Coleção voltada para mulheres ainda tem pouca adesão
Com o propósito de fomentar questões de gênero no esporte, o Vasco lançou em julho uma coleção de artigos esportivos pensada exclusivamente para o público feminino. A pesquisa mais recente do Datafolha aponta que o clube tem a quinta maior torcida feminina do Brasil.
A coleção, que ainda enfrenta problemas de adesão, também tem o intuito de apoiar o time feminino do Vasco, com 10% do valor arrecadado direcionado às Meninas da Colina.
O Vasco vive situação delicada e vai disputar a Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro Feminino no próximo ano depois de ser rebaixado no último sábado. A ação, portanto, visa gerar receita para a categoria, que sofre com a falta de investimento nos últimos anos.
O clube conseguiu resolver alguns problemas devido a parceria com a empresária Carol Paiffer, que levou duas empresas que fazem parte de sua rede de investimentos ao time feminino. A "Deixa Ela Treinar", por exemplo, é quem toca a iniciativa da nova coleção com o Vasco.
- Necessitamos de igualdade de gênero no esporte. Já é hora de termos uniformes e produtos pensados para nós mulheres, que contenham nossa identidade, há tempos não cabe mais nos adequarmos dentro do que foi pensado para o público masculino. Além disso, essa linha é uma das formas de afirmarmos que enquanto mulheres, podemos sim torcer, frequentar estádios e ter conhecimento sobre o futebol, sem que sejamos desrespeitadas por isso - disse Fernanda Dias Coelho, CEO da marca esportiva.
Um dos grandes problemas enfrentados pela categoria até o ano passado tinha relação com o fornecimento de uniformes, com cada atleta tendo apenas um uniforme de treino, que deveria ser usado em todos os trabalhos da semana. A nova parceira ficou responsável por ceder as vestimentas para os treinos, jogos e lazer. A empresa é 100% liderada por mulheres.
A parte mais difícil para a marca está sendo emplacar a ideia com a alegação de lojistas de que acessórios femininos vendem pouco. A ideia do Vasco é engajar os torcedores vascaínos, que aderiram muito bem, por exemplo, à camisa lançada no mês do Orgulho LGBTQIA+. Os produtos podem ser adquiridos não só pelo público feminino, mas também por homens, que têm bonés e meias como opções na nova coleção.
O futebol feminino do Vasco tende a receber mais investimento a partir do segundo semestre deste ano. Isso porque a categoria também ficará sob responsabilidade da 777 Partners, grupo americano em vias de adquirir 70% da SAF vascaína. Com a expectativa de o negócio ser aprovado no início de agosto, todo o futebol do clube será assumido pelo investidor.
Pesquisa do Ibope indica que as mulheres representam 44% da base de torcedores no futebol brasileiro, mesmo assim ainda precisam enfrentar um ambiente hostil. O assédio ao público feminino é uma triste realidade nos estádios do Brasil, e o combate ao preconceito e à violência contra as mulheres nos estádios é dever dos clubes, que precisam criar ações também fora de campo para acolher as torcedoras.
No Rio de Janeiro é lei a campanha permanente de combate ao assédio e à violência sexual nas arenas fluminenses, divulgadas no telão e nos alto falantes nos intervalos dos jogos. A legislação também prevê a divulgação de políticas públicas voltadas para o atendimento das vítimas, treinamento de funcionários sobre o tema e a disponibilização das câmeras dos estádios para reconhecimento e identificação de infratores, contribuindo para a efetivação da denúncia junto aos órgãos de segurança.
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