Confira entrevista com Kissya Cataldo, remadora do Vasco
Foto: Arquivo Pessoal / Montagem: Torcida do Vasco
Natural de Uberlândia, cidade localizada no Estado de Minas Gerais, Kissya Cataldo, de 29 anos, será a única representante do Remo do Vasco nas Olimpíadas de 2012, que acontecerão na cidade de Londres, na Inglaterra. O engraçado é que a trajetória da mineirinha no esporte começou por acaso, mais precisamente na época que ela trabalhava como estagiária de direito numa empresa. Na oportunidade, o chefe, que também era treinador de remo, viu que Kissya possuía características físicas de uma remadora e insistiu para que ela começasse a praticar o esporte.
No início, a atual queridinha do remo vascaíno fez de tudo para não atender ao pedido do chefe, mas deixou o não de lado quando o mesmo a informou que só deixaria sua irmã praticar o esporte se ela fosse junto. Querendo realizar o desejo da irmã, Kissya topou a condição, começou a remar e se apaixonou pelo esporte, que deu origem ao Vasco da Gama.
Os resultados mostram que todo o esforço do antigo chefe de Kissya valeu à pena, pois a mineirinha acumula títulos e resultados expressivos ao longo de toda sua trajetória no esporte. É justamente por essa atleta que a torcida vascaína irá torcer nos Jogos Olímpicos deste ano.
Atleta que apesar de conviver com a dura realidade atual do remo do Vasco, não largou o clube, como muitos fizeram. É justamente por conta de atitudes como essa que Kissya conquistou o respeito de todos que lutam diariamente para uma melhor valorização do esporte fundador do Gigante da Colina.
É com esse exemplo de mulher, de atleta e de amor ao Vasco que o site Torcida do Vasco entrou em contato e realizou uma entrevista. No bate-papo, que você poderá conferir abaixo, Kissya relembra momentos de sua carreira, revela seus planos para o futuro e pede que um maior cuidado do Vasco com o remo.
Foto: Arquivo Pessoal
Confira uma entrevista exclusiva com Kissya Cataldo:
Você começou a praticar Remo por conta da insistência de seu antigo chefe e de uma chantagem dele, que só deixaria sua irmã, que se interessava pelo esporte, treinar caso você também fosse. Podemos dizer que se a Kissya hoje é uma atleta reconhecida no Remo a culpa é dele? Aproveitando, nos fale um pouco de sua trajetória no esporte.
Sim, é verdade, eu agradeço muito a ele por ter insistido. Eu comecei no remo já tarde, com 18 anos, mas consegui me destacar rápido. Com dois anos de remo já consegui minha primeira convocação para a Seleção e minha primeira medalha em um Sul-Americano. Depois disso tive alguns problemas com lesões, trocas de clube e perdi algum tempo parada, sem poder treinar e sem poder competir. Consegui participar dos jogos Pan-Americano de 2007 aqui no Rio, mas não obtive medalhas. E faz oito anos que tento conseguir ir para uma Olimpíada. Batia na trave e sempre perdia na seletiva nacional. No ano passado coloquei isso como objetivo de vida, foquei e consegui ganhar da Fabiana Beltrame, para quem eu perdi em 2004 e 2008. Por conta dessa vitória, consegui uma vaga para representar o Brasil no single skiff no pré-olímpico para Londres.
Logo em sua primeira competição você não decepcionou e conquistou um excelente resultado. Acha que seu desempenho nas primeiras competições fez com que você se apaixonasse pelo esporte?
Sim, com certeza. Meus resultados fizeram com que eu me apaixonasse e acreditasse que seria capaz de me destacar no esporte.
Onde surge o Vasco nessa trajetória? Quem te trouxe para o Vasco? Conta um pouco sobre essa história.
Quem me trouxe para o Vasco foi o meu técnico Marcelo Neves, junto com o vice de remo na época do Eurico. Cheguei ao clube no final de 2007.
O Vasco hoje é um clube conhecido internacionalmente por conta do Futebol, mas foi o Remo o primeiro esporte a ser praticado no clube. Como você se sente podendo remar por um clube de tamanha tradição no esporte?
Sim. O Vasco é um clube de REGATAS Vasco da Gama, mas hoje em dia poucos sabem disso e não dão importância para o esporte que fundou o clube. Mas isso é nacional, pois o Brasil é o país do futebol. Os esportes olímpicos ainda precisam de muita coisa para evoluir e o remo ainda está engatinhando. Eu amo remar no Vasco, mas no momento o remo do Vasco está abandonado. Eu sou a única atleta do Vasco na Seleção principal de remo e a única atleta que irá representar o Vasco nas Olimpíadas. Acho que ainda falta reconhecimento para os atletas dos esportes olímpicos.
Foto: Arquivo Pessoal
Seu bom desempenho fez com que você chegasse à Seleção Brasileira e disputasse dois Pan-Americanos. Dentro de alguns meses você disputará as Olimpíadas de Londres. Fala um pouco sobre tua trajetória na Seleção e sobre sua expectativa para essa competição.
Eu sempre gostei de remar. Quando a gente gosta do que faz e faz com o coração o resultado é positivo. Sempre consegui meus objetivos. Fiz parte da Seleção nos jogos Pan-Americanos e obtive algumas medalhas em Sul-Americanos, um de ouro, quatro pratas e três bronzes. Infelizmente a medalha no Pan-Americano ainda não veio, mas sempre estive nas finais. E agora pela primeira vez consegui o objetivo maior de qualquer atleta, que é ser um atleta Olímpico. Agora é continuar com muito trabalho, treino e disciplina para alcançar uma boa colocação nos jogos.
Sabemos que o Flamengo possui um bom investimento no Remo e que a Fabiana Beltrame recentemente conquistou um Mundial. Como foi para você ter a oportunidade de derrotá-la? Ela é um espelho para você?
Sim. O Flamengo está investindo nos esportes Olímpicos. A Patrícia Amorim foi de um esporte olímpico e conhece bem a vida de um atleta do esporte amador. A maioria dos atletas que estão lá agora são ex-atletas do Vasco. A Fabiana sempre foi um espelho e um exemplo de atleta para mim, pois é muito disciplinada e focada. Quando ela ganhou a primeira medalha na Copa do Mundo eu pude ver que nada era impossível para quem tem força de vontade, disciplina e persistência. Coloquei o remo como meu foco principal e o resultado veio. Quando ganhei dela pela primeira vez no estadual foi maravilhoso, pois fiquei com um sentimento de que podia vencê-la, porque nunca havia vencido a Fabiana no single skiff. Quando ganhei na seletiva nacional para as Olimpíadas foi o dia mais importante e feliz da minha vida. Eu sabia que o único jeito de conseguir ir para as Olimpíadas era ganhando. Havia perdido em 2004 e em 2008, mas agora consegui. Na hora eu chorava, sorria e pensava: agora eu vou para uma Olimpíada. No dia falaram que tinha dado zebra..
Como a Kissya vai se preparar para as Olimpíadas? Quais são os seus planos para o futuro?
Já estou treinando na Seleção desde a convocação há dois meses para o pré-olímpico. Agora voltamos a treinar visando os jogos olímpicos, mas acredito qie antes vamos ter algumas competições internacionais pela frente.
Foto: Arquivo Pessoal
Você declarou em recentes entrevistas que é muito vaidosa. Segue fazendo algum tipo de trabalho de modelo?
Sou uma atleta que se preocupa com a beleza, a saúde e a qualidade de vida. Gosto de me cuidar e me sentir bem e bonita. Ultimamente não tenho feito trabalhos de modelo, pois meu foco estava sendo as Olimpíadas e dediquei meu tempo para os treinos e descanso.
O que representa o Remo para você?
O Remo significa em minha vida um estilo de vida saudável, que com o passar dos anos me transformou fisicamente, psicologicamente e me tornou mais confiante e mais feminina, atraente. Hoje me sinto realizada através do esporte e quero divulgar seus resultados em minha vida: Persistência, Superação e Confiança. São valores que fazem parte de minhas ações. E quero poder disseminar esse poderoso esporte, que me faz a cada dia mais saudável, realizada e feliz.
Que mensagem você deixaria para o nosso leitor?
Que fico muito feliz por poder representar o Vasco nas Olimpíadas. Gostaria muito que os torcedores vascaínos conhecessem um pouco mais do meu esporte, esporte que deu origem ao clube. Conto com a torcida de todos deles em Londres. Fonte: Site Torcida do Vasco
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