Futebol

Comentaristas dão opinião sobre esquema 3-3-3-1 de Lisca

Apesar da eliminação na Copa do Brasil, a nova formação do Vasco contra o São Paulo deixou boa impressão. Durante parte do primeiro tempo, até a expulsão de Léo Jabá, o time apresentou melhor futebol, com muita movimentação e aproximação entre os homens de frente. O esquema 3-3-3-1 trouxe evolução.

Mas será que Lisca deve mantê-lo a partir do duelo com o Vitória, sábado, pela Série B? O treinador disse após o jogo que o esquema passa a ser uma opção de jogo, mas deu a entender ter sido uma escolha circunstancial diante das características do São Paulo. A questão dividiu opiniões.

Se em enquete do ge a imensa maioria dos torcedores se mostrou a favor da manutenção da novidade, (82% dos votos), comentaristas do Grupo Globo revelaram ter opiniões diferentes. A questão maior, a despeito da continuidade do 3-3-3-1 ou retorno do 4-3-3, no entender de Paulo Vinícius Coelho, é criar as condições para ter superioridade numérica em cada setor. Foi assim que, no ataque, o Vasco conseguiu envolver o adversário, algo raro nos últimos tempos.

- Parece muito com o que o (Marcelo) Bielsa fazia na seleção da Argentina. Era um 3-3-1-3, que no fundo é a mesma coisa. Você depende do posicionamento dos pontas. Só que, com o Bielsa, era sistema tático. Com o Lisca, parece ser movimentação, como o Renato Gaúcho faz no Flamengo. Um 3-3-4, quando tem a bola, para atacar. Quando perde a bola, você volta e faz até linha de cinco. Pode ser criativo. A questão é você ter superioridade numérica em um setor. Então, quando tem quatro no ataque, você pode deixar defensores no mano a mano. E isso te ajuda a construir situações de gol - opinou PVC.

Lédio: "Melhor atuação em pelo menos dois meses"

Lédio Carmona, que participou da transmissão de Vasco 1 x 2 São Paulo pelo SporTV, concorda com a maioria da torcida. Ele acha que, antes de Léo Jabá ser expulso, o time carioca teve sua melhor atuação em pelo menos dois meses.

- Até o Jabá ser expulso, o Vasco fazia seu melhor jogo em pelo menos dois meses. Jogava bem, equilibrava o jogo e foi melhor do que o São Paulo em alguns momentos. Marcava em cima, os atacantes trocavam de posição, o Marquinhos Gabriel estava mais ligado, o Zeca trabalhava como ala fazendo uma boa partida. Estava acontecendo. O time realmente fazia uma boa partida. O Juninho, nesse período, talvez tenha feito sua melhor partida desde que subiu para o profissional. O Vasco tinha boas chances de conseguir um resultado interessante. Acho que isso que fica para o restante da temporada. O Lisca está começando a achar a cara do time. Não sei se será exatamente essa, mas os sinais foram positivos. Eu manteria essa escalação, até porque funcionou. A diferença do Vasco do primeiro para o segundo jogo contra o São Paulo é enorme - afirmou Lédio, para completar:

- Eu não mexeria. Manteria exatamente o mesmo time. Como o Bruno Gomes provavelmente não poderá jogar, eu pensaria no Andrey, no Galarza ou no próprio Romulo, que não entrou mal. O Lisca tem opções. Eu manteria os três na frente, tentaria pilhar mais o Marquinhos Gabriel para ter mais intensidade, apesar de ele ter cumprido bem o papel, na medida do possível. Eu insistiria com essa escalação. O time fez sua melhor atuação dos últimos dois meses até a expulsão do Jabá.

Conforme as estatísticas da TV Globo, o Vasco finalizou sete vezes no gol de Volpi. Três no primeiro tempo, etapa na qual Jabá levou vermelho aos 33 minutos.

Roger aponta escalação circunstancial

Roger Flores, no entanto, contou pensar diferente. O comentarista, que participou da transmissão da TV Globo, acredita que o Vasco ainda não tem um time pronto para definir um esquema fixo e terá de se adaptar de acordo com os adversários. Qualquer mudança radical e definitiva demandaria tempo para treinar e ajustar a equipe, o que Lisca praticamente não teve em duas semanas no clube. Foram quatro partidas em 12 dias desde que chegou para substituir Marcelo Cabo.

- No futebol moderno, se deve continuar ou não com o esquema, tem que ter um time muito pronto e muito capaz. Um time que esteja pronto para encarar qualquer um dessa maneira. O Vasco não tem isso. Tentou se adaptar ao estilo de jogo do São Paulo, que joga com dois atacantes e dois alas. O Vasco foi com três zagueiros e encaixou a marcação atrás. Mas é uma coisa que demanda mais treino, entrosamento, e para mim foi circunstancial - contextualizou Roger.

Roger analisou que o Vasco deixou espaços pelos lados e que a novidade carece de mais tempo de treino:

- Logicamente, na Série B, pelo tamanho tem, o Vasco tem uma obrigação e uma necessidade maior do que os outros de ter controle de jogo, volume ofensivo e ser protagonista. Mas muitas vezes ainda terá de jogar de acordo com adversário e, invariavelmente, terá que mudar seu esquema tático. Se deve continuar com essa formação ou não, é muito subjetivo. Vai depender de quem será o adversário. Em alguns momentos a formação funcionou, e o time teve mais aproximação. Mas achei que o Vasco ficou muito vulnerável pelos lados. E isso depende de treino. É muito difícil de uma hora para outra. Ainda acho que o Vasco é um time que tem que se adaptar ao adversário, e ai é o Lisca que vai ter que decidir a forma de jogar a cada jogo.

Leonardo Miranda quer mesmo esquema, com novas peças

Há também quem manteria o novo esquema, mas trocaria jogadores. O jornalista Leonardo Miranda, do blog Painel Tático, do ge, destacou a evolução do time na nova formação de Lisca, mas gostaria de ver peças diferentes na engrenagem:

- Acredito que o 3-3-3-1 deve ser mantido, sim, com algumas alterações, como a entrada do Léo Matos como zagueiro e o MT no lugar do Léo Jabá ou do Morato. Por mais que tenha sido circunstancial, o aumento de rendimento do time contra uma equipe muito superior como o São Paulo foi muito animador. O Vasco criou muitas jogadas e neutralizou os dois atacantes do rival.

O diferencial pode ser aproveitar a versatilidade dos atletas.

- Como nem todo time na Série B joga com dupla de ataque, a entrada do Léo Matos pode criar uma variação no desenho. Ele apoiaria quando o time tem a bola e Castan e Miranda ficariam atrás, ajudando a ter mais jogadas pelos lados, que é o que faltou contra o São Paulo. A versatilidade de alguns jogadores ajuda. Marquinhos Gabriel jogou bem como um meia mais centralizado, mas pode fazer o lado do campo. Zeca é lateral de origem, mas jogou como meia no Inter. Léo Matos foi zagueiro na Grécia, com Abel Ferreira, e pode ser lateral. Ernando também pode ser usado como um lateral mais defensivo. Dá até para Lisca mudar o sistema na mesma partida. O bom é que, agora, ele terá mais tempo de treino para testar essas variações - analisou Léo Miranda.

O que pensa Lisca?

Apesar da empolgação da torcida com o 3-3-3-1, Lisca deu a entender, após o jogo contra o São Paulo, que deve voltar ao esquema original, uma variação de 4-4-2 com 4-3-3, na Série B.

- (O 3-3-3-1) é uma opção. Entrou bem principalmente quando enfrentarmos times com dois atacantes. É um ponto alto deles, inclusive as bolas em diagonais do Benítez. Mas temos um modelo mais estabelecido, com mais posse e circulação. Precisamos de alguns ajustes. Mas é importante ter variações ofensivas e defensivas. Pelos 25 minutos, apresentamos competitividade e estávamos melhor do que o São Paulo - disse Lisca, após o jogo.

Fonte: ge