Política

Confissão de dívida de Eurico não é reconhecida pela Justiça

Eurico Miranda vai voltar ao Vasco já tendo que se explicar. Uma sentença proferida pela Justiça na última sexta-feira sugere que o mandatário, que toma posse nesta terça-feira, teria forjado uma dívida de pouco mais de R$ 4 milhões beneficiando seu novo vice de futebol José Luis da Silva Moreira, mais conhecido como “Zé do Táxi”.

De acordo com o relatado no processo, Eurico Miranda teria aproveitado o apagar das luzes de seu último mandato, em 2008, para assinar uma confissão de dívida declarando que o Gigante da Colina teria recebido empréstimos vultuosos do Zé do Táxi entre os anos de 2001 a 2003.

No entanto, a juíza Ana Lucia Vieira de Carmo, da 19ª Vara Cível, não só considerou que não existem provas de que tais valores tenham ingressado no clube, como ainda dá a entender que a operação poderia ser fruto de um esquema de lavagem de dinheiro.

Para fundamentar sua decisão, a magistrada diz causar estranheza o fato de que, apesar dos supostos empréstimos terem ocorrido entre 2001 e 2003, o tal termo de confissão de dívida só veio a ser elaborado em 2008, “por pessoas que estavam deixando a Presidência do Clube”, e depois de já se ter transcorrido a prescrição de tais débitos.

Além disso, a sentença destaca que, após perícia detalhada nos registros contábeis do clube, não foi localizado o montante declarado como devido. O único valor localizado a título de ingresso de receitas seria da ordem de pouco mais de R$ 2 milhões, porém sem qualquer identificação de sua origem.

Mas o ponto da decisão que chamou mais a atenção foi o fato de que, de acordo com as declarações de imposto de renda de Zé do Táxi, os valores supostamente emprestados ao clube seriam completamente incompatíveis com o seu patrimônio pessoal. Nesse sentido, destaca a juíza: “Ora, como alguém que tem patrimônio declarado de R$ 1.600.000 pode emprestar a um Clube de Futebol mais de R$ 4.000.000. Data vênia, a conta não fecha.”

Sem adentrar no mérito da questão, a juíza sugere que as operações poderiam ser parte de algum tipo de lavagem de dinheiro: “Ademais, não é crível que uma pessoa empreste mais de 4 milhões de reais a um clube sem exigir qualquer comprovante, a não ser que não tenha interesse em demonstrar ter condições financeiras para tanto, por razões que não cabe aqui relatar.”

A sentença proferida isenta o Vasco da Gama de ressarcir qualquer valor referente a esses supostos empréstimos. A decisão ainda é passível de recurso. Procurado, José Luis da Silva Moreira disse que só vai se pronunciar na quarta-feira.

Fonte: O Dia