Futebol

Com um ano de lei, Brasil conta com 24 SAFs, diz levantamento

A Lei da SAF instituiu a possibilidade de os clubes de futebol virarem sociedades anônimas há um ano. Neste período, o Brasil já tem 24 SAFs criadas para as diversas divisões, sendo os casos mais relevantes os de três clubes grandes, como Cruzeiro, Vasco e Botafogo. A previsão de agentes do mercado é de uma expansão do modelo, embora entendam que a formatação de clube associativo não vai morrer.

O levantamento sobre o número de SAFs foi feito pelo escritório Ambiel Advogados (veja a lista abaixo). Os Estados de Minas Gerais e Paraná são aqueles com maior número de clubes que se transformaram em sociedade anônima. Lembrança, a mudança de modelo não significa necessariamente que a SAF será vendida, embora seja o mais comum.

Um dos sócios do Ambiel Advogados, o advogado José Francisco Manssur foi coautor do texto original da Lei da SAF a pedido do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Sua visão é de que os efeitos da legislação acabaram superando os efeitos previstos originalmente.

"Em um ano, os efeitos e repercussões da aprovação da Lei da SAF são muito maiores do que mesmo nós, que redigimos o Projeto de Lei, poderíamos imaginar. Primeiro a SAF se incorporou ao vocabulário e discussões sobre futebol e hoje ocupa as conversas dos torcedores quase como os comentários sobre as substituições dos treinadores ou um erro de arbitragem. Nesse ponto, a imprensa teve um papel fundamental de trazer e explicar o tema ao público", explicou ele.

E completou: "E também superou muito nossas expectativas o número de clubes que já constituíram a SAF ou estão discutindo o assunto nos seus conselhos deliberativos ou entre os sócios, assim como a demanda reprimida de investidores nacionais e estrangeiros procurando clubes brasileiros para investir, o que não acontecia mais com as associações. Inclusive clubes e investidores assessorados por consultorias econômicas e escritórios de advocacia importantes."

Entre os clubes grandes que estudam a SAF, estão o Atlético-MG e Fluminense. Já o Bahia tem negociação avançada para criar uma empresa e venda-la para o Grupo City. América-MG e Coritiba também já criaram suas SAFs. Outro interessado no modelo é o Athetico-PR.

Já o sócio da Matix Capital, Danilo Caixeiro, entende que o Brasil deve ter no futuro um modelo híbrido com convivência de clubes associativos e SAFs. O executivo atuou nas intermediações das vendas das empresas de Botafogo e Vasco para a Eagle Holdings (John Textor) e para a 777 Partners, respectivamente. Para ele, essas operações serão referências de valores para futuros negócios.

"Meu chute é que vai ser híbrido e vai ter clube que não vai virar SAF. A maioria dos clubes vai se movimentar para isso. Talvez fique igual a Portugal, talvez até mais privado do que Portugal", disse ele. "Uma coisa é o mercado de M&A (Aquisições e fusões de empresas) no qual deve-se praticar os múltiplos já praticados, pegar times como Cruzeiro, Botafogo e Vasco como referência. Outra referência do tamanho do mercado é o valuation (avaliação da Liga para esse mercado", acrescentou.

O mercado viverá um segundo ciclo de investimentos em SAF em clubes de porte menor, na visão do sócio da Win The Game, Cláudio Pracovnick. Sua empresa também atua na intermediação e na consultoria sobre a transformação dos clubes em empresas, além de uma série de mecanismos para gerar financiamento e aumento de renda das agremiações.

"Entendo que estamos vivendo uma revolução, estamos vendo uma gênese de um novo momento do futebol brasileiro. E é uma gênese sem volta. Seja porque o mundo mudou nesse sentido, outros países e suas ligas, seja porque a porque a própria sociedade se cansou do modelo antigo. A prova disso foi a campanha dos torcedores, outrora avessos à chamada venda ou privatização dos clubes, e a campanha que eles fizeram a favor da venda dos clubes para investidores estrangeiros. O modelo antigo saturou", analisou Pracovnick

Para ele, não é imprescindível que um clube se transforme em SAF, mas, sim, que profissionalize sua gestão por meio de mecanismos de governança corporativos. Mas, na avaliação de Pravocnick, o modelo de sociedade anônima deve ser maioria entre os clubes em relação ao associativo no longo prazo.

"Conversamos com muitos investidores estrangeiros, o interesse é real. Ainda cauteloso, mas real. É natural que em um primeiro momento os clubes grandes em dificuldade fossem os principais alvos porque o retorno ali, com o advento de uma Liga de Futebol que entendo ser inexorável que venha a acontecer, o retorno é muito mais rápido", analisou.

Agora, Pracovinick vê um outro ciclo de SAFs. "Uma segunda leva está em andamento. Me parece, pelo que tenho falado com investidores, é uma leva mais voltada para clubes menores, mas que estejam mais organizados. Neste caso, o investidor busca não o engajamento, mas o elemento de monetização será a exportação do talento brasileiro."

Veja abaixo a lista de clubes que já viraram SAFs:

AC

SANTA CRUZ ACRE ESPORTE CLUBE S.A.F.

DF

GAMA SOCIEDADE ANÔNIMA DE FUTEBOL

GO

CENTRO OESTE FUTEBOL CLUBE SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL

MG

BOSTON CITY FUTEBOL CLUBE BRASIL S.A.F
A.C. ESPORTES S.A.F.
AMÉRICA FUTEBOL CLUBE SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL
CRUZEIRO ESPORTE CLUBE - SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL
ITABIRITO SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL

MT
CUIABÁ ESPORTE CLUBE - SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL
NOVO MIXTO ESPORTE CLUBE - SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL

PB

CENTRO SPORTIVO PARAIBANO - CSP S.A.F.

PE

FLAMENGO SPORT CLUB DE ARCOVERDE SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL

PR

MARINGÁ FUTEBOL CLUBE S.A.F.
PARANÁ CLUBE - SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL S.A.F.
CORITIBA SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL
KRAKATUA FUTEBOL - SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL
P8 FUTEBOL - SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL

RJ
S.A.F BOTAFOGO
MIGUEL PEREIRA ESPORTE CLUBE - SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL
VASCO SAF

RN
CLUBE LAGUNA SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL

RS
CLUBE FUTEBOL COM VIDA S.A.F.

SC
FIGUEIRENSE FUTEBOL CLUBE S.A.F
HERCÍLIO LUZ FUTEBOL CLUBE S.A.F.

SP

PINDA FUTEBOL CLUBE SOCIEDADE ANÔNIMA DE FUTEBOL

Fonte: Blog do Rodrigo Mattos - UOL Esportes