Categorias de base

Contratação de Mosquito tem custado caro para o Atlético-PR

Presente na Copa São Paulo de Futebol Júnior, que começa nesta sexta-feira, com 100 clubes, o Atlético-PR pode dar um adeus definitivo às competições de base caso não seja capaz de definir a situação de Mosquito, cria do Vasco que foi vítima de um imbróglio que o deixou sem entrar em campo na temporada 2012. Os clubes alegam que o Furacão ignorou um pacto de ética - formalizado em abril e fortalecido a cada reunião desde então - aproveitando que o atacante, hoje prestes a completar 17 anos, foi oferecido pelo Macaé, ao qual foi vinculado como manobra após sair de São Januário sob a orientação de empresários, que teriam pedido cerca de R$ 20 mil para acertar o primeiro contrato profissional, valor fora dos padrões.

Na época, o que prendia a revelação ao Cruz-Maltino era um vínculo de formação, que ainda sequer expirou. Essa brecha no sistema motivou dezenas de dirigentes a unirem forças para minimizar os efeitos, pregando que ninguém aceitaria mais um jogador que estivesse em tal situação de litígio. E deu certo. São Paulo, em negociação que se tornou pública, Flamengo, Botafogo, Grêmio, Cruzeiro, Corinthians e Figueirense rejeitaram o garoto um a um.

A única saída para manter o Furacão em atividade no setor no futuro parece ser um acordo com o Vasco, que foi iniciado, mas se estagnou, segundo o diretor executivo Mauro Galvão. O ex-zagueiro não fala sobre o rumo que a conversa tomou, mas a compensação seria ceder parte dos direitos econômicos. A questão, porém, depende dos agentes Cacau Barbosa e Gustavo Arribas, que trabalham com Mosquito e precisam concordar com a negociação. Ambos não atenderam as ligações da reportagem ao longo das últimas duas semanas. Em nota oficial datada de 23 de novembro passado, fala-se em \"sumiço\" dos representantes.

- Nunca fechamos as portas, mas depende da outra parte. Não houve uma sequência no contato, quem perde são eles - disse Galvão, que não sabe se há ambiente para um eventual retorno do atacante - Algumas pessoas envolvidas no caso infelizmente devem ter sido uma influência que não foi boa. Isso pode ser um complicador. É difícil dizer algo agora.

\"AtaReprudução da ata da reunião realizada em agosto, na Toca da Raposa, entre os gestores da base dos principais clubes do país. Foi posto no papel um código de ética para nortear o assunto (Foto: Reprodução)

A Copinha é uma espécie de exceção do recente histórico de participações do Atlético-PR (está no Grupo I e estreia contra o Barras-PI, neste domingo). O clube já foi excluído da Copa Avaí, em Florianópolis, e do Brasileiro sub-17, o que causou mais indignação. Como há dinheiro de transmissão de TV envolvido e se trata do maior torneio da categoria no país, a diretoria específica para a base, desenvolvida a partir da estruturação da Associação Brasileira de Executivos de Futebol (Abex), optou por não agir. Ao mesmo tempo, o Furacão também não polemizou e não inscreveu o atleta. Seus diretores se limitam a responder, através da assessoria de imprensa, que já se pronunciaram via comunicado, que inclusive provocou a rebatida do Vasco, dias depois. E que, se houver boicote, irão à Justiça.

A próxima competição é a Copa Rio, em março, organizada pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), e as medidas serão mais drásticas. Caso mantenha o atacante treinando sem acerto, será desconvidado mais uma vez, em prática que deve se perpetuar. Para ter embasamento, os rivais enviarão um documento à entidade carioca solicitando a própria dispensa. Vale lembrar que na Copa do Brasil sub-17, em julho, último torneio de porte que disputou, o Atlético-PR foi campeão, batendo justamente o Vasco na final.

No próximo dia 10, está agendada uma reunião que pode assegurar uma definição sobre o caso. Um dos comandantes do movimento é o diretor de base do Flamengo, Carlos Brazil. O executivo do Vasco, René Simões, dividia essa função, mas se afastou em virtude do novo trabalho. René, aliás, foi quem lutou para que o São Paulo dissesse não a Mosquito e quase foi voto vencido. Sua insistência acabou gerando um desgaste, e ele deixou a função.

Fonte: ge