Conselheiros pedem a saída de Rafael Cobo, VP médico do Vasco
A Diretoria de Integridade, criada como primeiro ato do presidente Jorge Salgado, para garantir a a governança, a transparência e a lisura dos atos da gestão, não viu conflito de interessa na contratação do laboratório Villela Pedras por parte do Vasco. Única credenciada pelo clube para realizar o teste de Covid-19 para o jogo contra o Cruzeiro, a empresa tem no seu corpo clínico o radiologista Rafael Cobo, vice-presidente médico.
O caso gerou reclamação em São Januário. Inicialmente, a torcida considerou o preço de R$ 140 por cada exame caro. Nesta terça-feira, conselheiros ligados ao grupo político Sempre Vasco protocolaram no clube um pedido de esclarecimentos e cobraram o afastamento imediato do dirigente (veja o documento abaixo).
O Vasco anunciou, na sexta-feira, as regras para o retorno de público aos seus jogos. Ao atender à exigência de decreto municipal, indicou o laboratório como único credenciado para a realização do exame. O Flamengo, que também já mandou partidas neste período de flexibilização das restrições, por exemplo, fez parceria com mais de 40 empresas e tinha custo inferior, a R$ 79,90.
No domingo, o Vasco revelou ter procurados três prestadores de serviço. Alegou que a escolha pelo Villela Pedras se deu por "apresentar melhor acordo comercial com o clube" e que o vice-médico "trabalha na clínica, como em outros locais, como prestador de serviço, não tendo nenhuma participação em cargo de diretoria e societária".
O ge, então, questionou o clube sobre o papel da Diretoria de Integridade no caso. Segundo o Vasco, a recomendação interna é sempre evitar se relacionar com empresas que tenham dirigentes do clube como funcionários ou sócios. Houve o entendimento, porém, que a "relação não era grave e impeditiva mediante o contexto da situação" (veja a nota oficial abaixo).
No começo do ano, a Diretoria de Integridade, comandada por Luis Aragão, concordou com a mudança da sede administrativa do clube para uma sala do centro da cidade. O imóvel pertence a Carlos Roberto Osório, o primeiro vice-presidente geral eleito.
Nesta terça, 17 conselheiros ligados à Sempre Vasco foram à secretaria do clube protocolar um pedido de explicação sobre o caso e pedir também o afastamento do vice-médico Rafael Cobo. Entre os pontos destacados, estão:
Quais os outros dois laboratórios consultados pelo Vasco?
Por qual motivo o Vasco consultou apenas três laboratórios?
A Diretoria de Integridade acompanhou o caso?
Funcionários e apoio que trabalharam no jogo fizeram o teste no laboratório? O Vasco pagou pelos testes?
Por que o Vasco não se organizou antecipadamente e evitou a escolha de um único laboratório, com preço alto, que tem o VP Médico com parte do corpo clínico?
- Não podemos compactuar e aceitar que o Vasco, após um longo tempo sem jogos com torcida, cobre R$ 250 por ingresso e aceite que esse laboratório cobre R$ 140 por um teste de Covid. O Atlético-MG credenciou laboratório que cobrou R$ 40, no caso do Flamengo foi R$ 79 pelo teste. O Vasco credenciou um único laboratório. Nós até entendemos a necessidade da agilidade, uma vez que o Vasco teve 48 horas. Mas entendemos que o Vasco tinha que ter pensado de forma preventiva e não esperar a prefeitura liberar para se preparar. Os outros clubes já estavam preparados. Não podemos aceitar isso, tendo em vista que o Vasco tem um setor de compliance. Há um conflito de interesses quando você tem um VP médico atrelado a esse laboratório - disse Eduardo Cassiano, conselheiro do Vasco e membro da Sempre Vasco, que protocolou a carta na secretaria de São Januário, nesta terça-feira.
Nota do Vasco sobre a contratação do laboratório
O Club de Regatas Vasco da Gama teve 48 horas para organizar o evento-teste Vasco x Cruzeiro, válido pela vigésima quinta rodada do Campeonato Brasileiro, em São Januário.
Um dos itens do acordo firmado com as autoridades municipais para a realização do evento-teste previa a exigência de contratar serviço de laboratório credenciado para realização dos exames, com notificação dos resultados no e-SUS VE e criação de banco de dados para fins de fiscalização, respeitando a LGPD. Ou seja, não caberia ao torcedor a responsabilidade da testagem negativa dos presentes no estádio, e sim ao Vasco da Gama. Ainda de acordo com o documento, se fazia necessária a centralização dos dados.
Em 48 horas, o Vasco deveria apresentar um laboratório que atendesse o quantitativo do evento-teste, e que concentrasse esses resultados. Foram procurados três prestadores de serviço, e foi escolhida a Villela Pedras por apresentar melhor acordo comercial com o Clube, além de estar apta ao desafio logístico.
O Vice-Presidente Médico do Vasco, Dr. Rafael Cobo, realmente trabalha na clínica Villela Pedras, como em outros locais, como prestador de serviço, não tendo nenhuma participação em cargo de diretoria e societária.
O Vasco da Gama utilizará o evento-teste para revisar toda a operação de jogo, incluindo protocolo Covid-19 definido pelas autoridades, e comercialização de ingressos, visando a melhoria e o bem-estar de seus torcedores nas próximas rodadas com público.
Nota do Vasco sobre a atuação da Diretoria de Integridade
A Diretoria de Integridade acompanhou o processo de contratação do laboratório a ser credenciado, em razão da exigência prevista no Decreto Municipal nº 49.336/2021, tendo compreendido que os outros laboratórios cotados não estavam aptos a realizar a operação necessária, que incluía o armazenamento de todos os resultados dos testes, e apresentavam preço superior ao cobrado pela clínica credenciada. Para os próximos jogos, a Diretoria de Integridade recomenda o credenciamento de mais de um laboratório.
Fonte: geMais lidas
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