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Colunista faz análise das receitas do Vasco

Na coluna anterior (clique aqui para ver) falei sobre o histórico dos resultados financeiro apresentado e publicados do clube de 2003 até 2014. Para relembrar, apresento novamente o gráfico da evolução da receita apresentado nestes anos.

aumento da receita é substancial e bem acima da inflação do período, então podemos entender que não houve apenas uma correção dos valores, mas sim um aumento real e substancial das receitas no período compreendido entre 2003 e 2014. O salto desse aumento acontece principalmente no ano de 2011 e o principal motivo foi o aumento da cota de televisão. Nesse momento não entro no mérito se o valor foi negociado abaixo ou acima do valor merecido pelo clube, mas apenas atento ao fato do aumento no valor da cota de TV.

Voltando ao aumento da receita, se pegarmos o índice IPCA (que é o índice mais usado como indicador de inflação) temos uma variação de 99,03% no período de janeiro/2003 até dezembro/2014, ou seja, uma variação de quase 100% no período. Fazendo uma conta grotesca, podemos chegar à seguinte conclusão: receita de 2003 foi 36 milhões; se fosse simplesmente corrigido pelo IPCA, o valor de 2014 deveria ser 72 milhões, sendo que neste ano a arrecadação foi de 124 milhões, o que representa um ganho real de 52 milhões, ou seja, um salto de 70% em relação ao valor corrigido pela inflação. Podemos concluir que o aumento da receita do clube está bem acima da inflação e deveria ter sido uma situação muito benéfica ao clube.

Nos Balanços Patrimoniais apresentados pelo clube até 2010, as contas de receitas não estão especificadas por área, sendo muitas receitas condensadas em uma conta denominada Futebol Profissional. Com isso, não poderemos analisar a variação da cota de televisão, bilheteria, marketing, vendas ou empréstimos dos direitos federativos e licenciamentos nesse período, mas a partir de 2010 podemos entender a variação conta a conta.

No Balanço Patrimonial de 2014 apresentado pelo Vasco reproduzo a representação de cada receita no total de 129 milhões. Lembrando que no balanço patrimonial é apresentado o valor de 124 milhões porque aproximadamente 5 milhões foram deduzidos da receita através de  impostos e contribuições.

O que podemos observar deste gráfico é a total dependência do Vasco das cotas de televisão, afinal esse valor representa 56% da receita total do clube neste ano. Nos clubes europeus podemos ver a menor dependência dos clubes sobre a cota de TV, uma vez que existem outras fontes de renda a ser explorada.

No quadro abaixo apresento como funciona a divisão das receitas dos maiores clubes do mundo separados em três categorias, Matchday (dia de jogo), Broadcasting (direitos de transmissão) e Commercial (marketing, venda de jogadores, etc).

Na receita do dia de jogo é incluído bilheteria, venda de refeições, venda de artigos esportivos, entre outras pequenas receitas que acontecem nos dias de jogos em casa.

Em relação ao direito de transmissão é a única fonte de receita que o clube não tem como mudar muito no curto prazo.

O comercial é composto de inúmeras fontes como marketing, patrocínio, vendas de produtos licenciados, abertura de lojas oficiais, placas de publicidade, vendas de jogadores, receita do quadro social, entre outras. Não é preciso dizer que é nessa área que o Vasco necessita investir, uma vez que requer menos investimento de capital e o retorno é o mais rápido.

O gráfico 04 é bem interessante porque compila uma analise sobre a média das divisões de receitas dos clubes europeus. Nesse gráfico podemos ver a distribuição da receita quase igual entre as 3 principais atividades.

Gráfico 04 – fonte: http://mardelcardoso.blogspot.com.br/2014/08/enquanto-tomamos-de-sete-receita-dos.html

Gráfico 05 – Fonte: Balanço Patrimonial de 2014 publicado pelo Club de Regatas Vasco da Gama

É possível observar que as três fatias estão equilibradas nos principais clubes europeus e o Vasco refém dos direitos da cota de televisão.

A boa notícia é que como o Vasco está em péssima situação financeira, qualquer melhoria aumentará substancialmente as receitas que não vêm sendo bem exploradas. Um clube como o Vasco não pode arrecadar somente 4 milhões de reais por ano com sócios e 3 milhões por ano de licenciamento. Somos o único clube no Rio de Janeiro com estádio próprio e isso não está sendo bem explorado. É importante a participação do torcedor e do sócio no aumento dessa receita e é obrigação do clube ir atrás deles e conhecer o motivo do afastamento da torcida e do sócio do clube.

Caso o clube não aumente rapidamente sua fonte de receita, a falência do clube será iminente, pois já estão sendo esgotadas todas as fontes de receitas. Quando o clube começa o processo de falência, as fontes de receitas tendem a diminuir, pois as empresas não querem ter associadas sua imagem a uma entidade decadente, então menos dinheiro entra no clube e assim se cria um círculo vicioso até que a entidade tenha seu fim decretado. Hoje, esse é o ritmo do Vasco.

Uma mudança de imagem e mentalidade se faz mais do que necessário. O clube precisa se modernizar, não só de tecnologia, mas de ideias, pessoas e atitudes modernas para que saia desse círculo vicioso de falência. A transparência nesse caso é fundamental, pois não podemos resolver um problema jogando-o para debaixo do tapete. Hoje, nem o próprio clube sabe o tamanho do problema e isso é muito preocupante.

As ações para solução dos problemas devem partir exclusivamente da administração do clube, pois são estes que detém o poder da caneta. Não existe a invenção da roda, então podemos pegar modelos que funcionam e aplicá-los à realidade do Vasco que obviamente possui suas especificidades como todos os clubes no mundo.

Em breve teremos outros artigos mais detalhados sobre receitas, detalhamento e sugestões para otimizar as receitas do clube. Um clube da nossa dimensão, não pode apresentar estes valores.

Saudações vascaínas e até a próxima

Fonte: Cruzada Vascaína