Futebol

Comandante do Gepe dá resposta a Eurico sobre segurança em São Januário

O tenente-coronel João Fiorentini rebateu o presidente do Vasco, Eurico Miranda. Em coletiva de imprensa na tarde dessa sexta-feira, o dirigente vascaíno desqualificou o relatório do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe) e disse não conhecer a razão da tentativa de confronto do tenente-coronel contra o clube. Fiorentini ratificou item por item do documento enviado ao Ministério Público e lamentou que Eurico tenha levado para o lado pessoal uma questão técnica. O comandante do Gepe reforçou ainda que a colocação dos stewards - seguranças na beira do campo - é falha na sua opinião.

- Se o steward fica dentro do campo em nenhum momento ele perde a visão do torcedor. Ali, fora, se o torcedor chega e começa a conversar com ele ou pondera alguma coisa, outro passa por trás e entra no campo. Entendo que assim seja falho. Não sou só eu que penso assim. Todas as polícias do mundo falam a mesma coisa - disse Fiorentini, evitando entrar em choque pessoal com o presidente do Vasco, mas sem deixar de respondê-lo. - Quando não se tem argumentos, se quer criar fatos. Não vejo escudo, não vejo clube, vejo a segurança.

Segundo ata do jogo deste domingo, disponível no site da Ferj, o clube escalou 12 stewards, oito a menos do recomendado pelo Gepe. Fiorentini, aliás, faz questão de lembrar que o número que ele pediu de seguranças em São Januário para jogos sem alambrados, grades ou vidros naquele setor é exatamente o mesmo pedido para o Maracanã.

- Se eles acham que 20 homens ali é demais, vamos ver como funciona na prática, vamios negociar e, se ele me provar que estou errado, vamos reduzir. Não podemos iniciar para dar errado, mas para dar certo. Ele está inovando e eu vou pelo que funciona em todo o mundo. Eu e ele somos responsáveis pela segurança. Entendo que estamos caminhando na mesma direção, mas infelizmente ele pensa o contrário. Se algo der errado, nós dois somos responsáveis. Só falo de aspectos técnicos e de segurança, em nenhum momento quis administrar o clube - rebateu o tenente-coronel do Gepe.

Há quase quatro anos no Gepe, Fiorentini lamenta que não tenha sido consultado para a retirada dos vidros. Ele diz que a Polícia Militar foi pega de surpresa e que, se houvesse tempo hábil, poderia ter reprogramado a quantidade de homens para enviar a São Januário, pois é uma mudança que "implica na segurança do espetáculo".

Sobre o relatório, ele reforçou que a interpretação do Estatuto do Torcedor é frontalmente contrária à de Eurico Miranda. O presidente vascaíno, por exemplo, disse que o clube faz o controle de acesso a social. Para Fiorentini, a social não é uma área a parte que não dialogue com o que diz a lei.

- Na visão dele, a social não está sujeita às regras do estatuto do torcedor. Discordo dele, entendo que sim. Estatuto fala que para o acesso e a permanência do torcedor tem que ter ingresso válido. Está lá no artigo 13-A. Não falo em momento algum que é por interesse escuso ou qualquer coisa do tipo no meu relatório. Ele diz que estavam devidamente identificados os atletas residentes, pais de atletas e funcionários. Se estivessem realmente, não estaria no meu relatório. Mas é um problema muito fácil de se resolver. É só dar credencial para o atleta ou ceder ingresso de cortesia. Isso já foi conversado dentro do clube e ele entende que não tem obrigação de fazer isso. Isso implica na segurança. Se temos uma capacidade de cinco mil pessoas, a social está lotada num jogo de mais apelo e entram mil sem ingresso, vou ter um setor superlotado - ressaltou, lembrando que não acusou o Vasco de vender bebidas, mas apenas registrou que duas pessoas que posteriormente foram levadas para o Jecrim estavam vendendo bebidasalcóolicas dentro de São Januário.

Liberado para receber clássicos

Tentando afastar qualquer suspeita de conspiração do Gepe contra o Vasco ou ao estádio de São Januário, Fiorentini disse que há 10 anos, na Polícia Militar, foi ele quem autorizou a realização de clássicos no estádio vascaíno no Campeonato Carioca de 2005. Para emitir um laudo deste ano para a mesma liberação, ele apresentou novas exigências, parcialmente cumpridas pelo ex-presidente Roberto Dinamite e agora finalizadas na administração Eurico Miranda. A mais recente delas, agora, ao desalojar salas de organizadas de São Januário. O Gepe, explica Fiorentini, fez esse pedido pois chegava para trabalhar em partidas e já havia torcedores uniformizados dentro dessas salas, sem permitir revista e controle da Polícia.

Fiorentini parabenizou Eurico Miranda pela decisão de não dar mais ingressos para as torcidas organizadas e lembrou que tem feito esse pedido aos presidentes de clube "categoricamente" há quase quatro anos. O presidente do Vasco questionou procedimento recente do Gepe de escoltar grupos de torcedores organizados até o estádio. Eurico lembra que as torcidas estão suspensas pela Justiça e não são sequer reconhecidas pelo clube. Fiorentini contesta e diz que agora, com medida judificial diferente, a relação do Gepe com as organizadas também vai mudar.

- Antes estavam impedidos de entrar com símbolos, bandeiras, não se proíbia a entrada de componentes. Agora mudou, a atual decisão da Justiça impede a entrada. Já mandei ofício para todos dizendo que seria um deslocamento ilegal a partir desse momento - explica Fiorentini, que viu insinuações que o ofenderam nesta questão nas palavras de Eurico.

- Só fiz observações técnicas em todo momento. Mas a partir do momento que ele insinua que tenho interesses escusos (a discussão) passa um pouco do aceitável. Não é do meu caráter trabalhar dessa forma.

Fonte: ge