Colunista sobre Luis Fabiano: 'Pode ser muito útil ao Vasco'

"A caminho da Cidade Maravilhosa...

Falta pouco...

Vasco da Gama.

Está chegando a hora.

O kaô só começou, o Fabuloso chegou."

Para acompanhar a mensagem no seu Instagram, o jogador colocou, com orgulho, um trecho do funk que MC Charles criou em sua homenagem, o 'Funk do Fabuloso'. Está mais do que evidente que a atacante adorou.

Faltava mesmo pouco.

Sua contratação acaba de ser confirmada.

Mas é bom Eurico Miranda se informar sobre o passado do atacante.

Para ter ótimo futuro.

E adotar a psicologia básica esportiva.

É simples, básico para explicar.

Há atletas que rendem pressionados, desafiados.

Outros só conseguem bom desempenho sem cobrança.

E há aqueles que precisam de elogios, se sentirem especiais.

Esse é o caso de Luis Fabiano.

Nos seis clubes nos quais o atacante atuou, seu melhor desempenho esteve intrinsecamente ligado à boa relação com dirigentes, técnicos, torcida. É um atleta que precisa se sentir valorizado para se desdobrar em campo. Relações frias ou ruins com quem o comanda ou quem torce por ela o acabam sabotando em campo.

Agiu assim também na Seleção Brasileira.

Ele é absolutamente emocional.

Sempre foi assim, desde os primeiros jogos na Ponte Preta. Dizia que 'dava a vida' no Moisés Lucarelli para retribuir o carinho. Tanto que jurou encerrar sua carreira onde começou. O contrário aconteceu no Rennes. Na França, no pequeno clube que o contratou como investimento, para render mais em futura venda, se sentiu 'mais um' e foi muito mal. Queria voltar ao Brasil.

As suas duas passagens pelo São Paulo. A primeira, aconteceu entre 2001 e 2004.

No auge de sua forma, foi tratado de forma muito especial. Bem diferente do que aconteceu na França. E se desdobrou. Jogador vigoroso, forte, oportunista, um artilheiro nato. Seus pecados: o gênio forte, incapaz de aceitar provocações, custaram expulsões infantis. E também nos jogos mais importantes, seus gols sumiam.

Logo no Morumbi se percebeu.

Quanto mais críticas, mais cobranças, pior seu futebol.

Treinadores e dirigentes passaram a ter mais cuidado.

E ele foi assim para o Porto.

Foi campeão mundial em 2004.

Mas o velho sentimento que o dominou no Rennes voltou.

Não foi tratado de maneira especial.

E logo tratou de aceitar o convite do Sevilla.

Seria um trampolim para o Real Madrid, Barcelona.

Ele teve fases ótimas, que esteve mesmo perto de uma grande transação.

[3reproducao4 O Vasco da Gama contrata o artilheiro mais emotivo do futebol brasileiro. Luís Fabiano. Se Eurico Miranda e Cristóvão quiserem seus gols e sua alma, o caminho é mimá lo. O retorno é garantido...]

Mas a direção do Sevilla sempre pediu muito alto.

Luís Fabiano não forçou sua venda.

Se sentia em casa na Andaluzia.

Foram seis anos, até que parou de render tanto.

E o São Paulo quis trazê-lo de volta, em 2011.

Detalhe fundamental.

O Corinthians fez uma proposta até mais alta.

Só que Luis Fabiano não aceitou.

Em nome de tudo que havia vivido no clube.

E pelos telefonemas de Rogério Ceni, pedindo seu retorno.

A felicidade estava estampada naquele 29 de março de 2011.

O Morumbi recebia 45 mil torcedores só para desejar boas-vindas.

Juvenal Juvêncio estava exultante.

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Mas Luis Fabiano tinha um inimigo poderoso no Morumbi.

Leco.

Carlos Augusto Barros e Silva queria um atacante mais novo.

E menos problemático.

No seu retorno ao Morumbi, tinha 30 anos.

E seguia muito irritadiço.

Com árbitros e jogadores adversários.

Virou o recordista de expulsões na história do São Paulo.

Juvenal Juvêncio foi sucedido por Carlos Miguel Aidar.

E os questionamentos ficaram mais sério.

Seu espaço foi diminuindo.

Até que Aidar renunciou e quem assume a presidência?

Leco.

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Estava decidida sua saída.

Carlos Augusto Barros e Silva nem disfarçou.

Não teve o trabalho de conversar avisando que não interessava.

Diante do constrangedor silêncio, Luís Fabiano entendeu.

Iria embora, pela porta dos fundos do Morumbi.

Nada de despedida, carinho de torcida, de diretoria, nada.

"A relação com o Juvenal era especial. Porque ele era meio maluco que nem eu, e dois malucos se entendem. Talvez o Juvenal me chamasse pra conversar (para falar sobre renovação ou dispensá-lo). Mas o Juvenal não é mais o presidente do São Paulo...", dizia, perto de ir embora, em novembro de 2015.

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Fez questão de, ao esvaziar seu armário, levar uma foto sua.

Com a camisa do São Paulo.

Amigos confidenciam que ele ficou muito magoado.

Afinal, foi o terceiro maior artilheiro da história do clube.

Foram 138 gols.

Ficou atrás apenas de Serginho, o primeiro com 242 gols, e Gino, o segundo 233.

Vanderlei Luxemburgo sabe muito bem como lidar com o caráter dos jogadores.

E o tratou com todo o carinho que faltava no Morumbi.

O chamando de 'meu artilheiro' o convenceu a jogar na China.

Na Segunda Divisão.

Carinho e mais salário de R$ 1 milhão mensais.

A diretoria do Tianjin Quanjian logo se cansou de Luxemburgo.

Foi demitido por incompetência.

O time estava indo mal demais.

Luís Fabiano ficou muito abalado sem o apoio de Luxemburgo.

Mas ficou até o final da temporada.

Fez 23 gols em 29 jogos.

Foi campeão e artilheiro.

Acabou escolhido como melhor jogador da Segunda Divisão.

Seu contrato era de um ano.

Mas havia uma cláusula de renovação automática para 2017.

Luís Fabiano poderia ficar mais um ano.

Só ele queria voltar para o futebol brasileiro.

O italiano Fábio Cannavaro não o mimava como Luxemburgo.

O Tianjin Quanjian comprou Alexandre Pato para o seu lugar.

O atacante negociou por dois meses com os chineses.

E recebeu um bom dinheiro para não exigir 12 meses de salário.

Luís Fabiano estava a ponto de cumprir a palavra empenhada ao seu avô.

Milionário, se preparava para encerrar a carreira na Ponte Preta.

Até que Eurico Miranda enxergou no artilheiro a chance de ter um ídolo.

E razoavelmente barato.

Vivido, usou com sabedoria a carência de Luis Fabiano.

O tratou de maneira especial.

Mostrou que o clube ganharia um status especial com sua chegada.

E finalmente hoje, a contratação foi fechada.

Ele está em ótima forma e pode ser muito útil ao Vasco.

Até pelo baixo nível do futebol brasileiro, ainda mais do Campeonato Carioca.

A adulação ao artilheiro já começou.

O twitter oficial do clube cruzmaltino fez seu papel.

"Hoje é um dia Fabuloso, hein torcida vascaína?", publicou.

Eurico e Cristóvão já sabem.

Se quiserem ter um jogador empenhado, dando a alma em campo...

O caminho é fácil.

Cuidar do ego de Luís Fabiano.

Fazer com que se sinta o atacante mais importante da história do Vasco.

Mimá-lo.

Aí, o retorno será garantido.

Ele ainda pode fazer muitos gols no carente futebol deste país...

Fonte: Blog do Cosme Rimoli