Futebol

Confira os números do atacante Nenê jogando pelo Vasco

Nenê se reapresentou ao Vasco, e a torcida quer que permaneça. Considerado o que meia-atacante fez no Brasileirão-2015, se ele saísse, o clube perderia um atleta regular, que disputou todos os jogos do segundo turno (e mais um antes), buscou sistematicamente o gol, fez uma quantidade de finalizações comparável a grandes atacantes que jogaram aproximadamente o mesmo número de minutos que ele, fez assistências para finalizações como grande meia que é e que se consagrou ao assumir com qualidade a cobrança de pênaltis: marcou nove gols (o mesmo que Fred, do Fluminense, e um a menos que Luis Fabiano, do São Paulo), sendo seis de pênalti (Fred fez dois e Fabuloso, um).

Nenê esteve em campo por 1.874 minutos em 20 jogos e virou o artilheiro do Vasco com seus nove gols. Como parâmetro para comparação, jogaram mais ou menos o mesmo tempo que ele os atacantes Emerson (Flamengo, 1.949 minutos em 22 jogos), Fred (Fluminense, 1.977 minutos em 23 jogos) e Luis Fabiano (São Paulo, 1.696 minutos em 22 jogos).

Graças à eficácia na cobrança de pênaltis, foi Nenê quem precisou de menos minutos em campo para fazer cada gol, marcando um a cada 208 minutos (ou um gol a cada 2,3 jogos). Luis Fabiano fez um a cada 212 minutos, Fred, a cada 220 minutos e Emerson, a cada 390 minutos.

O infográfico mostra como Nenê se destaca. Jogou praticamente a metade da campanha e participou de praticamente a metade dos gols do Vascão, consideradas também as assistências, seja como mandante ou como visitante: em 46% dos gols em casa e 47% dos jogos fora. Quem mais se aproxima disso é Fred (35% do total). É fácil entender: quando Nenê estreou, na rodada #19, o Vasco tinha marcado oito gols. A partir daí, fez mais 20 e o meia participou diretamente de 13. Ou seja, considerados só os gols após a estreia dele, participou de 65%. Desses, dez foram marcados quando o Vasco empatava ou perdia por um. Participou de gols considerados decisivos. 

Sua precisão com a bola parada não apareceu apenas nas cobranças de pênalti. Em cobranças de escanteio e faltas levantadas para a área, ele colocou 23 bolas que foram finalizadas diretamente pelos companheiros e três viraram gols. Nesses lances ainda levantou outras cinco que foram concluídas após uma assistência de um parceiro ou rebatida da defesa. Considerando também cruzamentos e jogadas curtas curtas, levantou 40 bolas que acabaram finalizadas (30 com assistências dele), além de dois escanteios olímpicos que levaram muito perigo, um deles acertando o travessão, contra o Palmeiras.


Como não é um atacante com a responsabilidade primeira de colocar a bola dentro do gol e tem essa habilidade, conquistou o posto de cobrador em bolas paradas. A veia solidária lhe torna ainda mais importante dentro do elenco. O que lhe faltou foi um parceiro com quem dividir essas responsabilidades todas, um problema, aliás, que o Vasco ainda não resolveu para a temporada de 2016, onde a prioridade é voltar à Série A. 

Nesse contexto, com a permanência de Nenê o Vasco também ganha uma referência que ajude o clube no trabalho de "sedução" de um goleador. A direção está à procura desse homem de referência e saber que terá com quem trocar em campo é uma motivação para atrair um nome de peso em uma missão de tamanha responsabilidade quanto a volta à Série A.

É preciso levar em conta que Nenê chegou para jogar em uma equipe fragilizada para resolver uma carência aguda e fez o que foi humanamente possível. É completamente diferente do que ocorreu com o atacante Vagner Love, que atuou pelo campeão brasileiro e agora vai deixa o clube para atuar no Monaco, da França, onde Nenê atuou por três temporadas.

Pelo Corinthians, Love atuou em 31 jogos, contra 20 de Nenê pelo Vasco (50% mais). Love ficou em campo por 2.477 minutos contra 1.874 de Nenê (28% mais). Marcou 14 gols contra nove de Nenê (50% mais). Se Nenê fez um gol a cada 208 minutos, Love precisou de 177 minutos (15% menos). Mas como o Corinthians montou uma equipe competitiva, que não dependia dele, Love participou de "apenas" 23% dos gols corintianos contra 46% de Nenê (o dobro).

Apenas como referência das diferenças, Vagner Love já começou o Brasileirão na equipe campeã, mas estreou na primeira rodada, foi substituído com a equipe empatando e ficou logo sete rodadas fazendo trabalho específico de recuperação física, entrando no decorrer de três jogos para ser medida sua evolução. Voltou a ser titular na oitava rodada, e o time perdeu. Com essa organização, foram 14 jogos com ele em campo até a equipe voltar a perder.

Em 20 partidas, Nenê foi substituído apenas quatro vezes ao longo das partidas. Mesmo com ele, a equipe demorou a engrenar, perdendo os cinco primeiros jogos em que ele atou, mas nos cinco jogos seguintes com ele, o time venceu quatro e empatou o outro. Nos cinco jogos seguintes, quatro empates seguidos e uma derrota. E nos últimos cinco, três vitórias e dois empates. Não deu, mas lutou até o fim.

Nenê sair seria péssimo para o Vasco, mas apenas a manutenção dele ainda não resolve, assim como acabou não resolvendo no Brasileirão.

Fonte: ge