tecnicamente superior e passará Jordi pela maturidade que vem mostrando nos treinos com os profissionais.

O fato é que o trabalho realizado na posição nas categorias de base está perto de alcançar seu objetivo, depois de insucessos com nomes como Cestaro, Gott, Adilson, Conrado e Diego. A parceria entre Marcelo Pires, preparador dos juniores, Carlos Germano e Márcio Cazorla rendeu frutos e tem tudo para deixar a torcida novamente orgulhosa de sua cria, carente desde Helton e longo histórico de ídolos. Na campanha ruim do time de Sorato no Carioca sub-20, Gabriel, de 19 anos, brilhou praticamente sozinho. Virou capitão, referência em campo e assegurou algumas vitórias. Imediatamente após a competição, teve seu vínculo estendido até 2017.

 Natural de Barra do Garça, no Mato Grosso, a trajetória da nova esperança é marcada pela luta contra o excesso de peso e precocidade devido ao seu tamanho (hoje, 1,91m) e qualidade desde pequeno. Gordinho ao longo da infância, trocou a linha pelo gol no futsal e, aos 12 anos, agarrou em campeonatos sub-18 da região. Foi levado para o Goiás, depois para o Paraná e se destacou na Copa do Brasil sub-15. Entre ofertas de Flamengo, Inter e Cruzeiro, escolheu a do Vasco.

- Em conjunto com o Germano e o Márcio, temos um projeto para desenvolver em curto tempo um goleiro titular para o Vasco. Procuramos no mercado, demos todo o apoio e achamos os dois. O Gabriel teve falhas, passou por dificuldades, mas viemos lapidando e virou um líder no campo. A eficiência e a presença dele são impressionantes. Está mais centrado também, porque antes ele se cobrava muito, e tivemos de indicá-lo para um trabalho psicológico - revelou Marcelo Pires, ex-goleiro do Bangu e outros clubes pequenos entre a década de 90 e os anos 2000.

Outro funcionário com vasta experiência no assunto, Jair Bragança foi treinador de Fábio, que chegou ainda desconhecido em 2001. A comparação com o estilo foi inevitável. Mas a promessa gosta mesmo de Marcos, ex-Palmeiras e pentacampeão do mundo em 2002, e do próprio Germando, pela história que construiu no Vasco.

O único detalhe que preocupa é a forma física. Com tendência a ganhar peso, precisa de uma dieta especial e de esforço extra nas atividades. O ano de 2013, quando era reserva de Jordi, foi particularmanente dramático. Gabriel Felix sofreu lesão na coxa, encarou uma amigdalite e não conseguia comer. Debilitado, fez o caminho inverso, foi a 94 quilos e, depois de mais um tempo parado por ter quebrado o nariz, só estabilizou nos 90 quilos nas últimas semanas. Ainda assim, durante o período da Copa do Mundo, sempre corre ao redor do gramado quando os companheiros já saíram. Seu percentual de gordura está 2% acima do indicado.

- Minha intenção é dar oportunidade a todos. O Gabriel tem ficado bastante tempo aqui, indo e voltando. Na verdade, subiu pela primeira vez em 2012, quando era do juvenil. Vem fazendo um grande trabalho na base e, com a ida do Martín para a seleção, se destaca noa dia a dia com muito empenho. O Adilson elogia bastante a agilidade e seu trabalho com os pés. Apostamos muito nele, realmente tem tudo para dar certo no futebol - confirmou Germano, que lamenta o fim das preliminares.

- Muita gente ainda não o conhece porque ficam restritos às informações da imprensa. Na minha época antes dos jogos tinha a preliminar, o que motivava a torcida a comparecer antes. E dava rodagem para o garoto que já via um Maracanã com pelo menos 30 ou 40 mil pessoas. Na base, tem no máximo 50, 100. O que resta é colocá-lo entre os profissionais para evoluir mais rápido.

FAMÍLIA MILITAR E DE GOLEIROS

A rígida educação do jovem vascaíno foi determinante para o foco nas metas. Seu pai, Sidney, é policial militar e ex-goleiro amador. O tio, por sua vez, foi mais longe. Aos 33 anos, acaba de ser campeão no Acre com o Rio Branco e se orgulha da carreira baseada na Argentina, onde defendeu o Tiro Federal, da Série B, por seis anos - além de equipes como Avaí e Ituano aqui.

- É um menino que sempre gostou de futebol. Não queria que ele fosse goleiro, mas insistiu tanto que levei uma luva para ele, fizemos um treino e vi que tinha condição. Não só a rapidez, mas a personalidade que o Gabriel demonstra e a altura. Agora está esse homem feito aí, mas na posição tem que esperar até os 24 anos para terminar a formação. Para goleiro, é diferente. Tenho certeza de que vai ser um dos melhores do Brasil - acredita Nei, o tio Neguinho.

SAÍDA DE DIOGO SILVA EM PAUTA

Com a confiança na geração, a diretoria já se movimenta para emprestar Diogo Silva, contestado pela torcida. O camisa 12 foi titular nas últimas rodadas da Série B, mostrou melhora, mas principalmente diante da contratação de Rafael Copetti, ex-Benfica B, a tendência é sua saída. Ainda não há um clube interessado.

Fonte: ge