Com o Atlético-PR, Lopes reencontra o Vasco; Esposa fica na bronca
As chuteiras dos tempos de treinador estão penduradas. E, nas paredes de São Januário, os quadros de times imortais. Antônio Lopes, agora diretor executivo do Atlético-PR, volta hoje ao estádio, ao encontro das fotografias que revelam a pose de campeão de um dos maiores técnicos da história do clube. Naquele gramado de tantas conquistas, o Vasco, que foi do Professor Lopes, enfrenta hoje o seu Atlético-PR, a partir das 18h30m.
A nostalgia é anterior a 2008, ano em que Lopes, demitido, deu adeus ao Vasco. Cinco anos depois, com o currículo valorizado por cursos de gestão e marketing esportivo, o agora diretor tem uma visão diferente do estádio que tantas alegrias lhe deu. Seu atual clube, o Atlético-PR, jamais venceu o Vasco em São Januário. Em 16 jogos, foram 12 derrotas e quatro empates.
A história reserva amarguras, mas o presente é animador: há 11 partidas do Campeonato Brasileiro, o Atlético-PR não sabe o que é perder. Está em segundo lugar na competição, com 33 pontos, dez a mais do que o Vasco. O que não tranquiliza Antônio Lopes. Apesar da folga na tabela e de não mais usar uniforme de treinador, o diretor conserva o rigor dos velhos tempos, quando tinha por hábito não se contentar com pouco.
— É cedo. O Campeonato é muito extenso. Vai ser muito difícil manter a regularidade até o fim. É perigoso - alerta, com a prudência adquirida nos tempos de delegado na década de 70. — Crescemos muito cedo. Mas estamos fazendo uma boa gordura — admite.
Pelo Vasco, Lopes também administrou gorduras. Tanto que colecionou títulos nas suas passagens por lá: três Cariocas (1982, 1998 e 2003), um Rio-São Paulo (1999), um Brasileiro (1997) e uma Libertadores da América (1998). Por essas e outras, apesar de o Atlético-PR jamais ter se saído bem em São Januário, aquela casa é também de Antônio Lopes.
Sua mulher, porém, não se sente mais bem-vinda à casa. Elza, que sempre acompanhou Lopes, assistirá ao jogo pela televisão. Torcerá, claro, pelo Atlético-PR.
— Não boto mais os meus pés lá. Aquela torcida chamou meu marido de burro, mesmo depois de ele ter sido campeão carioca. Aliás, queiram ou não, o Vasco foi campeão estadual pela última vez com ele, em 2003. Essa aí eles têm que engolir — lembra, tomada por mágoa e orgulho.
Fonte: Extra