Futebol

Conheça as Rosalinas: canal no YouTube feito por vascaínas

Das tretas no Twitter a um programa só delas sobre o Vasco, precisou basicamente de uma reunião. Assim nasceu o "Rosalinas", canal no YouTube feito por vascaínas para falar do clube do coração, que estreou no início deste mês.

Dulce Rosalina, a primeira-dama das arquibancadas, no aniversário do ídolo do Vasco Roberto Dinamite Foto: Athayde dos Santos / Athayde dos Santos

De várias partes do país, perfis e idades distintas, as torcedoras resolveram dar voz a si mesmas. Se já discutiam tanto o clube nas redes sociais, porque não reunir todas para um pouco mais de uma hora de programa. E ali abordar, sob o ponto de vista delas, a complexa política vascaína, o futebol feminino e o "ramonismo".

– Já consumíamos muito conteúdo de Vasco, éramos muito ativas nas redes, mas acontece tanta coisa no clube, que a mídia não dá conta de se aprofundar. Além disso, sentíamos falta de uma perspectiva feminina sobre o clube. Conversei com a Julia (Moreira) no início de agosto e dia 1º de setembro o programa estava no ar – conta a auditora Juliana Bernardes, carioca que mora em São Paulo.

A escolha do nome não foi tão rápida assim. A primeira ideia, que elas não revelam, foi descartada por ter interpretações distintas. Até que acendeu a luz durante a discussão: "Que tal Rosalinas?", disse uma das integrantes do grupo. Era a forma de homenagear Dulce Rosalina, a primeira mulher a presidir uma torcida organizada e exemplo para todas as torcedoras de arquibancada no Rio.

Dulce, inclusive, serve de inspiração para o propósito do programa. É para falar de futebol, política, esportes do Vasco. Não é um programa sobre questões de gênero, ainda que muitas delas se engajem em outros projetos do tipo, como a violência contra a mulher nos estádios.

– Todas nós que estamos engajadas no programa, sempre passou pela situação de ser chamadas por programas de futebol  apenas para cumprir cotas. "Vamos chamar uma mulher para dizer que somos diversas" ou "Vamos chamar uma mulher para falar de assédio e machismo na arquibancada". Queremos falar de futebol e construir um espaço nosso não apenas por questão de representatividade ou para falar de gênero – explica Julia Moreira, de 22 anos.

Tornar a voz feminina no futebol algo natural, longe de preconceitos, ainda requer um longo caminho a ser percorrido. Elas sabem disso e tiveram a prova logo no primeiro programa.

Erraram a data do jogo do Vasco contra o Botafogo, que havia sido anunciada no dia da inauguração. Os primeiros comentários já apontavam o equívoco.

— Amigos, colegas nossos também erram nas redes sociais, nos programas, e não há a mesma cobrança. Sabemos que precisamos redobrar a atenção, pois qualquer erro vai ser muito maior — afirma Julia.

Foto: ogloboRosalinas
Rosalinas

Fonte: Agência O Globo