Conselhos Médicos não reconhecem medicina ortomolecular
Em nota oficial, o Vasco nega dolo no possível doping de Carlos Alberto e alega que a provável situação foi causada por suplementos manipulados pela medicina ortomolecular que o jogador fazia uso há um ano. Autoridade internacional no controle de doping, o médico Bernardino Santi ressalta que o tratamento não é reconhecido pelos conselhos e não recomenda que atletas procurem esses trabalhos considerados \"alternativos\".
- A medicina ortomolecular não é reconhecida pelos Conselhos Federal e Regional de Medicina. Ainda não tomei conhecimento deste caso (Carlos Alberto), mas o que tem acontecido muito são atletas procurarem estes tratamentos fora do clube, sem avisar aos médicos dos clubes. Tem muita gente de outras áreas, que não são médicos, preescrevendo suplementos. E há uma mania de achar que a medicina tradicional não funciona - declarou ao LANCE!Net o médico, destacando que o serviço de nutrologia, por exemplo, é indicado.
A medicina ortomolecular parece ter virado moda em São Januário e era de conhecimento dos médicos. Em julho do ano passado, Carlos Alberto revelou ter iniciado tal trabalho por recomendação do meia Juninho Pernambucano, ex-jogador do Vasco e que atualmente está no New York Red Bulls (EUA). Pouco tempo depois, foi a vez do apoiador Marlone também aderir.
Procurada pela reportagem, a assessoria do Reizinho informou que não tem como consultar o meia nesta terça-feira para saber se ele quer se pronunciar porque o mesmo está concentrado para o jogo válido pelo Campeonato Americano nesta quarta. Ela, no entanto, ressaltou que Juninho fez diversos exames ano passado que nada acusaram.
Se admitir uso, Carlos Alberto pode ter pena reduzida
Bernardino Santi acredita, no entanto, que mesmo tendo sido detectada mais de uma substância proibida na urina do jogador (Hidroclorotiazida e Carboxi-Tamoxifeno), isso não deve ser um agravante. Ele ainda destaca ser a primeira vez que Carlos Alberto se envolve em um caso deste tipo e lembra que, caso ele admita o uso das substâncias, pode ter a pena diminuída, se ficar confirmado o doping na contraprova.
- Se o atleta admite a utilização das substâncias, geralmente a pena ameniza. Se ele tenta, de alguma forma, esconder o uso, geralmente a pena é mais dura - analisa.
Presidente da comissão antidoping da CBF: \"Não pode dar a desculpa de que houve erro\"
Embora o argumento seja de que Carlos Alberto tenha tomado medicamentos sem saber que continham substâncias proibidas, o presidente da Comissão Antidoping da CBF, Fernando Solera, não compactua com a situação. Para ele, não é aceitável que isso seja apresentado como desculpa.
- Tenho percebido nesses 30 anos de atuação que se procura sempre uma resposta para que algo inocente o jogador, mas - a Fifa entende assim - não existe maneira de justificar, dizendo que foi por engano. A Fifa, a Wada (Agência Mundial Antidoping), todo mundo entende que o atleta é responsável pelo que ingere. Não pode dar a desculpa que houve erro da farmácia de manipulação, por exemplo. Aliás, todas as farmácias são vistoriadas pelo Conselho Regional de Farmácia - destacou ao LANCE!Net.
De acordo com Solera, como o caso aconteceu no Campeonato Carioca, a situação ficará na esfera estadual e será encaminada para o coordenador da Comissão Antidoping da CBF e presidente da Comissão Estadual Bruno Borges. A contraprova foi marcada para esta quinta-feira, às 7h, no laboratório LADETEC, que fica na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Apesar de suas convicções sobre os argumentos que tem sido apresentados, Fernando Solera faz a ressalva:
- Este caso será analisado com calma. O Carlos Alberto terá a chance de se defender. Faz parte do meu trabalho garantir isso.