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Confira as razões da desconfiança da torcida com o Vasco

RIO - Por que nem vencendo o Lanús em São Januário e levando a vantagem do empate para o jogo da volta, na Argentina, o Vasco consegue ficar em paz com a sua torcida? Era para estar confiante no time. Mas o torcedor vascaíno, em sua maioria, está é desconfiado.

- A torcida do Vasco é assim, eu conheço, porque joguei aqui há muitos anos e senti isso quando cheguei de Recife. Do mesmo jeito que reconhece, cobra - disse Juninho, do alto de sua experiência de ídolo, campeão brasileiro em 1997 e da Libertadores em 1998.

Carlos Alberto saiu pelo mesmo caminho:

- Jogar numa grande marca é desse jeito. O torcedor pressiona, quer resultado.

O técnico Cristóvão Borges, alvo de gritos de \"burro\" e dos protestos, também foi diplomático:

- A torcida enxerga de uma maneira e tem seu direito de ficar insatisfeita. Eles vieram, nos apoiaram, não concordaram (com a mudança de Felipe por Fellipe Bastos contra o Lanús) e se manifestaram.

Verdade é que há motivos de sobra para acreditar na classificação às quartas de final. O Vasco tem mais time do que o Lanús. E fora de casa, na Libertadores, faz ótima campanha: em três jogos, duas vitórias e um empate na primeira fase. A equipe marcou gols em todos os jogos que disputou em 2012. Empatar ou mesmo vencer na Argentina não é nenhuma missão de outro mundo, especialmente para uma equipe que já deu mostras desde o ano passado de garra e dedicação.

Mas a desconfiança da torcida tem lá seus motivos. São erros que o Vasco vem cometendo e deficiências que vem apresentando que deixam o torcedor inseguro sobre a real capacidade do time de ir adiante num torneio tão duro quanto a Libertadores.

- Temos talento, temos qualidade, mas ainda falta um pouquinho para sermos os melhores do Brasil e podermos assim ganhar a Libertadores. Pode ser também falta de calma e tranquilidade - acrescentou o craque, logo após o 2 a 1 sobre o Lanús.

Sete razões para a desconfiança dos vascaínos em relação ao time:

1 - FRUSTRAÇÕES RECENTES

O elenco que ganhou a Copa do Brasil e chegou ao vice-campeonato brasileiro viveu uma lua de mel com o torcedor em 2011. Mas em 2012, nas duas finais de turno que disputou no Carioca, rateou. Diante do Fluminense, na Taça Guanabara, e do Botafogo, na Taça Rio, viu os adversários jogarem muito melhor e perdeu por placares largos e idênticos: 3 a 1. Deixou a sensação de que está faltando poder de decisão. Foram dois vices seguidos, e doloridos.

2 - IRREGULARIDADE

O Vasco tem demonstrado uma oscilação incômoda de um jogo para outro e, muitas vezes, dentro de uma mesma partida. O time alterna exibições seguras, como a que teve na vitória sobre o Flamengo na semifinal da Taça Rio, com apagões inexplicáveis, como o vivido diante do Botafogo, uma semana depois. Num mesmo jogo, é capaz de fazer um primeiro tempo apático e só na segunda etapa se tornar vibrante. Ou o contrário.

3 - A ZAGA

Com Dedé, todos os defeitos parecem sumir, graças à qualidade do zagueiro, um dos melhores do Brasil atualmente. Sem Dedé, como foi no último mês, é um caos. Todos os outros que são escalados fazem o torcedor ter calafrios a cada ataque adversário.

4 - A FALTA DE ATENÇÃO

Nos três últimos jogos a concentração do time evaporou em momentos cruciais. Contra o Flamengo, um gol logo a dois minutos de jogo, com Vagner Love livre na área. Na semana seguinte, aos três minutos, a desatenção deixou Loco Abreu sozinho na área: gol do Botafogo. Contra o Lanús, aos dois minutos do segundo tempo, Fágner faz um pênalti bobo em Regueiro. Um impedimento bem marcado salvou o Vasco e o árbitro voltou atrás. Poderia ter sido pior.

5 - FÁGNER

A má fase do lateral-direito, que nunca foi bom na marcação, apesar de eficiente no apoio, é um problema. Fágner falhou em dois gols do Botafogo no domingo passado e no gol do Lanús na quarta. Falhas graves de posicionamento.

6 - ALECSANDRO

Ele faz gols, é artilheiro do time na temporada. Mas a cada briga que trava com a bola deixa evidente a necessidade do time em contar com outro atacante de área no elenco. Urgentemente.

7 - CRISTÓVÃO

A substituição de Felipe, um dos melhores e mais criativos do time naquele momento, diz tudo. A torcida desabafou. O treinador, que cresceu e se afirmou junto com o time no ano passado, após o problema de saúde de Ricardo Gomes, tem sido frequentemente questionado pelos torcedores. Em muitas das vezes, com razão.

Fonte: Globo Online