Com um vasto currículo na Libertadores, Erazo aconselha os mais jovens
Numa manhã ensolarada de sábado no Rio de Janeiro...
- Quantas Libertadores você já jogou?
- Acho que deve ser...
- Perdeu as contas? (risos)
- Perdi... (risos). Umas cinco? Teve pelo Barcelona de Guayaquil, Atlético-MG, Nacional... Foi por aí.
Quase, Erazo. Na verdade, você disputou a Libertadores quatro vezes. Mas isso já é o suficiente para o zagueiro do Vasco, aos 29 anos, ser experiente na competição internacional. Afinal, já são 20 jogos por toda a América do Sul. E, no Cruz-Maltino, ele tenta ajudar os mais jovens a superar altitude, catimba, critérios diferentes dos árbitros e até gandulas.
Nesta quarta-feira, o Vasco terá uma missão que poderia ser muito simples. Depois de vencer o primeiro jogo por 4 a 0, enfrentará o Jorge Wilstermann em Sucre, na Bolívia, às 21h45 (de Brasília), para garantir a vaga na fase de grupos da Libertadores. Parece fácil, mas a altitude de 2.800m preocupa o time comandado pelo técnico Zé Ricardo.
Não só exatamente os metros acima do mar, mas como o Jorge Wilstermann irá utilizá-los para tentar, de qualquer jeito (já que não tem nada a perder), destruir a vantagem do Vasco. Erazo, com quatro Libertadores no currículo e diversos jogos pela seleção equatoriana em Quito, a 2.850m do nível do mar, avisa: é preciso tomar cuidado com exatamente tudo.
- Eles tentam jogar rápido, os gandulas devolvem a bola rápido. Então, não tem tempo para respirar. Já estive do outro lado. Quando tem jogo da minha seleção em Quito, falamos para os gandulas devolverem rápido, partir para cima, chutar de qualquer lugar, não dar tempo para respirar. Tem de saber sofrer, saber quando atacar, defender. Quando partem para cima, vão deixar espaço. Temos de saber dosar a energia - disse o defensor, em entrevista ao GloboEsporte.com.
O objetivo de Erazo e dos mais experientes é tranquilizar os mais jovens, com informações e conselhos. Afinal, do time titular comandado por Zé Ricardo, o zagueiro Ricardo (21 anos), o lateral-esquerdo Henrique (23), o meia Evander (18) e o atacante Paulinho (17) ainda não têm a mesma rodagem de alguns companheiros, como Wagner e Martín Silva, além do defensor equatoriano.
Para evitar qualquer surpresa com árbitros, por exemplo, Erazo tem falado sobre o estilo de cara país na hora de apitar um jogo.
- Os juízes são diferentes. Quando é um juiz uruguaio, por exemplo, não vai apitar qualquer falta. Um colombiano já é mais parecido com o brasileiro. Essas coisas também jogam. Uruguaio, argentino, chileno e o equatoriano não aplicam qualquer falta. Tem de ser "falta-falta", mesmo. Falamos para os meninos ficarem espertos com isso, porque às vezes querem que a falta seja apitada, mas o jogo continua e eles ficam de cabeça abaixada - disse.
Se confirmar a classificação para a fase de grupos, o Vasco terá pela frente Racing, da Argentina, Cruzeiro e Universidad de Chile, do Chile. Erazo sabe que não terá facilidade, mas não está preocupado. O que o zagueiro quer, mesmo, é adversidades rumo ao sonho cruz-maltino da temporada.
- Vai ser mais difícil ainda, com times mais cascudos, caras experientes. Vai ser um grupaço, muito lindo de ver. Muito lindo. Para ser campeão, tem de jogar contra os melhores. Se o Vasco se classificar, e tenho certeza que vai ser assim, já tem de pensar lá na frente, porque o Vasco vai se dar muito bem - completou.
Leia, abaixo, outros trechos da entrevista com o zagueiro do Vasco:
Goleada contra o Jorge Wilstermann
- Acho que a preparação não é só dos 11 que estão jogando. A preparação é de todos. Quando alguém como eu sai, entra outro cara que também está preparado. Isso não é só com o Paulão, é com todos. Nosso grupo é muito bom, tem muita personalidade, além de meninos que têm personalidade. Isso é mérito do Zé, que colocou na cabeça de todo mundo que todos precisam estar preparados para jogar em alto nível. Estou feliz com isso e meu momento no Vasco. Acho que vamos chegar muito longe nas competições que vamos ter.
O que fala para os meninos
- Jogador brasileiro, quando é jovem, tem aquela ansiedade. Tem de controlar, porque no Brasileirão, na Copa do Brasil, no estadual é bem diferentes da Libertadores. Você enfrenta jogadores de qualidade, que partem para cima, e isso é bom, mas quando é Libertadores, por jogar com times de fora, Argentina, Chile, Equador, Venezuela, Peru, é diferente.
Vaga garantida?
- O Vasco está muito próximo. Mas sabemos da responsabilidade que temos. 4 a 0 é um resultado bom, mas se queremos brigar pelo título realmente temos de entrar como se estivesse 0 a 0. Se entrarmos pensando que está 4 a 0, eles vão fazer o primeiro, depois vem o segundo... E quando vermos, não vamos correr atrás com 2 a 0 para os caras. Psicologicamente seria bom entendermos que vai ser um jogo difícil, já pensando na fase de grupos, que vai ser complicada.
Como superar problemas da altitude
- Estamos treinando. Os nossos treinos estão sendo bem pegados. Bola rápida. Bola sai e já repõe. Agora foi bem pegado com isso. O Zé está insistindo muito nisso. Sabemos que vamos sofrer, porque com 4 a 0 eles não tem nada a perder. Estamos tranquilos, sabendo que vão abafar, que vamos cansar. Tomara que possamos fazer uma ótima partida e dosar a energia.
Se for arrancar, tem de ser para recuperar uma bola e não tomar gol ou fazer o gol. Mas, além disso, acho que é uma questão psicológica. Se você for pensando em altitude, altitude e altitude, vai cansar com 5 minutos.
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