Como jogador, Jorginho foi demitido do Vasco por justa causa
Os tempos eram outros. Jorginho chegava aos 36 anos em São Januário para fazer parte de uma verdadeira constelação no Vasco. Vitorioso no Flamengo, campeão do mundo pela Seleção e com carreira sólida na Europa, o novo técnico do Vasco seria volante titular de uma das maiores formações da história vascaína: venceu a Copa João Havelange - final realizada em janeiro de 2001 - e a Copa Mercosul, na histórica virada de 3 a 0 para 4 a 3 sobre o Palmeiras, e fez parte de uma equipe lembrada até hoje pelos vascaínos.
Hélton, Clébson, Odvan, Júnior Baiano e Jorginho Paulista; Jorginho, Nasa, Juninho e Juninho Paulista; Euller e Romário. Era esse o time comandado por Joel Santana campeão brasileiro e sul-americano em 2000. Na reserva, nomes como Mauro Galvão, Pedrinho e Viola. Experiente, Jorginho aliava técnica ao poder de marcação em nova função no país que viu cruzamentos perfeitos e passes precisos como características marcantes do jogador revelado pelo América.
Apesar da boa e vitoriosa passagem pelo Vasco, Jorginho - que estava no elenco vice-campeão do mundo em 2000 - saiu pela porta dos fundos de São Januário. Ao lado de Odvan, o novo técnico vascaíno foi acusado de liderar tentativa de greve em São Januário. Ele e o zagueiro vascaíno terminaram demitidos por justa causa pelo vice-presidente de futebol Paulo Pereira, que comandava o departamento no primeiro ano da presidência de Eurico Miranda. Jorginho negou que estivesse à frente de qualquer movimento do tipo e fez duras críticas ao mandatário.
- Queriam me mandar embora, pois sabiam que não iriam ter dinheiro para pagar o que me devem. Então, armaram essa história de greve, para me dar uma justa causa. Foi uma molecagem; não é coisa de homem. É atitude de gente baixa - dizia à época Jorginho em entrevista ao jornal 'O Dia'. Ele ainda comparou a proibição dos jogadores darem entrevistas no Vasco ao regime ditatorial do Afeganistão:
- Os jogadores não podem falar. É como se estivessem no Afeganistão, em meio ao regime do Talibã. A sensação que se tem é de estar usando burcas.
Anos depois, Jorginho, que já era auxiliar de Dunga e se preparava para a Copa do Mundo da África do Sul, entrou na fila do ato trabalhista e terminou de receber quase toda a dívida - Jorginho pedia na Justiça cerca de R$ 1,5 milhão - cobrada no ano passado. O advogado que conduziu parte do processo do jogador Eduardo Salek explicou, porém, que a ação ainda está ativa no Tribunal Regional do Trabalho. O clube quita alguns valores referentes ao INSS.
Opção viável
Jorginho chega com o preparador físico Joelton Urtiga, que trabalhou com o treinador no Flamengo. O auxiliar de desempenho Carlinhos também acompanha o novo técnico do Vasco. Outro ex-flamenguista, Zinho, campeão do mundo em 1994 ao lado de Jorginho, será o auxiliar técnico do novo comandante vascaíno. Ele faz seu primeiro treino nesta segunda-feira e será apresentado ao lado de Eurico Miranda após a atividade.
Depois de não conseguir avançar nas negociações para contratar Oswaldo de Oliveira e de receber série de ofertas - que vão de Clemer, ex-goleiro do Flamengo e Internacional, a Guto Ferreira e Gallo -, o presidente do Vasco fechou com Jorginho. O treinador estava sem clube desde que deixou o Al-Wasl, dos Emirados Árabes, no ano passado.
Ex-auxiliar de Dunga na Copa do Mundo de 2010, Jorginho teve destaque no início da carreira quando dirigiu o América e depois teve passagem boa pelo Figueirense em 2011. O treinador também passou pelo Goiás, Kashima Antlers, foi demitido em curta trajetória no Flamengo e também treinou a Ponte Preta em 2013. O treinador completa 51 anos nesta segunda-feira.
Fonte: ge