Futebol

Contra Lanús, provação vascaína na Libertadores

RIO - O time que se acostumou a brigar no topo de todas as competições desde o ano passado, agora, precisa dar o seu grande salto. Após vencer a Copa do Brasil em 2011, mas ver escapar por pouco o Brasileiro, a Copa Sul-Americana e as Taças Guanabara e Rio na atual temporada, o Vasco sabe que chegou a hora da afirmação definitiva do seu elenco. E é com lições aprendidas nas vitórias e derrotas dos mata-matas recentes que o Vasco inicia hoje, às 21h50m, contra os argentinos do Lanús, em São Januário, sua participação nas oitavas de final da Copa Libertadores.

Este Vasco viveu dois dias de mais reuniões do que treinos para achar respostas. Tenta entender o que separa o atual elenco das taças nas disputas recentes. No Brasileiro, ficou em segundo. Na Sul-Americana, caiu na semifinal. E perdeu as decisões dos dois turnos do Estadual. Nos três últimos torneios, eram jogos de decisão, com a mesma cara que ganha a Libertadores a partir de hoje. Provar que ainda sabe ser o chamado “time copeiro”, como foi na conquista da Copa do Brasil de 2011, é um dos grandes desafios vascaínos.

— Fomos bem na Copa do Brasil, em que todos os jogos são decisivos. E as duas semifinais com o Flamengo também eram decisões. Acontece que todo time enfrenta jogos em que o desempenho não é o melhor — disse o goleiro Fernando Prass, rechaçando insinuações de que o elenco atual não rende bem em decisões.

Sempre decidindo

O fato é que este Vasco tem se mostrado competitivo, tanto que chegou nas fases finais de todas as competições que disputou desde o ano passado. E, no papel, é mais time que o Lanús. Mas a vantagem, apenas teórica, de decidir em casa é dos argentinos. Fazer a primeira partida em casa em mata-mata não é novidade para os vascaínos, que em 2011 tiveram boas e más recordações. Uma lição precisa ter sido aprendida: em todos os confrontos, o time saiu de São Januário sem qualquer conforto para o jogo de volta. Na semifinal da Copa do Brasil, com o Avaí, o time ficou no 1 a 1 em São Januário e teve que vencer fora por 2 a 0. Na final, ganhou do Coritiba por 1 a 0 e jogou uma tensa partida de volta, quando conquistou o título mesmo perdendo por 3 a 2. Já na semifinal da Sul-Americana o desfecho foi menos feliz. Após o 1 a 1 no Rio com o Universidad de Chile, o Vasco perdeu em Santiago por 2 a 0. Mas o discurso do time é de evitar qualquer tipo de pressão pela busca de um placar elástico hoje.

— Vamos por etapas. Primeiro, temos que vencer. Depois, tentar vencer sem levar gol. E, por último, se der, tentar vencer por boa diferença de gols, o que nos daria alguma vantagem para a volta — disse Prass.

— Temos que fazer valer o mando de campo. Entramos na Libertadores com uma experiência boa da Copa Sul-Americana — emendou técnico Cristóvão Borges. — Disse aos jogadores que iríamos procurar respostas e poderíamos não encontrar todas. Temos chegado a fases decisivas mas, no momento único da decisão, não tivemos desempenho igual. Uma explicação pode ser o excesso de vontade de ganhar.Carlos Alberto no banco

Para fazer valer o mando de campo, o time pediu o apoio da torcida. Além da derrota para o Botafogo no último domingo, o feriado e o tempo chuvoso inibiram a venda de ingressos. Mas a expectativa é de que hoje a procura seja mais intensa e São Januário encha. Contra argentinos na história da Libertadores, o Vasco tem oito confrontos, com apenas uma vitória, sobre o River Plate, em 1998, na semifinal. Foram cinco derrotas e dois empates. Quatro destes jogos foram duelos de mata-mata: além de eliminar o River em 1998, o Vasco foi eliminado pelo Boca Juniors em 2001.

Carlos Alberto ainda não será titular hoje. Para Cristóvão, o meia precisa de tempo para progredir fisicamente. É provável que o treinador mantenha a equipe que iniciou os dois últimos jogos, contra Flamengo e Botafogo. Ele espera um rival fechado hoje à noite:

— Eles têm um sistema defensivo forte e imagino que virão fechados, tentando nos surpreender no contra-ataque. Os times argentinos lutam muito, sempre. Contamos com a nossa torcida e a nossa atitude também vai ajudar a trazer o torcedor para o nosso lado — disse Cristóvão.

Na conversa de ontem, uma das preocupações do treinador foi se certificar de que o elenco já assimilara a derrota para o Botafogo, pela Taça Rio. Ele disse ter gostado do que viu:

— O grupo reagiu bem. Sabemos que vai existir uma cobrança, mas já vivemos esta situação e conseguimos sair. Vamos precisar ter paciência, em especial pela forma como o time argentino deve jogar.

O zagueiro Dedé foi submetido a um novo exame ontem à noite. Dependendo do resultado, a comissão técnica poderá ter alguma esperança de contar com ele para o jogo de volta contra o Lanús, na Argentina, na próxima quarta-feira.

Vasco: Fernando Prass, Fágner, Renato Silva, Rodolfo e Thiago Feltri; Rômulo, Fellipe Bastos, Felipe e Diego Souza; Éder Luís e Alecsandro. Lanús: Marchesín, Araujo, Goltz, Braghieri e Balbi; Pereyra, Fritzler, Ledesma e Valeri; Pavone e Regueiro. Juiz: Roberto Silvera (Uruguai).

Fonte: Globo Online