Confira a entrevista de Dorival Júnior ao Jornal do Brasil
Aos 46 anos, o técnico Dorival Júnior encara de frente o maior desafio de sua carreira. Responsável pela renovação do Vasco, cabe a este paulista de Araraquara a missão de colocar o time de volta na primeira divisão. Antes disso, ele terá um desafio tão espinhoso quanto o de recolocar o clube na elite nacional: fazer com que um time montado em apenas 15 dias possa ser competitivo o suficiente para conquistar o título Carioca, algo que não acontece desde 2003. Sem rodeios, Dorival Júnior não faz promessa, mas garante que a partir de hoje a torcida verá um Vasco melhor.
Você fica nervoso antes da estréia?
Estou muito tranqüilo. Confio no potencial dos jogadores e, principalmente, confio no meu trabalho. Estou muito animado e consciente do que pode acontecer com a minha equipe.
O que a torcida pode esperar do Vasco a partir desta primeira rodada?
Pode esperar um time vibrante, que vai lutar a todo instante. Vai iniciar o campeonato com alguns problemas ainda, até porque futebol é conjunto e não dá para fugir disso. Mas em termos de vibração e comprometimento, disso eu não tenho dúvida de que vamos ter. No primeiro momento vamos ter algumas dificuldades, mas depois a equipe vai se ajustar, crescer e os resultados vão aparecer.
O que você espera dos jogos deste Campeonato Carioca?
Os adversários não se conhecem. Quando você conhece o seu inimigo, sabe o que pode esperar da sua equipe em relação a ele. O nosso adversário não nos conhece nem nós a eles. Nossa equipe é nova, foi toda reformulada, mexida em todas as posições. Fica assim uma grande incógnita. Será que o nosso trabalho foi o suficiente? Será que temos muito a melhorar? Até onde a gente pode ir? Isso gera uma grande expectativa em todos.
Além disso, o tempo do campeonato é curto. Isso preocupa a comissão técnica?
Espero que os jogadores contratados possam dar uma resposta mais imediata. Sei que a exigência é grande e temos que estar sempre atentos, porque uma equipe grande como a nossa não pode parar em momento nenhum. Teremos de estar muito ligados durante todo o campeonato. Os treinamentos iniciais foram importantes, mas agora precisamos nos concentrar na montagem da equipe para ela ser o mais competitiva possível. É o nosso primeiro desafio.
Os jogadores do Vasco são bem mais altos e mais fortes do que os da última temporada. Você levou isso em consideração na escolha dos atletas?
Não, simplesmente aconteceu. Foi uma coincidência, mais nada.
A torcida do Vasco pode sonhar com o título Carioca ou seria exigir demais deste time?
Hoje eu diria que é preciso ter cautela. Primeiro a gente tem que conhecer aquilo que vai ser a equipe. Daqui a um, dois meses, talvez eu posso estar te dizendo outra coisa. Eu prefiro primeiro trabalhar muito para tirar a diferença que existe em relação às demais equipes.
Você consegue pensar em outra coisa que não seja o Vasco?
É muito difícil. Ou você se entrega ou compromete o seu trabalho. Eu sempre preferi pegar firme e forte naquilo que estou fazendo. Nós temos muita coisa para realizar. Não vai ser tão fácil assim alcançar tudo que a gente quer. O Vasco está num processo de transformação e tem que mudar muita coisa.
A família fica muito prejudicada neste momento?
Sempre fica. Eles estão em Florianópolis e vêm ao Rio eventualmente. Tenho três filhos e todos curtem futebol. Eles querem saber de tudo, dão palpites e tentam até escalar o time. Se deixar, até querem contratar alguns jogadores (risos).
Ser mulher de treinador em uma hora dessas não deve ser fácil.
A minha mulher é muito paciente e comanda a casa. Estou com a Valéria há 23 anos. Ela me conhece desde os tempos de jogador e acompanhou a minha carreira. Ela casou consciente, não foi propaganda enganosa (risos).
O que você faz para relaxar nas horas vagas?
Gosto de jogar tênis e também de tomar um bom vinho nacional. Não sou um especialista, mas consigo buscar alguns aromas. O vinho brasileiro está cada vez melhor e quando posso não deixo de tomar um cálice.
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