Política

Conheça o grupo político Juventude Vascaína

Um olhar inovador para uma instituição centenária. É com essa identidade que cerca de 50 vascaínos, entre sócios e torcedores, se lançam ao mar revolto que é a política do clube. Resgatar e renovar o Vasco da Gama são os principais desafios e o motivo pelo qual surgiu a Juventude Vascaína.

Fundado em 2017, o grupo caminha a passos largos e já se torna realidade, inclusive, no restrito Conselho Deliberativo, tradicionalmente composto pelos conhecidos “cabeças brancas”, que norteiam grande parte do destino do clube.

No último pleito, por acreditar comungar dos mesmos ideais, a Juventude marchou ao lado do candidato Julio Brant, da Sempre Vasco. Agora, enquanto oposição a atual diretoria, garante fiscalização com responsabilidade.

Entre eles estão alguns nomes de destaque. É o caso de Gabriel Calçada, neto do presidente de honra Antonio Soares Calçada e Luís Felipe Jassus, neto do grande benemérito e presidente da Assembleia Legislativa Faues Mussa.

Em entrevista exclusiva, através do presidente Frederico Gall, a Juventude falou também sobre a atuação, o momento do clube e a participação dos jovens na política vascaína.

Confira a seguir:

Expresso – Como surgiu a ideia do grupo?

Juventude Vascaína – A ideia do grupo surgiu no momento em que estávamos em um dos piores cenários possíveis, em que não víamos mais perspectiva de melhora e com muito medo de piorar o que já estava tenebroso. Nos juntamos e sentamos para ver o que poderíamos fazer, pois não podíamos e nem aguentávamos mais ficar de braços cruzados esperando alguma coisa boa acontecer. Conversamos e percebemos que não nos encaixaríamos nos grupos já existentes no quadro social do clube, tanto pela idade quanto pela mentalidade, logo decidimos criar um grupo que trouxesse uma renovação para o cenário político do Vasco, na questão etária e intelectual, com modernização e profissionalismo, então fundamos a Juventude Vascaína.

EX – Qual a principal missão?

JV – Colocar o clube nos trilhos. Hoje vemos um Vasco afundado em dívidas, marcado por rebaixamentos, problemas políticos, brigas nas arquibancadas e com a imagem denegrida. Queremos trazer de volta o pioneirismo que já tivemos, profissionalizar os setores administrativos, reconstruir e revalorizar a imagem desse clube vencedor e batalhador, com mais transparência nas decisões e um cenário político democrático. Para isso, precisamos de uma renovação não só nas práticas, mas também no quadro social, por isso lutamos pela associação em massa, principalmente de jovens e também de mulheres vascaínas.

EX – Houve alguma resistência quando a ideia foi lançada dentro do clube?

JV – De forma alguma, muito pelo contrário. Quando procuramos alguns grupos e pessoas para falarmos sobre a ideia de criarmos a Juventude, fomos muito bem recebidos e incentivados, pois todos sabem da necessidade de renovação do quadro social e da maior participação de jovens com potencial para ajudar o Vasco. Sempre fomos muito bem respeitados e inseridos no contexto político. Participamos ativamente nas eleições e sempre tivemos voz.

EX – Um saldo que se pode tirar das últimas eleições é justamente a maior presença dos jovens, seja nas redes sociais ou até no número de votantes. A que se atribui?

JV – Isso se atribui ao fato de que muitos torcedores jovens estão passando por uma fase de amadurecimento, entendendo que o Vasco precisa deles não só nas arquibancadas, mas principalmente no cenário político. Vemos que o clube ainda tem práticas e visões retrógradas e antidemocráticas que precisam ser mudadas urgentemente. A Juventude Vascaína vem conversando bastante com os jovens para sermos sua principal voz dentro do clube e estamos abertos para receber opiniões, dúvidas e também para a entrada de novos membros.

EX – Como se deu esse entendimento de apoiar o Julio Brant?

JV – Nosso grupo se reuniu com alguns dos principais grupos de oposição para ouvirmos todos os candidatos à presidência e, de forma transparente, mostrar nossa posição sobre cada um deles. Após uma longa conversa, entendemos que o candidato Julio Brant e a chapa Sempre Vasco estariam mais próximos da visão e objetivo que achamos ideal para reerguer o clube. Propostas claras, transparentes, democráticas, medidas emergenciais de curto e médio prazo, além do planejamento financeiro detalhado, o marketing e a valorização da imagem e história do clube bem estruturados, com maior atratividade para possíveis investidores, justificando a nossa escolha.

EX – De que forma o grupo pretende atuar enquanto oposição?

JV – No Conselho Deliberativo, trabalhamos pelo que julgamos ser o melhor para o Vasco, independente de qual corrente política seja a interessada em nosso voto. Na parte administrativa há uma abertura e admiramos essa postura de convidar membros de outros grupos para assumirem pastas estratégicas, mas a decisão de assumir qualquer cargo entendemos que deveria ser colegiada. Nosso papel como oposição é continuar fiscalizando e cobrando alguns atos da diretoria, independente de quem esteja nela. Acima de Juventude Vascaína, somos Vasco.

EX – Apesar do vascaíno estar cada vez mais interessado em participar da política do clube, o acesso, muitas vezes, traz burocracia. Seja no trâmite e no alto valor da adesão ao quadro social, bem como a falta de informações. Como atuam nesse sentido?

JV – Se tornar e se manter sócio-proprietário está cada vez mais difícil. Como dito ao longo da entrevista, o Vasco é marcado por um estatuto retrógrado e uma burocracia excessiva e falha. Lutamos para trazer cada vez mais vascaínos para a vida política do clube, apesar de todas as dificuldades encontradas. Fizemos as propostas de alteração do estatuto e, em uma delas, defendíamos a redução na taxa de adesão e p aumento dos descontos para sócios, pois além de caro, não temos maiores atrativos que não o direito a voto nas eleições, fator que não é respeitado há um tempo em São Januário. Logo, tentamos por meio das mídias sociais, encontros informais e formais, propostas de alteração no estatuto, aproximar cada vez mais os vascaínos da vida política. Vale ressaltar que a Juventude Vascaína cresceu muito em número de sócios desde as eleições, procurando mostrar tanto aos nossos membros quanto aos nossos torcedores a importância de se associar e ajudar o Vasco. Exemplo disso é o Gabriel Calçda, neto do presidente de honra Antonio Soares Calçada. Gabriel sempre foi sócio, mas após conversar com membros da Juventude e ter uma visão bem parecida, quis particpar do grupo e está conosco nessa luta por um Vasco melhor.

EX – Qual recado a Juventude deixa aos jovens e a torcida, de modo geral?

JV – Nosso recado é, principalmente, para os jovens vascaínos. Fazemos um apelo para que não desistam do clube e não esperem sentados algo acontecer. Juntem-se a nós para fazermos a mudança que todos queremos. Juntos podemos colocar o Vasco novamente numa posição de destaque, a reerguer sua linda história, a reescrever mais uma vitória, modernizar o clube, transformar nosso estádio em um ambiente de paz novamente, revivermos dias de glória e deixarmos um legado para os nossos filhos e netos que, infelizmente, nossos pais não puderam proporcionar. Lembrem-se, enquanto houver um coração infantil, o Vasco será imortal.

Fonte: Expresso 1898