Futebol

Com ausência de ídolos, Vasco aposta em prestígio de Autuori

Dedé foi o último a sair, mas não apagou a luz. Pelo menos é o que diz a diretoria do Vasco. Sufocados por um mar de dívidas, que levam a cobranças imediatas e penhoras de bens, os dirigentes procuram uma alternativa para tirar o clube da crise, que já não é apenas financeira, mas também técnica. Antes do Mito, outros ídolos deixaram a Colina: Juninho Pernambucano, Felipe e até mesmo o goleiro Fernando Prass, que era contestado por parte da torcida. Sem ter onde encontrar essa liderança dentro de campo, a aposta da cúpula de futebol foi feita no técnico Paulo Autuori, consagrado após quase 30 anos de carreira.

Antes da chegada de Autuori, foi colocada nos ombros de Carlos Alberto e Dedé a responsabilidade de segurar as pontas no Vasco. Com a saída do zagueiro para o Cruzeiro, sobrou para o camisa 10, o jogador de maior reputação do plantel. Bem no início do Campeonato Carioca, Carlos Alberto viu seu rendimento cair no decorrer da competição. Por último, o exame antidoping realizado após a partida contra o Fluminense, ainda na Taça Guanabara, apontou o uso de duas substâncias proibidas – hidroclorotiazida e carboxi-tamoxifeno – e o meia pode ficar até dois anos suspenso do futebol.

A verba recebida por Dedé foi gasta em poucas horas, no pagamento de salários atrasados de funcionários e jogadores e de outras cobranças feitas na Justiça. Sem caixa para contratar grandes nomes, coube à diretoria a tática de realizar trocas e empréstimos de atletas para reforçar o elenco. O diretor executivo René Simões acredita que, apesar da escassez de recursos, ainda vai conseguir “molhar o bico” da torcida e cita a contratação de Pauo Autuori como exemplo de superação.

- Ainda tem outras coisas para acontecer para molhar o bico da torcida. Talvez ainda nada da ordem de toda a grandeza do Vasco, mas coisas interessantes, sem dúvida – disse René, que ainda falou sobre a possibilidade de contratar Hélton, ídolo da torcida cruz-maltina e campeão da Mercosul pelo clube em 2000 - Não desistimos do Helton. Seria mais um jeito de molhar o bico da torcida após a chegada do Paulo Autuori. Estamos correndo atrás.

A chegada de Autuori elevou a moral dos dirigentes cruzmaltinos. Mesmo com todas as dificuldades que o clube tem, foi possível trazer o treinador, que é considerado um dos melhores do futebol brasileiro. Na apresentação do novo comandante, René chegou a dizer que era um sonho realizado. A consagrada imagem do treinador passou a servir de escudo para a diretoria, enquanto reforços de alto nível não chegam. A presença de Paulo em São Januário representa, pelo menos para os dirigentes, a certeza de que é possível trazer grandes profissionais, apesar da crise financeira.

Nessa linha, René trabalha incessantemente para contratar jogadores. O telefone não para de tocar. A agenda está lotada de reuniões e viagens para observações. Por enquanto, a principal contratação do dirigente foi justamente a do treinador. Para o time, foram 12 ao todo, mas nenhum grande nome. O último a chegar foi o meia Alisson, do Cruzeiro, envolvido na negociação que levou Dedé para o clube mineiro.

Nesta semana, mais dois nomes devem ser anunciados. Entretanto, a diretoria prefere mantê-los em sigilo para evitar que as negociações sejam atrapalhadas. Além disso, a reação da torcida a cada nome especulado preocupa. Na negociação com o goleiro Julio Cesar, do Corinthians, por exemplo, torcedores usaram redes sociais para protestar contra a chegada do jogador.

Em reformulação, o elenco do Vasco conta com 31 jogadores. Alguns devem deixar o clube e outros devem ser contratados. A chegada de um grande craque para assumir a liderança dentro de campo, no entanto, parece ainda um sonho distante.

Fonte: Manchete Online